1) Posso não ser historiador, no sentido de que muitas das fontes documentais me são inacessíveis. E ainda que tenha acesso a elas, eu necessitaria de conhecimento paleográfico, o qual só posso adquirir fora do Brasil. Como, no momento, não tenho condições de ir para outros lugares e tomá-los como parte do mesmo lar em Cristo, então não posso ser historiador, no sentido de lidar com documentos históricos.
2) Então, qual foi o caminho que me restou? Analisar a História do Brasil sob o respaldo dos trabalhos dos professores Olavo de Carvalho e Loryel Rocha, que lidam com obras de pessoas que lidaram com documentos. Quanto mais os ouço, mais vou encontrando subsídios para as minhas reflexões e assim vou especulando sobre outras coisas, cuja confirmação depende da análise documental, coisa que não tenho condição de fazer.
3.1) Como a especulação leva a uma possibilidade, então ela tem carga literária, pois fomenta imaginação. Por se fundar na realidade, que pode ter acontecido ou não, então ela acaba dando margem para o ensaio.
3.2) Ainda que a prova documental mostre em realidade que tal possibilidade não tenha acontecido, isso não nega a possibilidade de que poderia ter acontecido o contrário daquilo que está posto no documento, o que faz com que a História seja maior do que os documentos, os monumentos do passado. Ela não leva a qualquer lugar, como disse Claude Lévi-Strauss - se fosse assim, as coisas iriam descambar numa farsa, fundada no fato de se conservar o que é conveniente e dissociado da verdade, o que é pseudocientífico. Se a História levasse a qualquer caminho, então fatalmente poderia levar ao non sequitur, o que faria com que a busca pela verdade fosse voltada para o nada, o que fomentaria relativismo moral.
3.3) Não é à toa que a historiografia tradicional era intimamente ligada à literatura. Se a pessoa não tiver imaginação para ver o contrário, o que poderia ter acontecido, ela certamente não compreenderá o que realmente ocorreu.
3.4) Por incrível que pareça, eu passei a dar mais importância a isso depois que comecei a ouvir o professor Olavo sobre a importância de se ler literatura séria. É se lendo literatura séria que você faz um bom trabalho de filósofo ou mesmo de historiador.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 14 de setembro de 2017.
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