Pesquisar este blog

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Antes de tomar o país como um lar, colete dados de experiência prévia e observe o estado da questão sendo debatido

1) É muito bom estar na rua colhendo dados diretamente da experiência relevante. Mas há momentos em que estamos correndo o risco de arrombar portas abertas - para se fazer uma experiência de campo segura, você precisa observar quem começou o caminho antes de você, pois antes de você há um estado da questão sendo debatido, o qual precisa ser conhecido previamente.

2) Por exemplo, para se tomar o Chile como um lar, você vai precisa conhecer a experiência prévia. Se há alguém na família que esteve lá, esta é a melhor fonte, pois a família constitui a Igreja doméstica, a pequena comunidade dos que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento. E esta é a pedra angular de uma experiência segura e proveitosa - e científica também.

3) Se alguém na família fez amizade com os locais, use esses locais como referência. Com o tempo, você vai criando toda a infraestrutura para poder estar lá e comparar com o que há no Brasil - e aí você vai passando essa experiência a quem realmente necessita dela.

4) O ser que é reservado é um colonizador - e a colonização, para produzir resultados, necessita de segurança e apoio logístico de quem é local. Ele não sai conquistando, como faz o extrovertido - e ele vai servindo, pois sabe que a verdadeira riqueza está nas conexões que você consegue fazer de modo a poder se expandir de maneira discreta e sem fazer muito alarde. O mundo que vivemos é um mundo traiçoeiro - e como disse Sua Santidade, o Papa Emérito Bento XVI, devemos viver como os primeiros cristãos.

5.1) A questão de tomar o país como um lar junto com a sua terra de origem parte da ética das catacumbas. Há um fundo de mistério que precisa ser respeitado, pois há coisas que não compreenderemos no começo, mas a graça divina vai revelando as coisas com o desenrolar do tempo. 
 
5.2) Quem é humilde sempre respeitará o que não pode ser compreendido - até porque a fé é necessária antes de se ter uma boa razão para explicar essas coisas para quem as desconhece. E a melhor prova de fé que se pode ver é a coisa te lembrando de que isso não pode ser esquecido, posto que isso se funda na conformidade com o Todo que vem de Deus.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 15 de junho de 2017.

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Notas sobre nacionidade, gratidão e sobre a razão pela qual o apátrida nascido nesta terra é ingrato

de cujus - aquele de cuja sucessão se trata (terminologia jurídica)

dziękuję - obrigado (em polonês)

1) Quando uma pessoa prudente e responsável falece, ela deixa uma lei pessoal que regerá a sucessão de seus bens, no momento de sua morte. É a lei pessoal do de cujus, cujo instrumento, para a execução da última vontade, é o testamento.

2) Se alguém que ama e rejeita as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento receber um legado - um bem específico, por força de testamento -, isso é um indício de que você recebeu por liberalidade uma liberdade dentro das forças herança recebida. Por isso, você dirá ao Pai que se encontra no Céu: dziękuję. Afinal, você foi um bom amigo - e ele por generosidade te dará algo útil e que você vai cuidar dele como se fosse seu, por força da memória do amigo falecido.

3) São coisas como essas que fazem o país ser tomado como se fosse um lar em Cristo.

4) Quando se fala que o apátrida nascido nesta terra é ingrato, isso pode ser explicado por conta da secessão que houve em 7 de setembro de 1822 e de toda uma falsificação histórica conseqüente (e inconseqüente) que foi criada de modo a renegar a missão que herdamos em Ourique. Se o apátrida é infiel no macro, imagine no micro? Os legados todos serão dissipados.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 14 de junho de 2017.

terça-feira, 13 de junho de 2017

Como são manipulados os símbolos culturais de uma nação? O caso do dia dos namorados no Brasil

1) O fato de Santo de Antônio de Pádua ser "santo casamenteiro" é parte do folclore popular, pois parte de uma narrativa simbólica tomada como se fosse verdade (tomada como se coisa, no pensamento de Dürkheim). Mas essa narrativa simbólica, até onde pude ver, não se funda em fatos que decorreram da vida de Santo Antônio. Ela é uma lenda - deve haver algum fundo de verdade, ainda que isto não esteja fundado em algum lastro documental. Muitos historiadores ainda estão investigando a vida de Santo Antônio com base em indícios documentais, mas não conheço, até onde sei, prova inequívoca, documentalmente falando, de que ele fosse de fato santo casamenteiro.

2) Embora o namoro seja a primeira etapa do casamento, essa narrativa foi construída em cima de uma narrativa popular, pois aqui Santo Antônio é mais popular do que São Valentim. Mais grave ainda é o lema da campanha: amor com amor se paga, em que se confunde de propósito a benevolência com a concupiscência, que é própria do comércio.

3.1) O fato de São Valentim não ser popular aqui - segundo o pai de João Dória, que criou o dia dos namorados - não quer dizer que ele seja menos santo do que Santo Antônio.

3.2) Na verdade, São Valentim é um verdadeiro herói da cristandade porque deu sua vida para que os namorados pudessem se casar e constituir uma família. E como morreu de maneira heróica, ele deveria ser lembrado, pois sua causa foi justa, fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus, mas não é. Isso se explica porque as virtudes heróicas não são aqui cultivadas, como bem apontou o professor Olavo de Carvalho. E isso faz com que esse legado seja voltado para o nada, para os vermes, o que fomenta apatria.

4.1) Quando digo para os cientistas políticos estudarem a simbólica e a forma como os marketeiros manipulam isso, isso nos permite ver como as coisas são sutilmente construídas com base em algo voltado para o nada.

4.2) Descristianiza-se - ainda que sob uma roupagem de cristianismo - de modo a fomentar paixões concupiscentes e não benevolentes, o que estimula o amor ao dinheiro e não o amor a Deus. E onde se ama mais o dinheiro do que a Deus, o Estado tende a crescer, pois tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele.

5) O pai de João Dória era socialista. E certamente sabia muito bem manipular a simbólica e os aspectos culturais - e isso ele deve ter aprendido com Gramsci. Isso explica o comportamento marketeiro do filho, que é socialista fabiano.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 13 de junho de 2017.

Crônicas do marketing político (ou da mentira repetida até tornar-se verdade, segundo Goebbels)

1) João Dória, o atual prefeito de São Paulo, é marketeiro.

2) Ele aprendeu com o pai - o pai inventou o dia dos namorados no Brasil.

3) O dia dos namorados aqui não é celebrado no dia de São Valentim, como o ocorre em todos os lugares do mundo, até mesmo nos EUA, uma nação que não é católica. Como a data aqui foi criada por meio de propaganda, então ela nasceu descristianizada, destituída de uma razão de ser verdadeira, fundada no martírio de alguém que deu a vida para que os amantes pudessem se casar e constituir uma família.

4) Lula falou, quando assumiu a presidência, que presidente deve ser marketeiro. As campanhas eleitorais são dirigidas por marketeiros. E o atual prefeito de São Paulo, capital, é especialista nisso.

José Octavio Dettmann

Uma meditação sobre o patrimonialismo

1) Eu estava aqui meditando sobre a Teoria Geral dos Descobrimentos Portugueses, do Jaime Cortesão. 

2) Se Jaime Cortesão aponta que a grandeza de Portugal está no sentido de se casar o interesse nacional à causa universal de Cristo, então certamente houve um ponto de contato entre a nacionidade e a nacionalidade. 

3) A partir do momento em que a sabedoria humana começou a influir demais, de modo a afastar a sabedoria divina, a nacionalidade - o interesse em se consolidar a soberania do Estado português a todo e qualquer custo, através da riqueza do príncipe - prevaleceu sobre a nacionidade, esvaziando a força vitalizadora que fazia Portugal se lançar sobre o mar e fincar a civilização nos confins da Terra, o que faria com que Portugal perdesse seu sentido como pátria, já que Cristo nos enviou em missão para isso.

4) Duas foram as causas: a obsessão pelo sigilo, pelo monopólio dos mares e o instinto forte de sobrevivência, já que Portugal era um país pequeno, em face do poderio espanhol. Esse instinto de sobrevivência tornou-se uma obsessão, uma doença do espírito, o que dá causa para se confundir o país tomado como um lar como se fosse uma religião. 

5) A partir do momento que se toma a soberania até as últimas conseqüências, cuja medida se dava através da riqueza do príncipe, tem-se o patrimonialismo na sua modalidade mais pervertida - e é isso que caracteriza os abusos e as tiranias por que passamos. Isso é um vício endêmico de nossa civilização. 

6) Esse vício inerente aperfeiçoou-se na República e por isso temos o que temos. 

7) Examinando do ponto de vista histórico, a monarquia não é o atraso, pois o pecado decorreu da circunstância e tinha aspecto acidental. Com o acúmulo desses pecados com o passar do tempo e com a pregação sistemática da mentira como verdade, coisa essa que se deu no Iluminismo, temos aí a gênese da nossa tragédia. 

8) A República, por causa dessa pregação sistemática que lhe deu origem, é pecado mortal e sistemático - por isso, devemos afastá-la. 

Estas são algumas reflexões que tive, mas ainda não estão maduras. 

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 13 de junho de 2016 data da postagem original).

Nota: o texto foi originalmente escrito em 2014, mas eu o mantive inédito. Só agora eu decidi publicá-lo.

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Notas sobre a relação entre patrimonialismo e distributivismo, tendo por fundamento o que foi edificado em Ourique

"A cultura bacharelesca tem raízes na dependência financeira da nobreza ao carguismo público real. O seu prestígio social se baseia no carreirismo estatal." Tiago Barreira

Comentários:

1) A nobreza decorre da realeza. Os que colaboram com o vassalo de Cristo na missão de servir a Cristo em terras distantes recebem a liberdade de tomar o mundo português como um lar enquanto bem servirem ao vassalo, que serve bem a Cristo. É um tipo de distributivismo.

2) O soberano é patriarca tanto em casa quanto fora dela, já que o povo que está sujeito sob sua proteção e autoridade é tomado como parte da família do soberano. Se Cristo fez de D. Afonso Henriques Rei, então ele é regente desse povo que foi escolhido por Deus de modo a servir a Cristo em terras distantes, já que Portugal foi fundado para propagar a fé cristã.

3) As universidades são centros estratégicos, pois preparam os melhores para a missão que herdamos em Ourique. E isso é parte da alta cultura.

4) O dinheiro é fruto de trabalho. Riqueza é construída quando se faz da vocação uma forma de servir a Cristo em terras distantes - e isso conecta o trabalho da nobreza ao trabalho do povo. Criando uma aristocracia distribuída.

5) Quando essa conexão de sentido é perdida, o Estado é tomado como se fosse religião, pois tudo está no Estado e nada pode estar contra ele ou fora dele. E isso cria uma forma pervertida de patrimonialismo. Aqui, a fisiologia manda mais do que o amor a verdade. E na fisiologia, o amor ao dinheiro é maior do que o amor que deve ser dado a Deus. Eis o carreirismo.

6) A forma pervertida de monarquia é a tirania. E a república, tal como temos, é tirania.

7) A forma pervertida de aristocracia é a oligarquia. E a república brasileira é oligárquica.

8) Onde a tirania mete a mão, tudo é corrompido. Logo, o patrimonialismo está corrompido.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 12 de junho de 2017.

Continuação à história que contei acerca da relação entre a tatuagem e a pichação

1) Tempos atrás eu relacionei a tatuagem à pichação.

2) Vocês conseguiram deter o ladrão de bicicletas. Ótimo. Agora, é justo pichar o corpo dele? Não, da mesma forma como não é justo que pichem o muro da minha casa.

3) Quem cometeu o crime de lesão corporal parte do pressuposto de que o corpo é uma propriedade. Aliás, o fundamento da pichação corporal é justamente esse: de que o corpo é um propriedade. Ora, a propriedade é um direito perpétuo e não somos perpétuos. O corpo é uma morada da alma, um templo. Por isso, nada de dano a esse templo. Eis um dado sociológico da nossa cultura descristianizada.

4) Isso sem falar que os juízes, de tão preocupados em remover as cruzes dos tribunais, não estão dizendo a verdade no âmbito das relações sociais - e dizer o direito implica fazer justiça, nesta direção. Sabe o que acontece quando os juízes estão mais preocupados em edificar liberdade voltada para o nada? Anarquia. E onde há anarquia, a vingança reina.

5) Eis o ciclo da desgraça, que nos dominada desde 1889:

A) Primeiro vocês tiram a monarquia, a salvaguarda de que a vida fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus será observada;

B) Depois, vocês fomentam relativismo moral e cultural, onde cada um tem o direito de ter a verdade que quiser, a ponto de dizer que Deus não existe ou que é um delírio

C) E onde o ateísmo se torna fonte de militância política, como o comunismo, vocês retiram cruzes do tribunal de modo a dizer que a verdade não existe e que a justiça é a lei do mais forte.

6) Vocês chamam isso de Ordem e Progresso? Então, vocês estão de parabéns, seus jumentos! Quando digo que vocês são apátridas, vocês ficam ofendidos comigo, quando falo a verdade.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 12 de junho de 2017.