1) O fato de Santo de Antônio de Pádua ser "santo casamenteiro" é parte do folclore popular, pois parte de uma narrativa simbólica tomada como se fosse verdade (tomada como se coisa, no pensamento de Dürkheim). Mas essa narrativa simbólica, até onde pude ver, não se funda em fatos que decorreram da vida de Santo Antônio. Ela é uma lenda - deve haver algum fundo de verdade, ainda que isto não esteja fundado em algum lastro documental. Muitos historiadores ainda estão investigando a vida de Santo Antônio com base em indícios documentais, mas não conheço, até onde sei, prova inequívoca, documentalmente falando, de que ele fosse de fato santo casamenteiro.
2) Embora o namoro seja a primeira etapa do casamento, essa narrativa foi construída em cima de uma narrativa popular, pois aqui Santo Antônio é mais popular do que São Valentim. Mais grave ainda é o lema da campanha: amor com amor se paga, em que se confunde de propósito a benevolência com a concupiscência, que é própria do comércio.
3.1) O fato de São Valentim não ser popular aqui - segundo o pai de João Dória, que criou o dia dos namorados - não quer dizer que ele seja menos santo do que Santo Antônio.
3.2) Na verdade, São Valentim é um verdadeiro herói da cristandade porque deu sua vida para que os namorados pudessem se casar e constituir uma família. E como morreu de maneira heróica, ele deveria ser lembrado, pois sua causa foi justa, fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus, mas não é. Isso se explica porque as virtudes heróicas não são aqui cultivadas, como bem apontou o professor Olavo de Carvalho. E isso faz com que esse legado seja voltado para o nada, para os vermes, o que fomenta apatria.
4.1) Quando digo para os cientistas políticos estudarem a simbólica e a forma como os marketeiros manipulam isso, isso nos permite ver como as coisas são sutilmente construídas com base em algo voltado para o nada.
4.2) Descristianiza-se - ainda que sob uma roupagem de cristianismo - de modo a fomentar paixões concupiscentes e não benevolentes, o que estimula o amor ao dinheiro e não o amor a Deus. E onde se ama mais o dinheiro do que a Deus, o Estado tende a crescer, pois tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele.
5) O pai de João Dória era socialista. E certamente sabia muito bem manipular a simbólica e os aspectos culturais - e isso ele deve ter aprendido com Gramsci. Isso explica o comportamento marketeiro do filho, que é socialista fabiano.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 13 de junho de 2017.
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