Róger Badalum: Entendo que, para consumir, é preciso produzir primeiro. Com o capital sendo fator de produção primordial, e a poupança sendo a condição sine qua non para a existência do capital. Aí veio Keynes mudando tudo, aumentando o consumo para então aumentar a produção, com o pobre pagando a conta com a inflação.
José Octavio Dettmann: A produção pede ocupação das coisas de modo a servi-las de maneira organizada. O consumo vem depois que se tem uma relação de confiança entre quem produz e quem consome, o que demanda tempo. Quando a relação se torna impessoal, fundada no fato de se amar mais o dinheiro do que a Deus, então ocorre esse absurdo que você falou.
José Octavio Dettmann: Se você estimula o consumo de modo a forçar mais produção, isso é indício de que você ama o dinheiro mais do que a Deus. Se você ama mais o dinheiro do que a Deus, a pessoa não terá escrúpulos em cobrar por coisas que não deram causa a uma atividade produtiva. E isso enseja enriquecimento sem causa, o que é condenado pelo Direito Civil.
José Octavio Dettmann: Há uma tendência a se interpretar a economia de uma maneira mecânica. Se um determinado produto está sendo muito demandado, tende-se a pensar que o preço vai aumentar automaticamente. Mas isso nem sempre acontece - há alguns que estão satisfeitos com o preço que cobram que preferirão manter o mesmo preço de modo a continuar suprindo a demanda. Eles só poderiam aumentar o preço se houvesse uma justa razão para isso, como o aumento do custo de produção, mas para isso eles precisariam informar aos clientes e serem transparentes com eles, dizendo-lhes os motivos determinantes que farão o preço ser alterado. E essa transparência é uma questão cultural, coisa que não está sendo exigida hoje em dia.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 22 de junho de 2017.
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