1) Destutt de Tracy definiu ideologia como um conjunto de idéias pensadas pelo homem de modo a se negar a metafísica, a realidade transcendente, coisa que nos leva à conformidade com o Todo que vem de Deus. Enfim, ideologia é uma gnose, pois o conhecimento é mais importante do que a realidade, a verdade em pessoa.
2) Evidentemente, coisas são pensadas e justificadas de modo a se conservar o que é conveniente e dissociado da verdade. Em termos de análise documental, ao invés de nos reportarmos ao que os cronistas do reino de Portugal dizem, interpretamos os documentos de maneira distorcida, uma vez que um Estado fundado de modo a servir a Cristo em terras distantes não é uma coisa legítima, já que fomos "colônia" de Portugal. E essa justificação leva à descristianização geral de nossa sociedade, enquanto projeto de poder - e é por isso que digo que conservantismo é estar à esquerda do pai no seu grau mais básico, já que isso prepara o caminho para coisas mais graves, ao edificar toda uma falsa ordem que faz com que a liberdade seja voltada para o nada, divorciada da verdade - o que nos leva ao aprisionamento da alma e à morte.
3.1) É por essa razão que digo que conservadorismo não é ideologia, pois conservar a dor em Cristo é conservar a memória do verbo que se fez carne e que habitou em nós, por ser a verdade em pessoa. E isso tem caráter salvífico.
3.2.1) Se Cristo é a verdade e veio nos trazer a espada, então é inequívoco dizer que Ele quis um Império para si - e escolheu os portugueses para a tarefa de servir a Ele em terras distantes.
3.2.2) E nós conservamos a dor de Cristo quando tomamos as terras em que moramos como um lar em Cristo e fazemos com que os melhores de nossa gente se casem com a gente local. Se casamos com a gente local, é porque nós nos importamos com a salvação da gente que habita essa terra em que vamos morar - e é por conta disso que casamento é um ato nobre, dado que é mútua assistência e mútua santificação, o que faz como que o senso de tomar o país como um lar em Cristo seja distribuído em todos os lugares do mundo.
3.2.3) O filho do casamento tem vínculo com a terra dos portugueses e vínculo com a terra da gente local, a ponto de se tornar um diplomata perfeito, unindo os nós-nacionais de modo a criar um tecido social fundado em duas culturas virtuosas que possam fazer o país ser tomado como se fosse um lar em Cristo, a chamada internacionidade, dado que o todo é maior do que a soma das partes. Contudo, isso não nega a existência das partes, de modo a se fazer uma análise isolada de sua composição, por meio de análises reduzidas.
4) É isto que faz com que Portugal seja um império de cultura e não um império de domínio.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 26 de junho de 2017.
Nenhum comentário:
Postar um comentário