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quarta-feira, 3 de maio de 2017

Notas sobre a Pax Lusiada

1) Se um dos fundamentos do ideal republicano em Roma é o fato de que nenhum homem deve ter poder sobre outro homem, então a mais elevada da instituições criadas pelo Homem - o Estado, segundo Hegel - teria uma relação de senhoreagem e não de soberania. A relação seria por conta de um direito real, recaindo sobre terras e não dizer o direito entre os que estão sujeitos à lei do Estado, o que levaria à anarquia e aos abusos. Não é à toa que isso é o sonho de todo libertário-conservantista.

2.1) Os romanos se livraram da monarquia porque não queriam tirania, mas liberdade. Estavam corretos em dizer que a virtude republicana estava no bem comum, fundamento que faz tomar o país como um lar  - o único problema é que a verdade, Cristo, não estava entre eles. Eis aí porque Roma sofria dos problemas inerentes desse regime: a corrupção e os abusos.

2.2.1) Somente quando Cristo esteve entre nós, durante a Pax Romana - a qual foi convertida numa Pax Christiana -, que a república evoluiu numa forma de Império, com poder moderador.

2.2.2) Não seria mais um César, um imperador tomado como se fosse um Deus vivo, que diria o direito, mas um vassalo escolhido por Cristo de modo a servir a Ele em terras distantes, de modo a que atingisse a todas as nações do mundo. Este é o verdadeiro governo global.

2.3) De todos os impérios do mundo, contados desde o Império Acadiano, o único império que não foi fundado no esquema globalista foi o português, justamente porque foi fundado pelo próprio Cristo. É neste império que ocorrerá a Pax Christiana, pois Cristo é o verdadeiro augusto - nela, a causa nacional casa-se com a causa universal, fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus.

3.1) Se houver uma teoria do Estado específica do Império português, ela vai ter que acompanhar a gênese do Império Romano e saber de que modo o casamento entre Atenas, Roma e Jerusalém agradou o Senhor e produziu uma época em que os homens mais estiveram coprometidos com esse projeto salvífico e por que razão Deus considerou o dia 25 de julho de 1139 como o tempo oportuno para se implantar esse império de cultura, num tempo em que a Cristandade esteve seriamente ameaçada pela dominação muçulmana.

3.2) É como Cristo tivesse enxertado o que havia de bom na Pax Romana de modo a criar uma Pax Lusíada. É como se o templo do Senhor tivesse sido reerguido milagrosamente, após o templo ter sido destruído novamente pelos romanos.

3.3.1) Ao contrário da Polônia, Portugal não começou como uma casa de palha para depois se tornar uma casa de madeira e depois se tornar uma casa feita em pedra. Para dizer a verdade, a casa de pedra foi erguida milagrosamente, sem passar pelos estágios evolutivos.

3.3.2) Toda a experiência prévia estava lá. Além do milagre, havia ainda a alta cultura para ajudar. E é isto que talvez explique a natureza diferenciada deste Império.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 3 de maio de 2017 (data da postagem original).

Por que legítima defesa não é aplicação da lei de talião?

1.1) Matar alguém, em si, é algo muito mal, pois atenta contra a Criação e contra o fundamento de que Deus veio para que todos tenham vida - e vida em abundância.

1.2) Agora, tirar a vida de um malfeitor, de um comunista, de um terrorista muçulmano, assim como de todos esses políticos que favorecem tudo isso que está a acontecer desde Brasília, é um bem, pois você está anulando, com justiça, o mal real ou potencial que eles estão praticando em prol do governo mundial, que é isso que essa gente tem perspectiva.

1.3) Afinal, trata-se de legítima defesa, pois a vida, o direito de colher dos frutos do próprio trabalho e o senso de tomar o país como um lar em Cristo, que nos prepara para a pátria definitiva - a qual se dá no Céu -, constituem bens supremos que devem ser observados e protegidos, dado que constituem todas as coisas essenciais da vida humana fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus.

2.1) Você pode me dizer que não podemos pagar o mal com o mal, mas eu discordo disso. Seria pagar mal com o mal se eu aplicasse a máxima da lei de talião ou a teoria dos equivalentes causais: olho por olho, dente por dente. Exemplo: se minha mãe fosse morta por um bandido, então a mãe do bandido que matou minha mãe tinha que ser morta.

2.2.1) Talvez a mãe do bandido seja santa e esteja rezando pela santificação de seu filho, que está a viver à margem da lei - por isso, seria insensatez pagar o mal que este me causou ao matar a mãe desse bandido, que pode estar fazendo algo bom para mim ao rezar pela salvação dele, ainda que eu não saiba.

2.2.2) Se tivesse de aplicar a lei de talião, isso seria insensatez- até porque Deus sabe todas as coisas e a graça, neste caso, é maior do que a lei. Se, ainda assim, a minha insensatez prevalecesse sobre a razão, eu seria conservantista - e estaria pecando contra a bondade de Deus. E a burrice se caracteriza por isto: conservar o que é conveniente e dissociado da verdade - e não é à toa que é um pecado contra o Espírito Santo, coisa que Deus não perdoa.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 3 de maio de 2017.

terça-feira, 2 de maio de 2017

The Ways of History: uma análise do jogo

1) Estive experimentando um jogo muito bom. Lembra o Civilization 2 e é em tempo real. Trata-se do jogo Ways of History.

2) Você começa na Idade da Pedra e vai até os tempos atuais. O mapa é gigantesco e comporta 6000 cidades-Estado, onde cada cidade-Estado representa um jogador. Do grupo de jogadores, uma nação é formada.

3) Você pode fazer comércio de uma infinidade de produtos, começando desde o escambo até a moeda.

4.1) É bem simples, mas é viciante. Além disso, é gratuito para jogar - basta instalá-lo no Steam.

4.2) Foi desse jogo que tirei reflexões sobre a questão da pilhagem, pois nele você pode fazer da guerra um meio de obter riquezas, como faziam os assírios. No caso, eu fazia isso saqueando as colonizações bárbaras.

5.1) Como não tenho todos os livros de que necessito, os jogos me dão todo o suprimento necessário para que eu possa ver as coisas mais claramente.

5.2) Ver a direita falando um bando de asneira a respeito dos jogos de estratégia é perder uma excelente oportunidade para se aprender alguma coisa, sobretudo quando você não tem a oportunidade de comprar certos livros, principalmente os que vêm dos EUA.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 2 de maio de 2017.

Notas sobre o nascimento de Cristo e a confirmação da Pax Romana nos planos salvíficos do Senhor

1) Estabelecida a concórdia de classes por força da Pax Romana, ocorreu um evento único na História da Humanidade: o nascimento de Cristo, quando Deus veio a nós de modo a elevar os homens decaídos pelo pecado.

2) O salvador prometido nasceu em tempos de dominação romana. Não veio para libertar os judeus dos romanos: veio para salvar a todos, pagãos e judeus. A pax romana era o tempo favorável para a renovação dessa verdade, uma vez que Grécia, Roma e Jerusalém estavam reunidas sob o mesmo Império.

3.1) De seus ensinamentos à crucificação derradeira, o cristianismo confirmou esta concórdia de classes, pois isso convinha ao Senhor.

3.2) Os primeiros cristãos foram perseguidos, mas isso acabou se tornando a base da verdadeira civilização fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus.

3.3) Dos abusos do paganismo, a unidade do Império foi destruída para todo os sempre, cabendo a Igreja estabelecer uma civilização européia com os bárbaros que haviam sido romanizados.

3.4.1) A tentativa de fundar um novo Império Romano não deu certo, mas um Império salvífico foi criado em Ourique.

3.4.2) E é este império que salvará a civilização cristã de seu principal antagonista: os maometanos, que destruíram a Roma oriental, a remanescente. E para que isso ocorra, o modernismo vintista precisa ser combatido.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 2 de maio de 2017.

Como Otávio César Augusto salvou Roma da proletarização da sociedade? Notas sobre a gênese do Poder Moderador

1) Na Roma Antiga, uma das razões pelas quais a atividade mercantil era considerada marginal se dava pelo fato de que o cinismo era a principal escola filosófica quando da transição da República para o Império Romano. Eram os cínicos os principais filósofos orgânicos dos optimates, gerando um racha na sociedade, a ponto de gerar uma guerra civil ou uma secessio plebis.

2) A plebe, que teve no passado laços de escravidão, praticava uma economia fundada no comércio - e o comércio levava à concupiscência, o que fazia com que esses valores ficassem diametralmente opostos aos do patriciado, cuja economia era fundada na agricultura latifundiária, uma vez que os patrícios não tinham mácula de servidão. Por isso, recusavam-se a comungar das convenções sociais dos plebeus. Recusavam-se até mesmo a serem membros do mesmo culto doméstico.

3.1) César era ligado ao partido popular, que representava os interesses da plebe.

3.2) Assim como houve na monarquia nos tempos de Tarquínio, o soberbo, em que o Rei estava atendendo aos interesses dos plebeus de modo a gerar uma sociedade desnaturada por conta da proletarização geral da sociedade e relativizar os valores tradicionais, os partidários dos optimates apoiaram Pompeu de modo a salvar a República - e uma Guerra Civil ocorreu. César saiu-se vencedor e se tornou ditador, por conta de ter se tornado cônsul vitalício. Mas este foi assassinado, numa trama.

4.1) Otávio, seu sucessor, não pôde assumir a herança como cônsul vitalício porque Marco Antônio ficou como líder de Roma, sancionando seus atos.

4.2) Marco Antônio associou-se à Rainha Cleópatra do Egito, de modo que Roma tivesse uma crise de abastecimento e entrasse em rebelião - o que faria com que o sucessor de César caísse.

4.3) Otávio derrotou Marco Antônio e Cleópatra, anexou o Egito e assim assegurou o abastecimento da capital. Da aliança com os patrícios e plebeus estabeleceu-se um período de paz e prosperidade conhecido por Pax Romana, em que os interesses da agricultura souberam muito bem ser casados com os interesses do comércio, a ponto de gerar uma concórdia entre as classes onde o livre mercado passou a ser uma cultura de encontro, de serviço, não de sujeição, de escravidão.

4.4) No Império, a postura conciliatória de Otávio para com os populares e os optimates lançou as bases da monarquia tal como a conhecemos, o que fez com que o Império fosse como uma evolução da República, ao invés de uma ditadura. É a partir dele que temos a figura do poder moderador e da concórdia entre as classes tão apregoada pela Igreja Católica, através da encíclica Rerum Novarum.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 2 de maio de 2017 (data da postagem original).

Notas sobre economia de concupiscência x economia de benevolência

1) Há duas formas de se fazer comércio.

2.1) A primeira é a que ama o dinheiro. E a melhor forma de conseguir dinheiro através do comércio é mexendo com a vaidade das pessoas ou satisfazer a falsa demanda de todos aqueles que buscam comprar alguma coisa ilícita de modo a afirmar a validade de uma ideologia, mesmo que isto seja um atentado à lei natural. E um desses sintomas desse amor ao dinheiro está na concupiscência.

2.2) Na concupiscência, o consumidor é visto como uma fonte de financiamento das atividades mercantis, pouco importando se o produto oferecido é lícito ou não. Dentro deste fundamento, o maconheiro não é muito diferente de quem compra um sorvete, de modo a refrescar o calor do verão, pois todos são consumidores. Afinal, o legal e o ilegal são iguais perante a lex mercatoria, a tal ponto que a lei positiva emanada por autoridade competente não passa de mero preconceito social ou mero preceito moral, já que não contém verdade nenhuma, se partirmos do ponto de vista do liberal, que é tão revolucionário como um marxista.

3.2) A segunda se funda na benevolência. Aquele que atende demandas habituais só vai oferecer ao mercado coisas sérias e construtivas, fundadas na conformidade com o Todo que vem de Deus. Seja vendendo artigos religiosos, alimentos, ou bens de alta cultura, esta pessoa vai atendendo a necessidades humanas, ainda que sejam poucas. Afinal, o produtor, o intermediário e o consumidor amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, a ponto de haver uma comunidade. E é por conta de haver uma comunidade que há nacionismo e distributivismo.

4) A economia de massa não vê indivíduos, mas consumidores. Ela não olha para o caráter das pessoas, mas para o dinheiro que estas podem gastar no mercado. É uma economia que prefere a concupiscência à benevolência - e neste ponto, acaba edificando liberdade para o nada.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 2 de maio de 2017 (data da postagem original).

Por que libertarismo e socialismo são crias do cinismo?

1.1) Se todo mundo tem direito à verdade que quiser, então a convivência social fica impossível. Uma pessoa que despreza as regras escritas no coração de cada membro da sociedade, de modo que todos possam conviver numa boa, é coisa difícil, coisa de quem despreza a verdade.

1.2) Pois é nas leis que se dão na carne que podemos perceber a conformidade com  o Todo que vem de Deus - e isto é uma trilha que leva até o calvário, onde podemos ver o Cristo sendo crucificado e daí a conservar a dor de Cristo, a base da verdadeira liberdade.

1.3) Afinal, sem cruz não há liberdade; sem eucaristia, não há como conservar a memória dessa dor fundada no sacrifício da verdade em pessoa, do verbo que se carne de modo a nos salvar do pecado.

2.1) Se o cinismo é desprezo sistemático às relações sociais, então o cínico pode escrever ou criar leis na polis sobre o que bem entender, a ponto de instaurar um verdadeiro caos planejado. E isso é socialismo.

2.2.1) Da mesma forma, é também cinismo quando se ganha dinheiro a partir de formas que promovem o vício como se fosse virtude, como a pornografia, o tráfico de drogas, o financiamento de todo um ativismo de modo a se matar sistematicamente todas as crianças que estão se desenvolvendo desde o ventre da mãe e outras coisas nefastas.

2.2.2)  Neste ponto, libertarismo e amor ao dinheiro enquanto norma de produção de riqueza na sociedade (capitalismo, tal como o mundo chama) são crias do cinismo.

2.2.3) Afinal, a riqueza acumulada prepara o caminho para o poder total e onipresente, a ponto de edificar tirania - e isso causa apatria, pois a polis deixa de ser civilizada e volta ao estado de barbárie, uma vez que o bárbaros estão promovendo revolução desde o mais alto estrado da sociedade, a classe que dirige a sociedade.

2.2.4) Se a sociedade fosse governada por filósofos, tal como há na República de Platão, então ela não pode ser governada pelos cínicos, que são discípulos de Platão.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 2 de maio de 2017.