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quarta-feira, 5 de abril de 2017

Notas sobre as letras enquanto tábua de salvação num ambiente culturalmente vazio

1.1) Se Nietzsche dizia que um grande escritor de cartas nasce a partir da experiência de se lidar com membros de uma sociedade completamente vazia, então da escrita de cartas vem toda a experiência necessária para se escrever textos de ficção ou mesmo textos de não-ficção, como é o meu caso.

1.2) Antes mesmo de trabalhar com não-ficção, eu já trabalhei com crônicas e romances de ficção científica - como meu ponto fraco eram os diálogos, então eu decidi focar a não-ficção, pois na parte descritiva eu costumava fazer um trabalho satisfatório, a tal ponto que minhas redações eram sempre selecionadas para as feiras de ciência da escola, durante os anos em que estive no segundo grau (hoje Ensino Médio).

2) Afinal, para sobreviver a um ambiente cultural vazio, você precisará buscar amigos imaginários. Se esses amigos imaginários forem postos no papel, estes darão ótimos personagens de ficção. Se você atrelar a esses personagens de ficção atributos de pessoas que você conheceu online, estes darão personagens realistas.

3) Numa sociedade vazia, as letras são a última tábua de salvação, pois é preferível estar só, falando sozinho, a estar mal acompanhado. E digo isso por experiência própria.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 5 de abril de 2017.

terça-feira, 4 de abril de 2017

Antes do advento da rede social, a única maneira de sobreviver a um ambiente culturalmente vazio era por meio de amigos imaginários

1) Antes do advento da rede social, eu tinha o hábito de conversar com amigos imaginários e debatia com eles sobre as coisas que aprendi nos livros e sobre coisas que havia nos jogos eletrônicos.

2) Na época, todo mundo me chamava de maluco, pois tinha por hábito falar sozinho. Eu não tinha com quem conversar sobre esses assuntos de que gostava muito, por força de gostar de estudar - se não havia um amigo adequado pra mim na minha circunstância, lá estava o tapa-buraco, o amigo imaginário para costurar o rombo.

3) Isso foi assim até o advento da rede social. Hoje eu me relaciono com pessoais reais, as quais só conheço por meio da rede social, já que elas se encontram em outros lugares do país ou mesmo no estrangeiro. Eles supriram aquilo de que precisava - e nunca mais precisei recorrer a esse artifício.

4) É perfeitamente normal falar sozinho com seus amigos imaginários - até porque os seres humanos de sua área geográfica são vazios e não têm nada ate acrescentar. E para sobreviver a esse ambiente cultural nefasto, a receita é agir dessa forma. O mundo vê isso como loucura, mas isso é sobrevivência. Se você estiver pronto para a rede social da forma como estou, vá pra lá. É infinitamente melhor do que lidar com imbecil.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 4 de abril de 2017.

A beleza realmente importa - e muito

1) A verdadeira beleza aponta para Deus - e a beleza física é acessório que segue a sorte do principal, que é a beleza de caráter. Por isso, o fundamento da beleza aparente é apontar para a beleza transcendente, aquela que se dá através de atos, coisa que é própria dos santos, que estiveram no mundo sem serem mundanos.

2) Se os atos no mundo estão em conformidade com o Todo que vem de Deus, então há um quê de divino nessa pessoa - e essa pessoa não será a causa que te leva à fila da confissão, mas para a fila da comunhão.

3.1) Se enxergo beleza nessa pessoa, beleza essa que me leva à esperança de um dia estar no Céu junto com aquela pessoa, então eu encontrei uma boa razão para a vida a dois.

3.2) Se, contudo, enxergo beleza nessa pessoa de modo a possuir o seu corpo, usufruir-me dele e descartá-lo quando este definhar ou perecer, então já estou em pecado desde o momento em que a desejei com maus sentimentos. Por isso, devo evitar essa pessoa, pois meu corpo está em descompasso com o meu ser, já que isso acabou se tornando ocasião de pecado.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 4 de abril de 2017 (data da postagem original).

A autoconfiança faz a pessoa pensar que ela é uma espécie de microcosmos do Estado laico - o que é ilusório

1) Pessoas que se sentem autoconfiantes e que vivem as coisas em conformidade com o Todo que vem dos livros de auto-ajuda vivem a ilusão de que são governos. É como se a mente fosse o governante e o corpo - seja ele próprio ou alheio -  fosse o governado.  Acreditam que - agindo de maneira independente, sem depender de outrem - todas as coisas se arranjam, o que cria o efeito de que o mercado se auto-regula, como se isso não fosse composto de pessoas, mas de máquinas que funcionam na mais perfeita ordem.

2) Essa mentalidade é suicida, pois mata o corpo, já que submeter-se à escravidão dos próprios desejos leva a escravizar a todos ao seu redor. Se não há corpo, então não há fundamento para a mente operar, pois o fundamento dos governantes são os governados, que devem ser tomados como parte da família do governante.

3) Por isso que na monarquia há uma relação de coordenação entre mente e corpo, enquanto na república a norma é o descompasso. E quando há descompasso sistemático, nós temos anomia, pois as pessoas acabam sendo escravas de seus próprios desejos, o que acaba edificando liberdade para o nada, o fundamento da mentalidade revolucionária, da escravidão - e da morte.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 4 de abril de 2017.

Notas sobre o egoísmo enquanto pecado contra a bondade e seus efeitos na política

1) Uma coisa eu aprendi pela experiência: só se fala uma vez e de uma vez por todas. Se a pessoa não te deu atenção, a insistência só confirma a tese de que você é um idiota útil. E eu detesto ser feito de idiota.

2.1) Nada é mais atentatório contra a bondade do que o egoísmo, coisa que leva à fisiologia, politicamente falando.

2.2) Se a bondade é um atributo do Espírito Santo, então quem age dessa forma não merece o perdão de Deus. E governos que agem dessa maneira são ilegítimos e não podem ser obedecidos jamais.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 4 de abril de 2017 (data da postagem original).

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Notas sobre a psicologia porra-louca da minha geração

1) Ao longo da minha vida de estudante - limitada tão-somente a Bangu, e a mais nenhum outro território, até o advento da Rede Social em 2004 -, eu já lidei com várias pessoas que tinham o costume de me convidar para ir a algum lugar. E quando chegávamos no dia combinado, a pessoa simplesmente desmarcava ou furava comigo.

2.1) Acredito que esse tipo de postura deve estar relacionada à vida livre e sem compromissos, onde cada um tem a verdade que quiser, a ponto de ser um porra-louca.

2.2) Isso não se reduz a uma pessoa só - muitos são assim e isso tende a ser universal. E isto é uma amostra de uma psicologia social altamente conservantista, que conserva o que é conveniente e dissociado da verdade. E isso é nefasto, mesquinho. Isso confirma a tese do Olavo da cultura de fingimento que está instalada nesta terra e que é anticivilizatória por essência.

3) As pessoas não conseguem ver em mim a figura de Cristo, mesmo que se digam católicas, nominalmente falando. E por não fazerem de seu sim um sim e de seu não um não, elas acabam causando danos, a tal ponto que estão semeando no seio da Terra de Santa Cruz o senso de não se crer em fraternidade universal, coisa essa que vem de Cristo.

4.1) A psicologia porra-louca deve vir do fato de que essas pessoas se acham especiais - e isso vem desses livros baratos de auto-ajuda ou de livros românticos que todo mundo lê.

4.2.1) Essas pessoas se acham seres eleitos por Deus, ao passo que o outro, que é solenemente ignorado, é um condenado - e o condenado é um concorrente que deve se danar; de alguma forma, com a minha presença, eu represento uma séria ameaça para esses seres doentes.

4.2.2) Se isso é buscar a felicidade, passando por cima de qualquer compromisso estabelecido, então isso é a desgraça completa. Se tomo chapuletada dessa gente a vida inteira, então eu sou um bem-aventurado, pois compreendo perfeitamente a miséria dessa gente que conviveu comigo e que nada aprendeu de mim, por falta de interesse e boa vontade.

4.3) Creio que há uma cultura protestante instalada na psique de nossa sociedade e que vai muito além das inúmeras igrejas heréticas que se edificaram por aqui por força da imunidade tributária concedida a a templos de qualquer natureza, decorrente desta atual Constituição. Isso tem edificado liberdade para o nada e fortalecido o amor de si a tal ponto que as pessoas não conseguem mais enxergar umas nas outras o Cristo que há nelas - e isso cria uma modernidade líqüida.

4.4) O que sei, com base na minha vivência pessoal, é que essa geração que está com seus 35 a 40 anos agora, a minha geração, vai ser uma desgraça completa - e isso vem de berço, pois muitos vêm de família desestruturada, dado que esta é a primeira geração nascida do advento da lei do divórcio, de 1977.

4.5) Já a geração nascida de 1986 até o início ou meados dos anos 90, essa é bem mais conservadora - e o renascimento do Brasil virá dessa geração que vem imediatamente após a minha.

5) Se eu tiver de julgar as coisas com base na amostra dos que conheço aqui online, eles certamente salvarão o país - e eu tenho de passar o pouco que sei, após muitos anos de vida nos estudos.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 3 de abril de 2017.

Para se tomar o país como se fosse um lar em Cristo é preciso fazer do sim um sim e do não um não

1) Eu não entendo por que as pessoas são incapazes de fazer do sim um sim e de seu não um não.

2) É raro eu convidar alguém. E quando convido é para almoços ou jantares paroquiais, onde a comida é boa e só é preciso pagar pelo convite (já que é um almoço ou um jantar beneficente). A pessoa diz sim, mas esta simplesmente não aparece, nem me liga para desmarcar e me dizer as razões pelas quais não vai. Chega a ser humilhante esperar por alguém que simplesmente não aparece. Eu me sinto um palhaço.

3) Eu levo meus compromissos a sério. Se por alguma razão eu não posso ir a algum lugar, é porque não posso, pois meus pais me esperam em casa, seja para o almoço, seja para o jantar. E os convites que as pessoas me fazem é sempre sem planejamento, em cima da hora - e não é assim que fazemos as coisas, aqui em casa.

4) Estou cansado de levar a sério quem é infiel nessas coisas. Como poderei constituir família com uma pessoa que me é infiel nessas pequenas coisas? Isso é prova cabal de que esta pessoa me será infiel na amizade ou no casamento.

5) Que este seja o meu critério agora - se alguém furar um combinado comigo e não der uma boa razão para não honrar seu compromisso comigo, que seja bloqueado e banido da minha vida pessoal, seja ela profissional ou íntima. Afinal, não fazer do sim um sim e do seu não um não é fingimento - e como os nascidos nesta terra são especialistas nisso, estão agindo como verdadeiros apátridas, dado que estão a conservar o que é conveniente e dissociado da verdade, a ponto de não amarem e rejeitarem as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 3 de abril de 2017.