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segunda-feira, 20 de maio de 2013

Considerações sobre a essência de uma guilda medieval

01) Os liberais costumam nos acusar dizendo que uma sociedade de guildas, cuja base de operação é o monopólio e o sigilo, seriam moralmente superiores, do ponto de vista distributivista. Esta acusação revela à má-fé dos liberais, já que ignoram a natureza essencialmente cristã das corporações de ofício.

02) A base da organização de uma guilda medieval se dá por conta do princípio da confiança, da reserva moral. Decorre de uma relação de mestre e discípulo, que deriva diretamente da relação do pai com o filho. Essencialmente, ela é uma escola e, ao mesmo tempo, uma associação onde todos da mesma classe profissional se reúnem de modo que possam aprender os segredos da profissão, de modo a bem exercê-la na sociedade, responsavelmente. É uma sociedade mais pessoal e mais humana que as OAB's da vida de hoje em dia, que só pensam no dinheiro.

03) As guildas eram sociedades fechadas, com o intuito de proteger os seus associados e os segredos da profissão de modo a que fossem mal usados, pois o mau uso das técnicas profissionais acarreta dano irreparável à sociedade, como vemos por aí na advocacia, onde muitos advogados se prostituem e patrocinam um monte de causas que, em si mesmas, pervertem a ordem jurídica de nosso país. É claro que, quando a ganância falou mais alto que a caridade, a natureza fechada da guilda de proteger os seus associados se tornou a base do corporativismo, característica essencial do fascismo.

04) As leis estatutárias que regiam os associados de uma guilda. por serem consuetudinárias, é que eram aplicadas, no tocante à solução de conflitos, e não as leis do Estado - na época, as relações do Estado se fundavam nos direitos decorrentes da Terra (relações civis), e não das relações decorrentes do comércio ou da prestação de serviço, que eram a base sob a qual se assentavam as corporações e ofício.

05) Hoje as associações são livres e vigiadas pelo Estado. Mas o problema das associações modernas é o mesmo que decorre do fato de que qualquer um pode fundar a associação que quiser, para toda e qualquer finalidade, desde que permitida pela lei: a tendência à impessoalidade, a extrema facilidade para sua disolução e a falta de senso de fraternidade e solidariedade entre seus membros. Não existe senso de comunidade entre os membros de uma associação moderna - o que há em comum entre elas é o interesse em comum, às vezes transitório, às vezes permanente, mas o mero interesse em comum é apenas circunstancial. Sem a sincera amizade, uma associação de homens livres não terá a vitalidade de uma guilda medieval, que deriva da tradição cristã, pois os homens devem amar uns aos outros, assim como Cristo nos amou e nos compreendeu. Sem o companheirismo, não há sentido para uma associação livre de seres humanos.

06) À guilda se aplicam os mesmos elementos que Aristóteles descreveu na teoria das formas de governo das cidades-estado: da perversão da guilda, quando do pecado da avareza, nasce o corporativismo. Se não estiverem corrompidas, são uma organização melhor que as OAB's de hoje.

07) É preciso que Cristo seja restaurado como o norte da sociedade de modo a que estas instituições voltem a funcionar. A diferença é que este tipo de associação poderia ser um pouco mais aberta, pois o ofício deve ser livre, mas exercido com responsabilidade. Isso daria margem a que pessoas novas possam começar na carreira, pois a Igreja Católica, que é a base que dá origem a estas instituições, é aberta a novos membros. O problema da corrupção deste tipo de instituição, o corporativismo, precisa ser mais bem vigiado. Como fazer uma associação reservada, de modo a que seja pessoal, fundada no amor de Cristo, e ao mesmo tempo aberta a novos membros? É esta zona cinzenta que se perdeu quando esta instituição foi abolida da sociedade. O liberalismo revolucionário era tão forte que romperam radicalmente com a base essencial de uma guilda, a solidariedade entre os membros, própria do Cristianismo.

08) Por isso que rejeito qualquer atitude progressista, fundada na moda de momento. Ela joga na lata do lixo o melhor conhecimento dessas zonas cinzentas, que mereciam uma melhor análise, se estas instituições ainda realmente existissem na sociedade. Como não temos equivalente vivo, sou obrigado a ter que refletir sobre isso através do que é essencial, fundado naquilo que Cristo nos ensinou. Modelos ideais podem não ser perfeitos, mas dão uma idéia do que seria uma instituição, se ela fosse viva. É como estudar um esqueleto de dinossauro.

Comentários finais: a razão pela qual escrevi este artigo é para responder às injustas acusações que os liberais nos fazem de que as guildas são a causa do subdesenvolvimento de um país. A falta de Cristo, que é o que permeia a mente de um liberal, leva à mentira e à falsidade. Ela antecipa em muitos aspectos a postura socialista, que é mentira sistemática até a chegada do poder.

José Octavio Dettmann
 
Rio de Janeiro, 20 de maio de 2013 (data da postagem original).
 
Postagens relacionadas:

1) Para se tomar o país como se fosse um lar, é preciso que se tome o local de trabalho como se fosse a extensão de seu lar, de seu mundo interior: http://adf.ly/jN1PA

2) Debate sobre a natureza da organização do trabalho, no âmbito do distributivismo: http://adf.ly/1PsJeDh

3) Distributivismo não é fascismo - muito menos, corporativismo - Parte 1: http://adf.ly/atr9B

4) Distributivismo não é fascismo - muito menos, corporativismo - Parte 2: debate entre Leonardo Faccioni e Leonardo Oliveira (Conde Loppeux de Villanueva): http://adf.ly/aw5U0

domingo, 19 de maio de 2013

Comentários sobre alguns dos efeitos que Hernando destacou sobre os benefício da propriedade junto à população

1) Em O Mistério do Capital, Hernando de Soto destacou que a propriedade produz 5 aspectos extremamente vantajosos sobre a sociedade, mas eu destaco particularmente dois, para efeito de comentário: a integração entre as pessoas e a responsabilização moral, legal e patrimonial das pessoas em sociedade.

2) Com relação à questão da capitalização moral, à medida que você vai acumulando capital, em razão do seu trabalho ao longo do tempo, enquanto você serve aos seus semelhantes, a tendência é você investir naquilo que lhe é mais precioso e caro. Se você tiver Deus no coração, é de muita caridade ensinar as pessoas a usar o dinheiro sabiamente, de modo a que possam se tornar independentes, de modo a que possam crescer de maneira livre e responsável, ao servir seus semelhantes na sociedade. Se necessário, empreste o dinheiro - a remuneração desse empréstimo através dos juros fica facultativa, pois não é parte da natureza da capitalização moral ficar rico a todo e qualquer preço, uma vez que a integração social está muito relacionada ao fato de que você conhece seus irmãos e você se importa com eles, já que estes, seus irmãos, são fundamentais à sua vida. Se os juros forem convencionados, que sejam baixos e que sejam decorrentes da gratidão que essa pessoa terá por você ao ajudar a financiar os projetos dela, de modo a que esta também possa servir a outros também. Uma pessoa responsável sempre pagará por aquilo que você emprestou e ainda te dará algo a mais, em generosidade.

3) Ao distribuir dinheiro, através do empréstimo generoso, as pessoas começam a se integrar uma a outra no sentido de uns colaborarem com os outros. Sociedades de pessoas vão se formando em razão do trabalho estimulado decorrente do serviço que você prestou. Ao distribuir esse dinheiro, permitindo que outras pessoas possam também ter uma atividade produtiva, de maneira séria e responsável, você está ensinando responsabilidade a essas pessoas - ou seja, você está distribuindo as vantagens decorrentes da riqueza decorrente do trabalho por toda a sociedade. Isso é distributivismo. Por isso, conheça bem os que estão ao seu redor e ajude. Não espere receber algo em troca - deixe que Deus proveja isso pra você. Se os juros se colhem em razão do tempo, deixe que o senhor do tempo, que é Deus, trabalhe pra você, pois ao emprestar ao seu semelhante, você a Ele também empresta. Por isso, confie n'Ele, reze para que o negócio de seu semelhante dê certo e o mais Ele fará.

4) Quando você empresta dinheiro com o propósito de ficar rico através do trabalho alheio, você está sendo ganancioso. A natureza dessa relação se funda no dinheiro e não da confiança, decorrente de uma relação pessoal. Essa relação impessoal leva à indiferença pelo ser humano e sempre exigirá garantias de modo a que o dinheiro seja pago. Essa relação será regida por lei e haverá sanção para quem mal a cumprir a convenção contratual. Inevitavelmente, a relação de consumo decorrerá de uma relação de conflito. Esta é a responsabilidade legal, fundada na ordem no dia de que é o dinheiro, e não os valores morais, que regem a sociedade. Esta é a ordem do dia dos que defendem a liberdade para todo e qualquer fim e uma ordem sem Deus.

5) É preciso dizer que os valores morais, fundados no fato de que somos cidadãos do Céu, estão acima de toda e qualquer responsabilidade fundada nas leis dos homens, se elas estiverem divorciadas de Deus. Onde as leis dos homens falham, a lei de Deus está ali para garantir que existe uma ordem justa - e que a injustiça tem que ser corrigida, através de um governo que observe esses preceitos. Se você crê em Deus, você agirá de modo a que a Ordem e Justiça prosperem, de modo a que o mal não reine em sua sociedade. Assim, seu país será tomado como se um lar fosse (nacionidade).


Dicas de Economia - Margem de Reserva Patrimonial e Margem de Financiamento


1) Atentem bem para a diferença entre a margem de reserva patrimonial e margem de financiamento

2) A margem de reserva patrimonial é aquilo que você tem e que vai ser usada pra te tirar de um eventual sufoco. Não pode ser dilapidada. Um exemplo: você tem 1000 reais. Dependendo da sua necessidade, você pode deixar uma margem de 50% a 80% de dinheiro como reserva (se optar por reserva de 50%, a outra metade, 500 reais, será usada para financiar seus projetos e interesses; se optar por garantir 80% - 800 reais -, você terá 200 para gastar no que quiser).

3) A margem de financiamento é aquilo que você reserva para poder investir, no sentido de satisfazer as suas necessidades. É o seu orçamento e se baseia no princípio de que toda entrada (decorrente das vendas, do salário, pro exemplo) corresponde a uma saída (decorrente das compras, por exemplo). Suponhamos que eu tenha 800 reais, já devidamente reservados, e que acabo de receber 120 reais decorrente da venda de alguma coisa - todas essa receita que recebi nas vendas vai para o meu orçamento; se eu gastar 90, sobram 30. Se não houver nenhuma necessidade adicional a satisfazer, a sobra vai automaticamente pra minha reserva,pois nunca se sabe o que vai vir amanhã para nós.
4) O que você vai gastar ou poupar vai depender de você. As margens de poupança e de financiamento que serão estabelecidas ao longo de sua existência neste mundo dependerão de você também. A margem é subjetiva, pois varia de pessoa para pessoa. Dependerá de bom juízo e de prudência para que o fruto do seu trabalho acumulado seja sabiamente usado, seja a seu favor, seja a favor de terceiros. Por isso sempre tenha Deus no coração, de modo a que possa fazer uma boa escolha.

5) Evite a avareza, no sentido de poupar por poupar. Seja generoso, sim, pois ajudar a quem precisa é muito bom. mas não seja insensato a ponto de dilapidar seu patrimônio, a ponto de cair em miserabilidade, de modo a ficar dependente da boa vontade dos outros, coisa muito escassa neste mundo. O verdadeiro sentido da capitalização moral está no sentido de saber fazer bom uso da riqueza e fazer boa destinação daquilo que será arrecadado, em razão do fruto do seu trabalho. Administrar bem o seu patrimônio implica promover o bem comum como a ordem do dia. Por isso, seja sensato e modesto nos seus gastos. O excesso e a imprudência são pecados, pois geram gravosos problemas para a alma humana.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Um desabafo sobre a falsa liberdade de expressão

1) Que falta faz um Torquemada! As pessoas não imaginam o imenso favor que a Igreja nos prestou ao queimar as doutrinas heréticas, que são fontes de maldade por si mesmas. Será que vou ver algum dia os livros de Marx, Nietzsche e de Comte serem queimados sistematicamente pelo mundo afora? É fato notório que são esses autores a fonte da mais pura maldade que marcou o século XX. Marx era mau-caráter, satanista e um crápula imoral; Comte e Nietzsche, loucos.

2) O grande problema dos que defendem a liberdade irrestrita de pensamento está na indiferença com a qual tratam o peso que uma obra ruim ao equipará-la ao mesmo peso de uma obra boa. Eles publicam (e vendem) tanto a obra boa quanto a ruim, tal qual banana na feira. E chamam isso de democratização das idéias. Isso não é democracia - é propagação do relativismo moral. Enfim, eles estão aplicando no mercado a mesma coisa que aplicam no sufrágio universal, onde a idéia do ignorante tem o mesmo peso da opinião do esclarecido, por conta igualitarismo. 

3) Eu me orgulho de ser medievalista, se por medievalista entenderem que eu queimo (e ajudo a queimar) os livros que são danosos à alma humana, como os dos marxistas e os dos positivistas. Liberdade de pensamento só vale se o que produzo é conforme o Todo que vem de Deus e que vai edificar uma consciência reta no meu leitor. Não é o que a Santa Madre Igreja nos ensina?

4) Afinal, a liberdade pensamento é um direito natural material, decorrente da verdade contida nas ações humanas, pois isso é próprio da justiça - e a verdade está naquilo que é bom por si mesmo, pois Deus é a fonte da verdade. Isso não pode ser tratado da forma como os juristas vêm tratando: de maneira formal, garantida por uma constituição divorciada de Deus, que não garante direitos absolutos.

5) Para um país que tem um ordenamento jurídico pautado nisso, isso é a catástrofe, pois Deus não é referência objetiva de justiça absoluta, mas, sim, o delírio insano e ideológico de um legislador que acha que é um Deus, já que ele foi eleito pelo povo - por isso mesmo, a tal proteção de Deus é constitucionalmente irrelevante para o Tribunal que tem a missão de guardá-la.

6) A grande verdade é que o formalismo jurídico é a consagração da indiferença - é a negação do Amor de Deus pela sua mais sublime criação: o Homem. E o pior de tudo é que existem liberais que defendem a preservação das obras marxistas, pois eles consideram isso parte da criação do intelecto humano, ainda que isso seja uma herança maldita. Desde quando propagar o mal é criação? Isso é inversão da realidade da pior espécie! Sabe qual é o resultado disso? Um Rodrigo Constantino.

Ver também:

1) Depoimento sobre o processo de empreender intelectualmente no facebook: http://adf.ly/PO4B7

2) Marxismo é uma forma de loucura desagregadora - e o positivismo não fica atrás: http://adf.ly/1Qgia6
 
José Octavio Dettmann 
 
Rio de Janeiro,  27 de abril de 2012 (data da postagem original).

Marxismo é uma forma de loucura desagregadora. E o positivismo não fica atrás


1) Quem vive na loucura, e sofre o choque de realidade, a tendência é o suicídio, a fuga da realidade. Isso é o que aconteceu com os países comunistas quando o muro de Berlim caiu. Parcelas significativas da população cometeram suicídio - do ponto de vista da nacionidade, reunificar a Alemanha é trabalho mais penoso do que restaurar a unificação política e territorial, do ponto de vista jurídico e formal. Esse processo leva gerações inteiras.

2) Por isso, o ensino de História, com o intuito de se restaurar e preservar a identidade nacional, não pode ser feito com base numa única causa, fundada tão somente na luta de classes, sob a falsa alegação de que isso é "pensamento crítico" - é até pseudocientífico explicar os fatos históricos assim.

3) Para se fazer tomar um país como se fosse um lar, é preciso descobrir a pátria constantemente - e a cada geração esse processo deve ser renovado, através do estudo sério e desinteressado, fundado tão somente na livre investigação e discussão dos fatos. As maiores virtudes de uma nação estão no passado - e, no nosso caso, no Segundo Reinado, tão discriminado por esses progressistas revolucionários. Por isso, negar o passado em troca de um futuro utópico, que se autoadia a cada dia, é o sintoma mais preocupante de que a insanidade está tomando conta da vida em sociedade.

4) O Brasil já não é mais nação desde 1889, mas simulacro de nação, pois o mito do país do futuro,  fundado a partir da "ordem e progresso' dos positivistas, nasceu a partir daí. É o fim da História! Com essas pessoas que ainda insistem em discutir história só por essa única causa - seja se a história é luta de classes, seja se monarquia é atraso ou se a república é progresso -, é melhor não discutir -  a solução é internar toda essa gente no Pinel, lugar da onde não deveriam ter saído. Comte era sabidamente louco - e Marx só enxergava o mundo por conta de seu satanismo e de seu mau-caratismo. Duas formas insanas de ver o mundo.

5) Que coisa boa pode vir lendo esses autores? Nada. Seria melhor que queimassem os livros deles, de modo a que isso não gere mais frutos futuros. A Igreja fazia isso pelo nosso bem - e nesse ponto, os pensamentos ruins devem desaparecer, para que não produzam má influência futura.

Ver também:

1) Um desabafo sobre a falsa liberdade de expressão: http://adf.ly/1QgWlB

terça-feira, 10 de abril de 2012

Livro que merece ser lido: A verdade como fundamento da liberdade, do Cardeal Avery Dulles

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Em breve, escreverei uma resenha sobre ele

Sobre a arte de debater - o que se deve e o que não se deve fazer

Um outro leitor me escreve isto:

José Octavio:

Respeito a sua opinião, mas discordo dela. Primeiro, percebe-se que seus argumentos se cercam de posições eminentemente elitistas, fundadas na perpetuidade do status quo de uma parte da sociedade que só colheram frutos. Aliás, parece-me que esse discurso é sempre de protecionismo dessa classe, sob a alegação de que o sistema de cota repercute negativamente na deficiência do ensino universitário brasileiro.

Sinceramente, não consigo entender o porquê de tanta resistência em aceitar uma medida de inclusão provocada pelo governo por meio de políticas públicas, tendo em vista que os negros pobres tiveram sempre uma posição excludente na sociedade. Entendo que as políticas públicas de cotas não deve ser uma medida perene, no entanto, relegar a positividade desse mecanismo, é garantir sempre a dominação da classe burguesa (4), em detrimento dos hipossuficientes (3). Podemos questionar ou afirmar, há negros ricos, há brancos pobres, tudo bem.... mas ser negro pobre no Brasil é a mesma coisa de ser branco pobre no Brasil? Ah, sim, enquanto o sistema de ensino não melhora o negro tem que continuar numa posição desprivilegiada na sociedade?
 Comentário:

1) O crítico me faz um argumento ad hominem, dizendo que o que defendo é elitista - logo, por essa via de acusação, eu sou elitista e protecionista (prova disso: o emprego do pronome "seus", ao se referir a mim). Não é forma apropriada de se argumentar, pois, ao desqualificar o que digo como elitista ou protecionista, eu sou necessariamente posto nessa vala comum, o que se caracteriza tática de má-fé intelectual, o que não é bom por si mesmo, pois não se ataca a suposta falácia do que digo - o que apenas se faz é desqualificar as idéias do expositor ou o próprio expoisitor, no caso eu próprio. Logo, o que digo se mantém válido por si mesmo, mas os leitores vão preferir acreditar na aparência, de que sou elitista, à verdade, tal como expus nos posts anteriores (http://adf.ly/78JBt e http://adf.ly/7CNED)

2) Mesmo fundamentando o que digo,  a acusação do crítico de que sou elitista é peremptória. Não há argumento fundamentando o porquê do meu erro. Logo, isso confirma o ponto 1;

3) Mesmo que a política de cotas não seja perene, o dano aos que foram beneficiados pelas cotas são perenes, estigmatizantes - e isso, sim, confirma o argumento de que cota é uma forma de racismo dissimulada. É uma forma de manter gente na pobreza - uma forma qualificada e sofisticada de se construir um curral eleitoral.

4) Além disso, antes de se falar em dominação burguesa, é preciso ver o que ou quem é burguesia, para Karl Marx. Eu li O Manfiesto Comunista, fonte desse argumento, e não encontrei conceito nenhum de burguesia - o que se vê é "a burguesa fez isso, a burguesia fez aquilo", mas quem é burguesia, isso ele não fala. Logo, o argumento é inválido, por ser meramente retórico. Para quem estuda processo penal, o acusado deve ser identificado ou suficientemente descrito, antes de se acusá-lo pelo suposto crime que este praticou - do contrário, a acusação será nula. Como pode haver bom promotor, se ele segue essa linha de raciocínio? E muitos dos membros do MP têm ideologia na cabeça - e isso é fato.

5) Pessoas não se dividem em classes - não vivemos em sociedade de castas, como na Índia; lá a pessoa se mantém pobre e discriminada, não importa o que de bom ela faça. Aqui, por enquanto, já que a nossa sociedade é capitalista, se uma pessoa é pobre, ela pode trabalhar duro, se esforçar e mudar de vida. Muita gente hoje faz isso - e as pessoas de bem se inspiram nos vencedores e não nos perdedores. E isso inclui muitos negros que vieram de favela e ficaram bem de vida, seja estudando ou jogando futebol. E isso demonstra a falácia do argumento de que o que defendo é, necessariamente, elitista.

6-A)  Agora, passo a responder a esta questão: "ser negro pobre no Brasil é a mesma coisa de ser branco pobre no Brasil?" A respostá é: Sim, a situação de miserabilidade e de indigência humana é indiferente quanto à cor - isso é fato natural. O fato de os negros serem maioria da população miserável não os coloca em situação especial que a dos não negros que estão na mesma condição. Logo, a cor da pele se torna privilégio circunstanciado, e isso é uma forma de implantar, pela via da tirania, um sistema de castas semelhante ao da Índia - por isso, as cotas, sim, ferem o princípio da igualdade perante a lei, bem como o livre acesso aos cargos públicos, através do exame em provas e provas e títulos, como manda a Constitiuição. Se o STF declarou a constitucionalidade das cotas, violou o princípio da não-traição - e, por isso, rasgou a constituição. Por essa razão, a autoridade desta corte não existe, já que nada está acima dele, já que Deus é irrelevante para esses homens (afinal, eles não disseram que o preâmbulo não tinha relevância constitucional?). Por causa disso, não passam de verdadeiros tiranos, usando toga.

6-B) Além disso, um presidente dos EUA, o Obama, foi eleito por causa da cor da pele - por causa dessa tal "dívida histórica", promovida pelo politicamente correto. Obviamente, quem se elege assim tem carta branca para governar o país de modo despótico, já que não terá o compromisso moral de estar à altura do cargo que desempenha e nem de respeitar as leis que são anteriores a ele no cargo, visto que não tem nada a provar à população que é honesto, já que nada concorreu para fazer alguma coisa de bom pela sociedade, posto que o cargo lhe foi entregue de mão beijada. Isso é próprio do ser humano, isso que eu falo, não importa se é negro, amarelo, branco ou verde com bolinhas.

7) Destaco, por fim, este ponto: "enquanto o sistema de ensino não melhora o negro tem que continuar numa posição desprivilegiada na sociedade?" Atentem para o caráter retórico dessa pergunta - isso merece duas respostas: uma preliminar e outra de mérito.

7-A) Preliminarmente. eu nunca defendi que o negro deve continuar pobre (Deus me livre e guarde!). Isso decorre daquilo que fui acusado no ponto 1 - e essa pergunta retórica é prova inequívoca de má-fé - pois, para quem assim argumenta, para existir ricos, é preciso haver pobres, ainda que pela via forçada. E um desses argumentos é a tal da teoria da exploração, há mais de cem anos refutada por Eugen von Böhm-Bawerk - e isso foi convertido em bases culturais. Sobre isso, eu falarei num próximo post, tão logo eu possa.

7-B) O fato de haver pobres se deve a isto:

1) O Governo não deixa os mais ricos empreenderem, visto que há uma violenta carga tributária.

2) O Governo não se preocupa com o futuro dos mais jovens, visto que acabaram com a autoridade dos professores e com a repetência escolar. Além disso, construir uma escola não é sinônimo de garantir ensino decente. 

3) Some-se a isso o fato de que o Governo criminaliza o homeschooling, fazendo com a que a criança fique à mercê de um sujeito que acha que sabe tudo e a única coisa que este sabe fazer (e vai fazer!) é vociferar contra os EUA, contra o capitalismo e contra o Cristianismo, sob a alegação de que isso é "ensino crítico". Que coisa boa alguém pode aprender de um sujeito maledicente?  

4) Há um argumento que não se vê: onde o governo não faz aquilo que lhe compete, as pessoas, por sua própria iniciativa, estão buscando a solução, para os seus filhos, já que educação é um ato de amor e de caridade intelectual. As pessoas estão buscando construir escolas comunitárias para os seus filhos estudarem perto de casa, já que só tem vaga em escola pública longe de onde eles moram, pagando professores paticulares para isso - além disso, há municípios onde o transporte público não é gratuito para os estudantes da rede pública municipal, ou estadual, o que incentiva a construção dessas escolas comunitárias. Além disso, há um movimento em prol do homeschooling, desde a condenação do casal Nunes, já que não é função da escola formar cidadãos, posto que quem forma indivíduos, no plano moral, é a família, posto que é a Igreja doméstica.  Um exemplo dessa iniciativa é o Escola sem Partido (link para acessar: http://adf.ly/RRqk)

5) Quanto mais se tira da família a responsabilidade natural de se formar indivíduos ajustados e responsáveis, mais intervenção do Estado na sociedade ocorre - a tal ponto que ela destrói todos os valores morais que são a base de um país, pela relativização desses valores - e os marxistas, desde Gramsci, apontam que os valores "burgueses" vêm da Igreja de Cristo. E tudo isso contribui para a anarquia, pura e simplesmente. 

Eis um exemplo do que se deve e o que não se deve fazer, ao argumentar. 

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 10 de abril de 2012 (data da postagem original)