No contexto atual, onde a conectividade se tornou onipresente, a maneira como utilizamos as redes sociais diz muito sobre nossos valores, objetivos e nível de maturidade digital. Para muitos, essas plataformas permanecem como espaços de lazer, entretenimento e relações afetivas sem compromisso. No entanto, para outros, mais conscientes de sua trajetória e necessidades, a rede social se converteu em uma ferramenta de trabalho, planejamento e construção de valor.
Durante os anos 1980 e 1990, não existiam redes sociais digitais nos moldes que hoje conhecemos. Caso existissem, seriam certamente utilizadas como meios de manutenção de vínculos escolares e acadêmicos, permitindo um reencontro com colegas valiosos e oferecendo um panorama contínuo das mudanças nos ambientes sociais de origem. No entanto, à época, essas tecnologias ainda não estavam disponíveis. Foi somente nos anos 2000 que surgiram os primeiros esboços dessa possibilidade, com o advento do Orkut — rede que, embora pioneira, ainda não oferecia os recursos e o dinamismo consagrado posteriormente pelo Facebook.
Diferente do Orkut, o Facebook permitiu a construção de uma rede a partir do zero, com base em objetivos definidos e direcionamentos claros. Isso possibilitou não apenas a ampliação de contatos, mas também a filtragem de relações com base em critérios estratégicos, oferecendo um ambiente propício à geração de oportunidades e crescimento profissional.
Com o amadurecimento pessoal e o refinamento dos critérios de avaliação social, torna-se natural o afastamento de vínculos improdutivos. Assim, o usuário que compreende a rede como ferramenta de trabalho passa a estabelecer conexões com base em reciprocidade e potencial de benefício mútuo. Perfis que não oferecem valor prático à construção de algo maior — seja conhecimento, parceria, ou mesmo inspiração sólida — são excluídos ou ignorados, pois não correspondem ao propósito definido.
Esse foi precisamente o caso da minha experiência no LinkedIn. A partir das postagens que publiquei — muitas delas fruto de reflexão profunda e alinhadas ao meu campo de atuação — construí uma rede praticamente do nada. Contudo, eu tinha uma base sólida de onde operar: entre 2005 e 2007, estagiei na Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro (PGE-RJ), onde comecei a exercer influência e consolidar meu entendimento sobre o ambiente jurídico e institucional. Esse período me forneceu não apenas experiência prática, mas também fundamentos para compreender como e por que determinadas conexões são valiosas.
A partir daí, minha postura passou a ser a de um verdadeiro curador de relações. Não aceito convites ou mantenho conexões apenas por conveniência ou cordialidade digital. Cada contato precisa representar um elo produtivo, uma possibilidade concreta de colaboração, aprendizado ou avanço mútuo. Caso contrário, a relação é encerrada, pois redes improdutivas drenam energia e comprometem o foco.
Essa postura não nasce de um desdém pelas relações humanas, mas de uma valorização do tempo, da energia e dos talentos recebidos. Em uma era de excessos e distrações, é preciso agir como curador de relações. O Facebook, o LinkedIn e outras plataformas digitais, nesse contexto, deixam de ser redes de memórias e passam a ser territórios de semeadura e colheita, onde cada contato precisa justificar sua presença por meio de frutos concretos.
Assim, entende-se a rede social não como um fim em si mesma, mas como um meio — uma ferramenta a ser utilizada com sabedoria, responsabilidade e discernimento. Quem compreende essa lógica transforma sua presença digital em um campo de ação produtiva, alinhando-se à ética do trabalho, ao espírito empreendedor e à maturidade que o tempo exige.
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