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segunda-feira, 14 de abril de 2025

Menos é mais: uma aplicação da Teoria do Slot ao consumo cultural e aos pontos Livelo

Em uma sociedade regida pela aceleração e pelo consumo desenfreado, pensar o consumo cultural a partir da filosofia do "menos é mais" pode parecer contraintuitivo. No entanto, uma simples análise da aquisição de um livro revela a inteligência por trás dessa estratégia.

Tomemos como exemplo o livro Um reino e suas repúblicas no Atlântico, organizado por João Fragoso, com preço de R$ 73,45. Parcelado em 7 vezes sem juros, temos uma parcela mensal de R$ 10,49. Agora imaginemos uma situação em que o indivíduo recebe R$ 50,00 mensais em seu melhor aniversário – isto é, como um presente simbólico recorrente, uma mesada anual.

Com esse valor mensal, o livro se "autopaga" com folga, sobrando recursos para outros pequenos investimentos. Essa relação mostra que, mesmo com pouco, é possível adquirir conhecimento de qualidade com planejamento e discernimento. Se o indivíduo desejar conectar mais de uma obra à mesma condição de pagamento, ele pode planejar a aquisição de quatro livros do mesmo valor, com parcelas mensais de aproximadamente R$ 41,96 – ainda dentro da margem da mesada mensal.

Do ponto de vista dos programas de fidelidade, como o Livelo, a situação se torna ainda mais interessante. Cada real gasto rende, em uma situação ordinária, cerca de 1 ponto. No entanto, há ocasiões especiais (como a Black Friday), em que cada real pode valer 10 pontos ou mais. Portanto, a compra de 4 livros de mesmo valor (R$ 73,45) sob condições de promoção poderia render:

  • Situação ordinária: 4 x 73,45 x 1 = 293,8 pontos (arredondado para 296 pontos)

  • Situação promocional (10x): 4 x 73,45 x 10 = 2.938 pontos (arredondado para 2.960)

Se esses pontos forem acumulados com disciplina, podem ser trocados por passagens aéreas nacionais ou internacionais, livros raros, eletrônicos ou mesmo diárias em retiros espirituais. Em termos concretos, 2960 pontos podem equivaler a cerca de R$ 50,00 em compras futuras em parcerias da Livelo, ou servir de entrada para aquisições mais significativas.

A Teoria do Slot – segundo a qual cada oportunidade de consumo tem um momento ideal no espaço-tempo – mostra-se, aqui, altamente eficiente. Escolher quando consumir é mais importante do que quanto consumir. É como a sabedoria do agricultor que, ao entender as estações, sabe o momento exato de plantar e colher.

Vamos mais fundo: se uma pessoa tivesse recebido, ao longo de 28 aniversários, R$ 50,00 mensais, ela teria acumulado R$ 1.400,00. Convertidos em pontos Livelo, mesmo em condição ordinária, ter-se-ia:

  • R$ 1.400 x 74 pontos por real = 103.600 pontos (ou 82.880 com ajuste conservador)

Esse montante de pontos seria suficiente para diversas trocas relevantes no ecossistema de fidelidade, desde passagens aéreas até produtos eletrônicos e livros raros. Tudo isso a partir de um gesto constante e modesto: receber e investir um pequeno valor mensal.

Conexão com a Economia de Francisco

A proposta aqui apresentada não é apenas uma estratégia de consumo inteligente, mas um verdadeiro ato de resistência contra a lógica do desperdício. A Economia de Francisco, inspirada nos valores de São Francisco de Assis e proposta pelo Papa Francisco, convida-nos a um novo pacto econômico baseado na sobriedade, na inclusão e na sustentabilidade.

Nesse contexto, a filosofia do "menos é mais" encontra seu lugar natural. Adquirir um livro por vez, pagar com tranquilidade, acumular pontos com paciência e investir esses recursos em cultura, espiritualidade e bem comum é uma manifestação concreta de uma economia com rosto humano. A fidelidade não está apenas nos pontos, mas na constância dos gestos.

Comprar um livro que nos liga à nossa história, ao passado de nossas nações irmãs do Atlântico, é também um gesto de reconciliação e reinterpretação. Isso é economia integral: transformar cada ato de consumo em um ato de formação, de memória e de oferta.

Conclusão

O exemplo revela que o poder do "menos é mais" não está apenas na renúncia, mas na inteligência de alocar recursos com precisão. Não se trata de comprar mais, mas de comprar melhor. A sabedoria, nesse contexto, não é fruto do acúmulo, mas da afinação entre tempo, valor e conhecimento. A filosofia da moderação não é apenas uma virtude espiritual: é também uma ferramenta de maximização econômica e cultural.

Assim, um simples livro de história revela-se um documento vivo da inteligência financeira, da estratégia cultural e da maturidade espiritual. E, de fato, prova cabal de que menos é mais.

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