1) Não discorde do que eu falo, se você não tem como apontar onde está o erro da minha tese de modo a corrigi-la fraternalmente, nos méritos de Cristo.
2.1) Se você discorda do que eu falo, e não é capaz de rebater o que eu digo, então o que eu falei é verdade a ponto de ferir o que você conserva de conveniente e dissociado da verdade - e como a raiz de todo o mal na Terra de Santa Cruz está nisso, é melhor nem fazer parte do meu círculo social, posto que arranquei sua máscara.
2.2) Eu não tolero conservantistas - e eu não confundo essa gente esquerdista, ainda que se diga de direta nominalmente falando, com quem conserva a dor de Cristo, pois é do processo próprio de se conservar a dor de Cristo que vem toda uma tradição de conformidade com o Todo que vem de Deus que faz com que o Brasil seja livre em Cristo, por Cristo e para Cristo, já que a verdade é o fundamento da liberdade.
2.3.1) O verdadeiro conservador liberal nesse ponto é magnificente, não libertário-conservantista a ponto de pensar que o caminho, a verdade e a vida é a sua prisão.
2.3.2) O liberal magnificente, que é humilde, serve, enquanto o moderno se recusa a servir ao verdadeiro Deus e verdadeiro Homem nesta terra e em terra distantes de modo que Seu Santo Nome seja publicado em todas as nações do Globo, pois este é o verdadeiro império que realmente importa, tal como foi apontado no Milagre de Ourique. Esse império não perecerá, ao contrário do que afirmou Jean-Baptiste Duroselle.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 20 de abril de 2025 (data da postagem original).
1. Introdução: A verdade como critério de comunhão
Neste mundo onde o ruído das ideologias abafa a Palavra que salva, torna-se cada vez mais urgente que se estabeleça um critério firme para o diálogo e a convivência pública. A verdade, nos méritos de Cristo, é esse critério. Aquele que se apresenta para debater, criticar ou participar da vida comum, deve fazê-lo sob a luz da verdade. Do contrário, não passa de um mascarado entre os homens.
Rejeitamos, portanto, qualquer discordância que não seja acompanhada da correção fraterna, fundada na caridade e na razão. Como afirma Santo Tomás de Aquino, a correção fraterna é devida entre iguais em dignidade e necessária quando a verdade está em jogo (cf. Suma Teológica, II-II, q. 33). Fora disso, não há crítica, mas apenas murmúrio ou soberba.
2. O conservantismo como heresia moderna
O que aqui chamamos de “conservantismo” não é o verdadeiro espírito de conservação — que guarda a tradição recebida de Cristo e dos santos —, mas sim uma paródia moderna, funcional ao sistema que diz combater. O conservantista é aquele que, mesmo falando em defesa da “ordem”, do “mercado” e da “família”, recusa-se a sofrer pela verdade, preferindo manter seus privilégios, alianças políticas e zonas de conforto.
Tal postura revela-se completamente dissociada da dor de Cristo. Como ensina São Paulo, “se com Ele sofremos, com Ele seremos glorificados” (Rm 8,17). A tradição católica, desde os mártires até os doutores, sempre ensinou que a verdade exige sacrifício. E o conservantista se revela incapaz deste sacrifício, exatamente porque idolatra sua própria estabilidade.
Neste sentido, é preciso reafirmar: não há liberdade sem verdade, e não há verdade sem dor. Como nos lembra Bento XVI:
“A verdade não é imposta, mas propõe-se com amor e testemunho; contudo, sem verdade, o amor degenera em sentimentalismo, e a liberdade em arbítrio.” (Caritas in Veritate, n. 3)
3. Liberalismo magnificente: a generosidade que serve
Em contraste com o conservantismo egoísta, propomos a figura do liberal magnificente — aquele que, sendo livre na verdade, serve com humildade e coragem. Inspirando-se na virtude aristotélica da magnificência (cf. Ética a Nicômaco, IV), este homem é capaz de realizar grandes feitos com grande espírito, não por vaidade, mas por amor à verdade.
Este é o tipo de homem político que desejamos para a Terra de Santa Cruz: alguém capaz de tomar decisões públicas e privadas nos méritos de Cristo, não se prendendo à letra da lei quando ela trai a justiça, nem ao ídolo da liberdade moderna, quando ela contradiz a ordem natural e divina. Como escreveu Olavo de Carvalho:
“A verdadeira liberdade é a do espírito que reconhece a ordem do ser e a serve com alegria.” (O Imbecil Coletivo)
4. Ourique e o verdadeiro Império
Toda esta reflexão ganha contornos escatológicos e missionários quando evocamos o Milagre de Ourique. Ali, como narra a tradição, Cristo apareceu ao rei Afonso Henriques e o consagrou como defensor da fé, anunciando o império espiritual que deveria nascer em nome d’Ele. Esse império não é o domínio terreno do poder humano, mas o reino da verdade espalhado entre as nações.
Ao contrário do que prevê Jean-Baptiste Duroselle em Tout Empire Périra, o Império de Cristo não perece. Ele avança silencioso pelas almas e pelos povos que O acolhem. E é neste Império que queremos habitar — não na caricatura liberal de um mundo "livre" mas desalmado, nem no conservadorismo apodrecido de quem não quer servir.
5. Conclusão: A máscara caiu
Por fim, àqueles que se veem feridos por estas palavras, cabe o exame de consciência. Se a verdade exposta neste texto parece agressiva, talvez seja porque ela está desmascarando não uma ideia, mas um estilo de vida fundamentado na mentira. Como disse nosso Senhor: “a verdade vos libertará” (Jo 8,32). Mas só será liberto aquele que deixar-se ferir pela espada que sai da boca do Cordeiro (Ap 19,15).
A máscara caiu. E se ela caiu, é para que vejamos, com mais clareza, o rosto de Cristo crucificado — nossa única esperança.
Bibliografia e Referências
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Bíblia Sagrada, tradução da CNBB ou da Ave Maria.
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Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, especialmente II-II, questões 23 a 33.
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Aristóteles, Ética a Nicômaco, Livro IV, sobre a magnificência.
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Bento XVI, Caritas in Veritate, encíclica de 2009.
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Olavo de Carvalho, O Imbecil Coletivo, O Jardim das Aflições.
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Jean-Baptiste Duroselle, Tout Empire Périra (Paris: Imprimerie Nationale, 1992).
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Sidney Silveira, diversos artigos sobre política e verdade, acessíveis em permanencia.org.br.
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Rodrigo Gurgel, ensaios sobre crítica literária e formação da alma brasileira.
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Josiah Royce, The Philosophy of Loyalty (Macmillan, 1908) – recomendada por Olavo de Carvalho para compreender o problema da fidelidade no Império moral cristão.
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Frederick Jackson Turner, The Frontier in American History – para refletir sobre a expansão espiritual em analogia à expansão territorial cristã.
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