A história recente da humanidade mostra como a ciência e a técnica, quando separadas de uma visão ética e verdadeira do homem, podem ser facilmente instrumentalizadas pela ideologia. Um olhar atento sobre a crise da Aids nos anos 80 e 90, somado às lições da pandemia de Covid-19, revela não apenas falhas nos métodos de enfrentamento das doenças, mas também a manipulação das consciências em larga escala, sempre sob o pretexto de "seguir a ciência".
A Epidemia de Aids e a Ideologia do Sexo Livre
No Brasil, durante as décadas de 1980 e 1990, a Aids se espalhou de forma alarmante. Diante da gravidade da situação, campanhas massivas passaram a incentivar o uso da camisinha como a principal – e praticamente única – solução para prevenir a transmissão do HIV. O discurso oficial afirmava que o preservativo "salvava vidas", sem ressalvas.
Contudo, o vírus HIV, com cerca de 120 nanômetros, é menor do que as imperfeições microscópicas do látex. Além disso, o próprio ato sexual, especialmente em práticas mais agressivas, gera microfissuras na pele e nas mucosas, invisíveis a olho nu, que funcionam como portas abertas para a infecção, mesmo na presença de preservativos. Assim, o método nunca foi absolutamente seguro.
Entretanto, admitir a insuficiência da camisinha seria questionar o modelo cultural dominante: o da liberação sexual sem restrições morais. O uso da técnica (neste caso, o preservativo) foi promovido como solução milagrosa não porque fosse absolutamente eficaz, mas porque respaldava a ideologia do prazer sem responsabilidade.
A Resposta da Igreja na África
Contrastando com essa abordagem, a Igreja Católica propôs uma solução baseada na ética cristã: a abstinência e a fidelidade. Especialmente em países da África, devastados pela epidemia e marcados por práticas tribais que incentivavam o abuso sexual (como a crença de que relações com virgens poderiam curar doenças), a mudança de comportamento mostrou resultados concretos.
O caso de Uganda é emblemático: através do programa "ABC" (Abstinence, Be faithful, use Condoms), onde a prioridade era a mudança de conduta sexual e não a simples distribuição de preservativos, as taxas de infecção por HIV despencaram. Onde se cultivou a responsabilidade, o respeito e a castidade, a doença perdeu terreno.
Esses fatos foram ignorados ou distorcidos por boa parte da mídia ocidental, pois contrapunham-se ao dogma da "liberdade sexual" absoluta, considerado intocável pela cultura contemporânea.
A Pandemia de Covid-19: Técnica e Medo
Avançando no tempo, a pandemia de Covid-19 expôs ainda mais a subordinação da técnica à ideologia. Novamente, as soluções propostas foram promovidas como dogmas inquestionáveis: "máscaras salvam vidas", "lockdowns são indispensáveis", "vacinas impedem a transmissão". Qualquer questionamento, mesmo científico, foi tratado como heresia.
Entretanto, assim como o vírus da Aids era muito menor do que os poros dos preservativos, o vírus SARS-CoV-2 é muito menor do que os poros das máscaras comuns. Estudos mostraram que, isoladamente, o vírus poderia atravessar essas barreiras. A justificativa dada foi que as máscaras barrariam as gotículas – o que é verdade até certo ponto –, mas nunca se discutiu abertamente suas limitações reais, ou seus efeitos colaterais no longo prazo, como problemas respiratórios, isolamento social, depressão, e a destruição de pequenos negócios.
A técnica foi instrumentalizada para gerar medo e submissão, favorecendo uma agenda de controle social, concentração de poder e dependência estatal. Mais uma vez, a "ciência" deixou de ser uma busca pela verdade para se tornar um instrumento de engenharia social.
Conclusão: A Verdade como Fundamento da Saúde Pública
As crises sanitárias dos últimos 40 anos provam que a verdadeira solução dos problemas humanos passa, antes de tudo, pela restauração da verdade sobre o homem. A técnica, isolada da moral, é facilmente manipulável.
A Igreja Católica, ao defender a abstinência e a fidelidade na luta contra a Aids, mostrou que somente uma visão integral do ser humano – corpo e alma – pode sustentar políticas de saúde eficazes e justas. O mesmo vale para a Covid-19: sem amor pela verdade e pela liberdade autêntica, toda a ciência se torna serva do medo e da tirania.
Em tempos de crise, a pergunta essencial não é "o que a técnica pode fazer?", mas sim: "o que é o verdadeiro bem para o homem?"
Bibliografia e Fontes Essenciais
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Bento XVI. Caritas in Veritate. Encíclica sobre a verdade e o desenvolvimento humano integral (2009).
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Organização Mundial da Saúde (OMS). Effectiveness of Male Latex Condoms in Preventing HIV Transmission (2001).
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Edward C. Green. Broken Promises: How the AIDS Establishment has Betrayed the Developing World. PoliPointPress (2003).
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Edward C. Green e Allison Herling Ruark. "AIDS and the Churches: Getting the Story Right," First Things (2008).
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Giorgio Agamben. Onde estamos? Epidemia e sociedade (2021) – Reflexão crítica sobre a manipulação do medo durante a pandemia.
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Didier Raoult. Epidemias: Verdadeiras ameaças e falsos alarmes (2017).
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Luc Montagnier. (Virologista, Nobel de Medicina, crítico de certas abordagens da pandemia).
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Relatório "ABC" de Uganda. Diversos documentos disponíveis sobre o sucesso da política de abstinência e fidelidade (1990-2000).
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Paulo VI. Humanae Vitae (1968) – Encíclica sobre a regulação da natalidade, que antecipa muitos dos problemas ligados à banalização da sexualidade.
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Didier Fassin. When Bodies Remember: Experiences and Politics of AIDS in South Africa. (University of California Press, 2007).
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Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Informes técnicos sobre efetividade de máscaras e transmissão viral.
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