Enunciado
"No Islamismo, ‘deus’ manda mentir em nome da expansão do Islã. No Comunismo, mente-se em nome da verdade. Logo, o socialismo árabe reúne o pior dos dois mundos."
Introdução
Ao longo do século XX, dois sistemas de pensamento se destacaram como promotores de projetos políticos de alcance global: o Islã político e o comunismo revolucionário. Ambos, em diferentes contextos, instrumentalizaram a mentira como ferramenta de expansão, seja no plano religioso, seja no plano histórico-material. Quando esses sistemas se encontraram e se fundiram sob o rótulo de socialismo árabe, surgiu uma forma de governo que, longe de representar uma síntese dialética positiva, passou a combinar o pior de duas tradições totalitárias: a mentira religiosa justificada por Deus e a mentira política justificada pela História.
1. A Mentira Justificada no Islamismo Político
O conceito de taqiyya (تقیة) — embora originalmente restrito ao contexto xiita — passou a ser reinterpretado por grupos islâmicos radicais como uma licença religiosa para mentir aos “infiéis” em nome da jihad. Essa distorção é característica de movimentos como a Irmandade Muçulmana, Al-Qaeda e o Estado Islâmico, cujos membros frequentemente utilizam o artifício da dissimulação com o objetivo de expandir a umma (comunidade islâmica) e enfraquecer seus inimigos.
“A guerra é engano” — Hadith de Bukhari (Volume 4, Livro 52, Número 269)
Essa prática, embora não aceita por todos os muçulmanos, serve de base teológica para regimes como o Irã pós-revolução de 1979 ou mesmo para a retórica de certos líderes sunitas em contextos de guerra cultural e religiosa.
Bibliografia:
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Ibn Warraq, Why I Am Not a Muslim
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Bernard Lewis, The Crisis of Islam
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Bat Ye'or, The Dhimmi: Jews and Christians Under Islam
2. A Mentira Justificada no Comunismo
No comunismo marxista-leninista, a mentira não é apenas tolerada, mas elevada à condição de instrumento da dialética histórica. A verdade deixa de ser objetiva ou moral e passa a ser determinada pelos interesses do partido. A mentira, portanto, é válida desde que sirva à causa revolucionária.
“A moral comunista é aquela que serve à luta de classes.” — Vladimir Lenin
A propaganda soviética, as confissões forçadas nos julgamentos de Moscou, os documentos falsificados e os dados manipulados do PIB são exemplos históricos desse uso sistemático da mentira como método de governo.
Bibliografia:
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Aleksandr Solzhenitsyn, O Arquipélago Gulag
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George Orwell, 1984
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Alain Besançon, A Infelicidade do Século
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Richard Pipes, A História do Comunismo
3. O Socialismo Árabe: Síntese Infernal
O socialismo árabe emergiu na década de 1950 como tentativa de combinar o pan-arabismo com o socialismo marxista, numa luta tanto contra o imperialismo ocidental quanto contra a fragmentação dos Estados árabes. Figuras como Gamal Abdel Nasser (Egito), Michel Aflaq (Síria/Iraque) e Saddam Hussein foram seus principais articuladores. O partido Baath, fundado por Aflaq (um cristão árabe), pretendia unir os povos árabes num só corpo político, inspirado na utopia socialista.
Porém, ao invés de produzir um novo paradigma civilizacional, o socialismo árabe:
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Manipulou o Islã para fins políticos, mantendo uma fachada religiosa.
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Adotou a mentira revolucionária marxista como política de Estado.
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Oprimiu minorias, aniquilou a dissidência e cultivou o culto à personalidade.
O resultado foi uma ditadura travestida de libertação, onde a verdade desaparece entre dois monstros: um “deus” que permite a mentira e um “partido” que mente em nome da verdade.
Bibliografia:
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Fouad Ajami, The Arab Predicament
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Patrick Seale, Asad: The Struggle for the Middle East
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Samuel Huntington, O Choque de Civilizações
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Albert Hourani, A History of the Arab Peoples
Conclusão
O enunciado que dá origem a este artigo expressa de forma lapidar uma realidade política ignorada por muitos: o socialismo árabe não representa uma fusão virtuosa entre o pensamento religioso e o revolucionário, mas sim a reunião de suas perversões mais profundas. Nele, a mentira é elevada a norma tanto pela fé quanto pela ideologia. Esse regime, ao fazer do engano o alicerce da ordem social, termina por destruir a liberdade, a responsabilidade e a verdade — os três pilares de qualquer civilização humana digna desse nome.
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