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sexta-feira, 11 de abril de 2025

Como transformar pontos Livelo em renda no Chile: uma estratégia de logística, cashback e bitributação inteligente

Introdução

Se você vive no Brasil e está planejando uma experiência internacional de médio prazo, especialmente no Chile, pode transformar suas compras em pontos Livelo em uma estratégia de circulação de bens e geração de renda com eficiência fiscal. Após dois anos de residência, você conquista o RUT permanente — e com ele, abre-se a possibilidade de explorar legalmente os mecanismos locais de importação e revenda.

Este artigo apresenta uma abordagem prática para transformar pontos Livelo, frete isento de impostos via Zofri, e cashback internacional em um ciclo de consumo inteligente e geração de renda extra.

1. Dois anos de residência no Chile: o acesso ao RUT permanente

Ao viver no Chile por dois anos e manter a regularidade da sua permanência, você obtém o RUT permanente, o número de identificação fiscal do país. Com ele, você pode:

  • Abrir conta bancária.

  • Importar produtos com isenções específicas.

  • Usar caixas postais na Zona Franca de Iquique (Zofri), uma das áreas mais vantajosas do continente para entrada de produtos sem pagamento de IVA.

2. Compras com pontos Livelo no Brasil

Enquanto ainda estiver no Brasil ou em qualquer lugar com CPF ativo e conta Livelo, você pode:

  • Resgatar produtos caros (como livros ou eletrônicos) com pontos Livelo.

  • Comprar via Amazon.com.br com entrega no endereço de redirecionamento no Brasil (como o EuroFast Box) e remetee o produto para a sua caixa postal na Zofri.

  • Evitar o pagamento de imposto de importação e IVA ao direcionar o envio para sua caixa postal na Zofri.

3. Uso pessoal e revenda legalizada na Yapo.cl

Após um período de uso pessoal dos itens (que descaracteriza a importação comercial), você pode:

  • Revender os produtos através do Yapo.cl, o equivalente chileno ao OLX.

  • Declarar essa atividade como pessoa física autônoma, ou formalizar como microempreendedor local.

  • Atender clientes da sua própria vizinhança, maximizando a logística.

4. Entrega via Uber Courier e cashback internacional

Caso o comprador esteja próximo, você pode:

  • Enviar o item pelo Uber Courier, serviço já disponível em diversas regiões metropolitanas do Chile.

  • Pagar o envio em CLP, moeda desvalorizada frente ao real ou dólar.

  • Ativar o cashback internacional via Honey (uma extensão similar à Coupert) e recupera um cashback fixo de $ 10,00 - o que pode corresponder a muitas vezes o valor que você pagou pelo frete em moeda chilena, dependendo da ocasião.

  • O cliente tem frete grátis e você obtém cashback em dólar, que pode ser convertido via PayPal ou usado para novas compras. 

5. Tributação inteligente com o tratado Brasil–Chile

Por fim, o que você recebe como rendimento no Chile:

  • Pode ser declarado no Imposto de Renda brasileiro, caso mantenha residência fiscal no Brasil, para efeito de isenção da poupança e de invenstimento em LCA e LCI.

  • Se for tributado no Chile, você tem crédito tributário no Brasil graças ao tratado de bitributação, evitando a dupla incidência de impostos.

  • Isso legitima sua renda internacional, tornando possível inclusive a aplicação de rendimentos no Brasil (em CDBs, Tesouro Direto, etc.). 

6. Renda convertida e protegida via Tesouro Direto

Com a renda obtida no Chile convertida para reais por meio de plataformas como Wise ou Remessa Online, você pode aplicar esse capital diretamente no Tesouro Direto brasileiro, especialmente em títulos pós-fixados que acompanham a Selic ou atrelados à inflação.

Graças ao tratado de bitributação entre Brasil e Chile, essa aplicação possui dois efeitos positivos:

  • Não sofre tributação adicional no Chile, já que os rendimentos estão declarados e investidos no país de residência fiscal original.

  • Gera rentabilidade segura e estável, mantendo o capital vinculado ao sistema financeiro nacional e livre de oscilações cambiais indesejadas.

Essa escolha de investimento em renda fixa no Brasil reforça a legitimidade da origem dos fundos e evita que o Chile tente tributar ganhos que, por direito, já foram reconhecidos e regularizados no Brasil.

7. Dupla formalização: MEI no Brasil e microempreendedor no Chile

Ao manter o status de MEI no Brasil, você garante:

  • Contribuição simplificada para o INSS, assegurando aposentadoria e benefícios previdenciários;

  • CNPJ ativo para emitir notas fiscais brasileiras, inclusive em marketplaces como Amazon e Mercado Livre;

  • Acesso facilitado a crédito bancário com taxas menores, inclusive linhas de crédito com garantia do FGO.

Simultaneamente, ao viver no Chile e manter-se legalmente com RUT (Registro Único Tributário), você pode:

  • Registrar-se como microempreendedor local, acessando as vantagens da Ley de Emprendimiento, que inclui isenções iniciais, simplificação de tributos e possibilidade de atuar como pessoa jurídica local;

  • Emitir boletas electrónicas para clientes chilenos, o que facilita a revenda de itens recebidos da Zofri;

  • Contribuir para o sistema previsional chileno, caso deseje complementar aposentadoria futura no país.

Essa dupla formalização permite operar legalmente nos dois países, mantendo os deveres fiscais em dia e aproveitando o melhor de cada sistema jurídico-tributário.

Conclusão

Essa estratégia mostra que, com organização e inteligência logística, é possível transformar simples pontos de fidelidade em um modelo de microimportação, consumo consciente e revenda — tudo isso isento de IVA, com frete subsidiado por cashback, e cobertura fiscal completa entre dois países cooperantes.

Ao construir essa cadeia, você não apenas obtém renda — você ganha soberania sobre o próprio consumo e circulação de bens, num mundo onde mobilidade e inteligência tributária são ativos de valor altíssimo.

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