1) Ao longo do século XIX e começo do século XX, quando a capital do Brasil esteve sediada no Rio de Janeiro, houve uma época em que os prazos para as leis entrarem em vigor eram progressivos - quanto mais distante fosse uma localidade em relação à capital, maior à necessidade de se dilatar o prazo de modo que todos tomassem conhecimento da lei de modo que ela entrasse em vigor e assim ser aplicada na localidade.
2) No caso das traduções que eu faço, eu faço um processo análogo: primeiramente, atuo como escritor falando o que tenho a dizer para o público brasileiro, já que eu sou brasileiro - se ninguém tem interesse pelas coisas que digo, eu levo as coisas que digo a quem me dá atenção, ainda estas pessoas nada saibam português. No meu caso, eu tenho uma colombiana e vários poloneses que sempre me dão atenção - é por esta razão que traduzo para polonês e para espanhol primeiro. Quando não tenho mais alguém me dando atenção àquilo que tenho a dizer, aí eu traduzo para o inglês, de modo a chamar a atenção dos demais, que ainda não foram alcançados pelo meu trabalho.
3) Ao contrário do que o mundo faz, que internacionaliza tudo em primeiro lugar, esta é última coisa que eu faço. Eu primerio cuido do meu país - se as pessoas daqui não me dão atenção, eu dou atenção aos estrangeiros que sempre me dão atenção, pois esta é a minha família fora do Brasil - ainda que não sejam do meu sangue, todos eles amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, que é o que realmente importa. Só por último eu alcanço os demais interessados, através do inglês - se houver um novo católico me batendo à porta, é ganho sobre a incerteza; se for um aventureiro qualquer, as portas para ele sempre estarão fechadas. pois não é este tipo de pessoa que eu quero no meu círculo social.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 23 de fevereiro de 2024 (data da postagem original).
sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024
Notas sobre tradução e sociabilidade na rede social - da importância das traduções progressivas
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