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sábado, 10 de fevereiro de 2024

Notas sobre a diferença entre curiosidade e estudiosidade, do ponto de vista da psicologia

1) Se uma determinada questão ou matéria desperta em você um interesse de tal forma a investigar a realidade dos fatos a ponto de estudá-los, então isto é estudiosidade. Durante o processo de investigação, o investigador toma gosto de pela coisa, que se torna coisa amada. E o amor por esta coisa, se apontar para Deus, diz muito sobre o processo da criação do mundo: que a verdade é o fundamento da liberdade - o amor verdadeiro a um determinado interesse revela muito a natureza legítima desse iteresse - e isto é uma fotografia, um ícone da presença divina neste mundo.

2.1) Se uma determinada questão ou matéria desperta em você um estado de inquietação de tal forma que só se satisfaz quando você investiga as coisas de modo a aplacar este estado de desconforto, então isto é curiosidade - e este estado de inquietação produziu uma demanda sobre o seu espírito de tal modo a afastar este desconforto, o que caracteriza concupiscência da alma, não benevolência. 

2.2) Esta cursiosidade sobre um determinado objeto geralmente se funda num desejo desordenado, cujo interesse é conservar o que é conveniente e dissociado da verdade. Por conta da curiosidade, as pessoas não estudam de modo a buscar a verdade das coisas, de modo a ver a conexão da coisa estudada com a conformidade com o Todo que vem de Deus, mas para impressionar as outras ou para conseguir atingir aquele cargo de modo a conseguir benesses, sem o compromisso de servir à pátria ou ao bem-comum. E este comportamento é uma fotografia do vazio que há nestas pessoas, a ponto de ser um ídolo. Como nada de bom opera ali, o diabo governa os rumos das coisas, por conta da ausência de bem, como bem apontou Santo Agostinho.

2.3) Esta curiosidade só cria confltos de interesses, qualificados pela pretensão de se resistir com base no que se conserva de conveniente e fora da verdade - e isso se torna um problema social, à medida que temos todo um grupo de pessoas agindo sistematicamente dessa forma por conta dos seus desejos desordenados. Por conta de isto nos afastar da conformidade com o Todo que vem de Deus, o que é matéria grave, isto se torna um problema civilizacional muito sério, pois o conservantismo gerado vai esfriar a fé e o ânimo das pessoas a ponto de gerar uma homeostase civilizacional: a fé para elas não fará mais sentido e a civilização fundada nisso decairá. E aí entraremos numa era das trevas chamada pós-verdade.

3) Esta é, portanto, a diferença entre estudiosidade e curiosidade do ponto de vista psicologia - como economia é ação humana de modo a atender os desejos que vem da alma, então a economia da benevolência, própria da salvação, vem daquilo que move uma alma ordenada, que busca a Deus e à verdade a todo instante.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 10 de fevereiro de 2024 (data da postagem original).

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