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segunda-feira, 9 de julho de 2018

Eficiência pela eficiência é arte pela arte - notas sobre a apeirokalia laborativa

1) Quem faz do trabalho uma forma de santificação se preocupará em fazer o melhor trabalho possível, da melhor forma possível. A excelência é um hábito que aponta para a conformidade com o Todo que vem de Deus, um valor eterno.

2) Quem busca a riqueza como sinal de salvação buscará fazer as coisas no menor tempo possível. Procurará reduzir custos, sejam eles de material, sejam eles de pessoal. Dessa forma, a qualidade do produto será sempre inferior àquela feita da forma tradicional.

3.1) A excelência leva à caridade. Atender ao Cristo necessitado é sempre um ato de bondade, de beleza interior - e se o trabalho enobrece o homem, então ele lapida o coração do homem na forma de uma jóia.

3.2) É por isso que discordo do Roberto Campos: a caridade salvará o mundo porque fomenta a beleza no mundo interior das pessoas, a ponto de refletir no mundo exterior. Se o exemplo arrasta, então isso é um distributivismo.

3,3) Quem busca a eficiência como um fim em si mesmo faz com que o trabalho perca a sua nobreza e passe a se tornar um tormento, já que o trabalho deixou de ser associado a um pessoa, a ponto de ser reduzido a sua natureza e função, nos moldes de um sistema organizado, uma empresa - e nesse ponto é capaz de produzir pecados perenes, já que pessoas jurídicas não morrem da mesma forma como morrem as pessoas naturais. A eficiência pela eficiência gera apeirokalia no âmbito laboral.

3.3.1) É da perda da beleza interior que temos a perda do senso estético, da beleza exterior.

3.3.2) Se o belo aponta para verdade, então a eficiência pela eficiência é arte pela arte, pois faz as pessoas conservarem o que é conveniente e dissociado da verdade, uma vez que isso é vazio, por se fundar no amor de si até o desprezo de Deus. E isso faz da ciência e da técnica uma espécie de ideologia a serviço da riqueza enquanto sinal de salvação.

3.3.3) Isso só confirma o argumento de que a liberdade para o nada criada pelo libertário-conservantista só pavimenta o caminho para o comunista.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 9 de julho de 2018.

Para o capitalista, o lucro é uma certeza, visto que a riqueza é um sinal de predestinação

1) Se a riqueza é um sinal de salvação, então o lucro é uma certeza, já que o eleito foi predestinado com a riqueza., ao passo que o prejuízo é o que resta ao condenado. Eis o sentido da sociabilização dos prejuízos - e ele decorre dessa cosmovisão protestante em dividir o mundo entre eleitos e condenados.

2) Se o lucro é uma predestinação, então o capitalista usará todos os meios possíveis de modo a conseguir um retorno rápido para seus investimentos. E não é à toa que busca da eficiência, padronização dos produtos e concentração de bens em poucas mãos, sobretudo na forma de registro de obras e patentes, são os mecanismos que eles adotam para conseguirem ampliar o poder que possuem.

3) Tudo isso é conseguido por meio de lobby no governo, corrompendo os agentes públicos ou financiando grupos revolucionários no poder. Quem faz da riqueza sua ideologia faz com que tudo esteja no Estado e nada esteja fora dele ou contra ele.

4.1) Isso é estritamente antieconômico, uma vez que o lar deve ser organizado de modo que todos se preparem para a pátria definitiva, que se dá no Céu.

4.2) Se Roberto Campos fala que seguir os conselhos de um economista é o caminho mais certo para a falência, então jamais devemos levar em consideração um economista que não considere o que falei em 4.1 como a meta de vida definitiva de todo homem que deseje viver a vida em santidade, em conformidade com o Todo que vem de Deus.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 9 de julho de 2018.

É preciso que se faça da atividade econômica organizada uma vocação, fazendo da riqueza um instrumento de evangelização e não uma salvação. Quando se faz isso, o lucro se torna ganho sobre a incerteza

1) Com uma diária de R$ 774, a pessoa receberá 260 mil reais por ano; ao longo de 4 anos, um milhão de reais. Isso se ela tiver posto em cada um dos 28 aniversários da poupança R$ 200 mil reais, uma vez que a poupança é uma forma de previdência. Este seria um bom ponto de partida para se começar uma atividade econômica organizada fundada na vocação.

2.1) Como a riqueza é sinal de evangelização, uma boa medida seria abrir uma pequena construtora e construir condomínios para famílias católicas - condomínios especialmente projetados para quem quer ter família grande. Arquitetos e engenheiros católicos precisam ser recrutados para isso.

2.2.1) Não se trata de medida capitalista, já que a riqueza não pode ser vista como salvação. Quem tiver condições de estabelecer uma atividade econômica organizada, que faça isso por vocação de modo que as coisas sejam apontadas para a conformidade com o Todo que vem de Deus.

2.2.2) Quem preza a riqueza como sinal de salvação é indiferente ao caráter da pessoa que vai comprar o imóvel, a ponto de fazer dos condomínios microcosmos das repúblicas bananeiras, onde os que vivem à margem da lei e dos valores da sociedade sempre prosperam; o empresário que faz da ética católica seu modelo de negócio só promoverá seu negócio a quem ama e rejeita as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, fazendo anúncios nas paróquias, nas rádios católicas ou mesmo em jornais católicos - como o Brasil é muito grande ele poderá anunciar em outras praças, de maneira extensiva.

2.2.3) Se o pai de família tiver bons antecedentes (como ser bom pagador ou nunca ter sido condenado na esfera cível ou penal), ele poderá adquirir o imóvel, sem a necessidade de um fiador. Bancos católicos poderiam ser criados em paralelo de modo a financiar a construção de condomínios com essa finalidade, para famílias de baixa renda.

3.1) Afinal, este tipo de atividade econômica organizada promove o bem comum, integra as pessoas, dá a elas responsabilidades, além de criar um ambiente de encontro para pessoas com fé reta, vida reta e consciência reta. E isso é um tipo de distributivismo.

3.2) Assim como o agricultor pode ser um produtor de água, um produtor de vida, o empreiteiro que constrói imóveis para famílias católicas promove a família como o valor basilar da sociedade, fazendo assim o país como um todo ser tomado como um lar em Cristo, na conformidade com o Todo que vem de Deus. E isso é um aspecto do Reinado Social de Nosso Senhor Jesus Cristo, que quis um Império para si, ao escolher os portugueses para a tarefa de servir a Cristo em terras distantes.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 9 de julho de 2018 (data da postagem original).

domingo, 8 de julho de 2018

O que acontece quando o trabalho deixa de ser santo e enobrecedor e passa a ter fim nele mesmo?

1) Para haver capitalização, é preciso que haja uma atividade profissional organizada, criada de modo a atender aos outros em suas necessidades gerais e específicas. Isso não pode ser feito no amor de si até o desprezo de Deus, a ponto de fazer da riqueza um sinal de salvação - na verdade, isso deve ser feito de modo a ver nos seus clientes a figura do Cristo necessitado, de modo que a atividade laboral seja um lugar de encontro e não de sujeição.

2) Como foi dito pelo colega Roberto Santos, a atividade econômica organizada não pode se reduzir a ela mesma, à sua natureza e às suas funções - isso faz com o que o trabalho deixe de ser uma atividade enobrecedora e santificadora, essencial para se tomar o país como um lar em Cristo.

3.1) Quando o trabalho perde esse caráter enobrecedor e santificador, o trabalho deixa de ser uma arte e passa a assumir um caráter ideológico, a ponto de fazer da riqueza um sinal de salvação - e isso é uma espécie de apeirokalia.

3.2) E é nesse ponto que a capitalização vira capitalismo, uma vez que a riqueza se tornou uma ideologia - e é por conta do amor ao dinheiro que o Estado é tomado como se fosse religião, a ponto de tudo estar no Estado e nada poder estar fora dele ou contra ele.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 8 de julho de 2018.

Por que o caminho ensinado pela Igreja é sempre propositivo?

1) Se a matriz da cultura está na consciência, então a melhor forma de fomentar uma boa consciência está no ensino das virtudes e no repasse sistemático das experiências de vida, já que verdade conhecida é verdade obedecida.

2) É do conhecimento da experiência anterior que se vem todo um caminho propositivo de modo a trocar uma ordem social ruim, fundada no amor de si até o desprezo de Deus, por uma ordem boa, fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus.

3.1) É preciso que toda a sociedade viva a vida em conformidade com o Todo que vem de Deus, pois assim não farão da riqueza um sinal de salvação.

3.2) Se a riqueza é usada como um sinal de evangelização, então as pessoas pouparão recursos para o uso futuro e prepararão o caminho para as futuras gerações usarem a riqueza de uma maneira sábia, a ponto de servirem o que há de melhor aos outros da melhor maneira possível.

4.1) Quando a sociedade está cristianizada - amando e rejeitando as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento -, o parlamento, a casa do povo reunido, termina permeado pela cultura do debate, onde o errado costuma ser sempre trocado pelo certo, já que as sessões se dão sob a proteção de Deus.

4.2) É nesse lugar onde as classes produtivas entram em concórdia, a ponto de juntas criarem regras de direito que preservarão essa ordem livre e coibirão as injustiças fundadas no conflito de interesses qualificado pela pretensão resistida, fundada em se conservar o que é conveniente e dissociado da verdade.

5) É por essa razão que o caminho tem que ser sempre propositivo e nunca revolucionário, pois as coisas não podem decorrer da força, do autoritarismo. Afinal, é do salvacionismo do que é conveniente e dissociado da verdade que vem o autoritarismo, pois tudo isso jaz no maligno, na má consciência.

José Octavio Dettmann

Rio de Janero, 8 de julho de 2018.

Por que tradição, família e propriedade levam ao distributivismo?

1) Se a matriz da cultura está na consciência, então o primeiro passo para se desenvolver um caminho virtuoso está em se conservar o que é conveniente e sensato, pois tudo isso aponta para o sacrifício definitivo de Jesus na cruz. Nesse ponto, o conservantista sensato se tornar conservador, a ponto de amar e rejeitar as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, já que Ele é a a verdade em pessoa, o verbo que se fez carne.

2) Se o casamento é um instrumento criado por Deus de modo a promover a criação, então é preciso que homem e mulher amem e rejeitem as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, a ponto de se amarem, já que um está vendo Cristo no outro. De uma família virtuosa surgirão pessoas virtuosas, pois o pai e a mãe ensinam aos filhos tudo o que aprenderam a conservar de o que é de conveniente e sensato a ponto de estarem em conformidade com o Todo que vem de Deus.

3.1) É se passando de pai para filho que vem uma tradição - nela, a consciência reta, a vida reta e a fé reta são distribuídas de uma geração a outra, a ponto de se tornarem a base de uma cultura, a ponto de isto ser reproduzido sistematicamente ao longo das gerações, onde a geração mais nova imita a mais antiga na virtude.

3.2) A tradição decorre da família e é da família que se tem a perpetuação dos poderes de usar, gozar e dispor sobre as coisas ao longo das gerações, fazendo que com que o país seja tomado como se fosse um lar em Cristo, o que prepara a todos para a pátria definitiva, que se dá no Céu.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 8 de julho de 2018.

Sobre os poderes de usar, gozar e dispor na constância do casamento

1) O verdadeiro amor leva ao casamento, em que o homem e a mulher se aliam diante de Deus de modo a constituírem uma família e assim atenderem às finalidades da criação.

2.1) Quando se ama de verdade, é possível um deleitar-se no corpo do outro: eis a fruição. Isso é possível porque há virtude, fundada na mútua assistência e mútua santificação.

2.2) Um se vale do que há de melhor no outro de modo a se aperfeiçoar (uso) e assim servir aos outros da melhor maneira possível (disposição). Eis porque o casamento leva ao distributivismo - ele pressupõe que a família seja a base natural de toda a sociedade.

3.1) No falso amor, fundado no sexo como a medida de todas as coisas, o uso leva ao abuso, fundado no amor de si até o desprezo de Deus, e ao conseqüente descarte (divórcio).

3.2) Como essa união não foi consagrada nos altares, então os fundamentos da Santa Aliança foram servidos com fins vazios, a ponto de ofender a Deus, já que se conservou o que é conveniente e dissociado da verdade.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 8 de julho de 2018.