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sexta-feira, 27 de abril de 2018

A terra - e não o ouro - é o verdadeiro padrão universal de valor; além de servir de alicerce para se tomar o país como um lar, a riqueza da terra se reproduz, se for bem cuidada

1) Para se justificar o paradigma da escassez, a moeda deve ter por lastro o ouro, que é um padrão de universal de riqueza. O ouro é escasso e depende da produtividade das minas, que tende a se esgotar.

2) Para se substituir um padrão universal de riqueza como o ouro, você precisa de outro padrão universal de riqueza: a terra. O que a terra produz é abundante - se a terra for bem cuidada, os seus recursos jamais se escasseiam.

3) Se o lastro da riqueza é a terra, então todas as coisas em algum ponto derivaram da terra, como os metais, os produtos usados na indústria química, ou mesmo a confecção, que usa lã e couro. Isso sem contar a produção de alimentos.

4) Se a terra é o bem econômico principal, o alicerce sobre o qual se toma o país como um lar em Cristo, então a indústria é o acessório, que transforma a riqueza da terra em outras riquezas - e o comércio tende a distribuir a riqueza de modo a atender as necessidades humanas.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 27 de abril de 2018.

A lei de preferência temporal só é válida para ambientes que abraçam a ética protestante e o espírito do capitalismo, coisa que é fora da conformidade com o Todo que vem de Deus

1.1) Se a vida eterna é o bem mais importante, pois faz a pessoa organizar a casa de modo que o país seja tomado como se fosse um lar em Cristo - o que nos prepara para a pátria definitiva, que se dá no Céu -, então é válido afirmar que os que vivem em conformidade com o Todo que vem de Deus preferirão bens futuros aos bens presentes.

1.2.1) Se o futuro a Deus pertence, então as pessoas trabalharão guiadas pelo Santo Espírito de Deus de modo que as coisas sejam dadas por acréscimo.

1.2.2) Afinal, não é só de pão que vive o homem, mas da palavra de Deus. Se a palavra de Deus fornece conforto e esperança, então faz muito sentido preferir bens futuros a bens presentes, pois sem Deus nada podemos fazer.

1.3.1) Outro caso que pode explicar a preferência dos bens futuros aos bens presentes está num dizer dos nativos da América do Norte: "nós não herdamos a terra de nossos antepassados; o que fazemos é pedi-la emprestado aos nossos filhos, ainda que não nascidos."

1.3.2) Ao se ver o que não se vê, ao se dar o devido valor ao amanhã, que a Deus pertence, a riqueza gerada pela terra pode ser multiplicada e distribuída porque os vegetais e os animais se reproduzem. Se eles se reproduzem, então os bens futuros são preferidos aos bens presentes, a ponto de haver juros, cobrança justa por força de se investir em algo produtivo, como uma colheita bem-sucedida.

1.3.3) Somente numa sociedade onde o vil metal é o norte de todas as coisas que se costuma preferir os bens presentes aos bens futuros, pois o metal não se reproduz - o que nega a essência da vida. Se o metal não se reproduz, então não faz sentido cobrar juros a partir de algo que não é capaz de se reproduzir. E se um bem não se reproduz, então a cobrança é voltada para o nada, injusta e improdutiva.

1.3.4) E é dentro de uma economia de morte, fundada no metal, que a cooperação se torna competição, instrumentalizando na prática a cosmologia protestante de dividir o mundo entre eleitos e condenados, dando origem à luta de classes (os burgueses e os proletários).

2.1) A lei de preferência temporal só pode ser explicada num contexto cultural onde o mundo foi dividido nesta circunstância.

2.2) Se a riqueza é sinal de salvação, então muitos preferirão os bens presentes, materiais, a bens futuros, fundados na esperança da vida eterna. E a riqueza monetária é uma graça concedida aos eleitos, não aos condenados, que concentrarão os poderes de usar, gozar e dispor de modo a terem poder absoluto. E isso é conservar o que é conveniente e dissociado da verdade.

2.3.1) O kantismo é cria do protestantismo alemão - e a escola austríaca usa muitos elementos kantianos.

2.3.2) Como essa doutrina é anticatólica, então Angueth está certo em falar que a escola austríaca é tão contrária à Igreja quanto o marxismo.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 27 de abril de 2018 (data da postagem original).

quinta-feira, 26 de abril de 2018

Críticas a uma fala do professor Loryel Rocha

1.1) Há quem pergunte o que é conservadorismo, na verdade. 

1.2) Para o professor Loryel Rocha, essa palavra simplesmente não existe para a Coroa portuguesa, pois o termo correto é "tradição". A monarquia inglesa mesma é tradicional, mas é anticristã, a tal ponto que a Coroa está omissa com relação aos assassinatos de Charlie Gard e Alfie Evans por força da eugenia.

2.1) O próprio Loryel Rocha já havia mencionado que as palavras designam coisas. 

2.2) Muitos confundem conservadorismo com conservantismo. Aliás, os conservantistas fazem aquilo que o diabo mais gosta: confundir, pois se valem do fato de que as pessoas não dominam a linguagem, a tal ponto de serem dominadas por ela.

3.1) Se Portugal é uma nação cristã - que vive a vida em conformidade com o Todo que vem de Deus, a ponto de ir aos mares de modo a servir a Cristo em terras distantes -, então essa é uma nação conservadora, pois conserva a dor de Cristo tão profundamente que o primeiro cidadão de seu Reino se torna senhor dos senhores ao ser o servo dos servos em Cristo, sacrificando seu ego de tal maneira a de se tornar vassalo de Cristo e legar essa imitação sistemática a seus sucessores.

3.2) D. Afonso, nosso primeiro Rei, neste ponto se tornou o modelo perfeito de todo aquele que deseja ser um bom governante, a ponto de fazer o mundo português ser tomado como um lar em Cristo e ser uma escola que nos prepara para a pátria definitiva, a qual se dá no Céu. É nele que se começa toda uma tradição de monarquia fundada em serviço a Cristo e à fé, a ponto de promover a conformidade com o Todo que vem de Deus entre as nações mais estranhas.

4.1) O maior problema de uma monarquia de direito divino ocorre quando o vassalo de Cristo é tomado como se fosse religião, perdendo seu vínculo de vassalagem com o Rei dos Reis a ponto de se tornar um senhor sui juris, forjando uma espécie de absolutismo monárquico. É o que acontece no sebastianismo.

4.2) Se o vassalo de Cristo é liberado de seu compromisso, então todo o corpo social que está sujeito à sua proteção e autoridade, o Reino, é excomungado junto com ele, pois todos os que estão a ele vinculados imitarão este falso soberano no amor de si até o desprezo de Deus, como aconteceu no caso de D. João II, a ponto de fazer da conquista dos mares uma vã cobiça, já que Cristo não estava sendo contemplado, como foi bem apontado em Os Lusíadas, de Camões. E a excomunhão do Reino de Portugal já aconteceu antes, por conta dos pecados do Rei.

4.3) Outro exemplo disso se dá quando o infame príncipe-regente D. Pedro trai seu pai e secede o Brasil de Portugal. Tomou para si o título de ungido, fundou um império à revelia da tradição portuguesa e falsificou toda uma história e criou toda uma falsa tradição a ponto de nos levar à apatria sistemática. E neste ponto, o Brasil se tornou, desde 1822, uma nação anticristã, comprometida com toda a sorte de movimentos revolucionários, o que pavimentou o caminho para essa desgraça em que vivemos, que é a República.

5.1) Enfim, de nada adianta falar em tradição se não há amor à verdade, ao verbo que se fez carne de modo que a Criação fosse restaurada na sua inteireza, na sua conformidade com o Todo que vem de Deus.

5.2) A maior prova disso que é os astecas tinham o costume tradicional de fazer sacrifícios humanos - e justificar essa barbárie implica em conservar o que é conveniente e dissociado da verdade, a ponto de estar sistematicamente à esquerda do Pai.

5.3.1) O comunismo mesmo é um movimento gnóstico e já é uma tradição que já dura há pelo menos 200 anos (ao menos, 6 ou 7 gerações).

5.3.2) A essência desse movimento revolucionário é a mentira e a negação de Deus sistematicamente. Tentarão converter a missão providencial fundada em Ourique num imperialismo, numa invasão sistemática de todos os cantos do mundo fundada no amor de si do rei português até o desprezo de Deus - ou seja, numa vã cobiça. E já estão sustentando esta tese já aqui no Brasil: de que o Brasil foi invadido.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 26 de abril de 2018 (data da postagem original).

terça-feira, 24 de abril de 2018

Os municípios romanos tinham por base uma relação de cumplicidade entre os colonos, que lavravam a terra nos latifúndios, e a segurança que as autoridades romanas garantiam na forma de municípios

1) Quando Roma conquistou grandes extensões de terra de seus inimigos através da conquista militar ou por meio da virtude republicana, a ponto de reis de Cidades-Estado legarem por testamento seus domínios aos romanos, eles precisavam de mecanismos práticos de modo que essas terras fossem colonizadas e civilizadas, a ponto de atenderem à demanda do Império sempre crescente por alimentos e diversão.

2.1) O mecanismo que viabilizou os latifúndios, a produção de alimentos em grande quantidade, foi a enfiteuse, instituto copiado dos egípcios, quando foi conquistado por Roma.

2.2) Os colonos ficavam presos à terra em que viviam tomando-a como seu lar - e enquanto produziam, as autoridades romanas garantiam a segurança do lugar, assentando as bases daquilo que viria a ser chamado de feudalismo. À medida que os colonos iam lavrando a terra em troca de renda para o Erário, as autoridades romanas estabeleciam municípios de modo que as demandas dos colonos fossem atendidas.

3.1) Assim os municípios cresciam à medida que mandavam grãos para todas as regiões do império, que ficava cada vez mais integrado e consolidado, pois essas colônias ficavam leais à autoridade central.

3.2) Com a população bem alimentada e suprida em luxos, através do comércio, o Império Romano se mantinha tranqüilo politicamente e mais fácil de ser governado, apesar de toda a diversidade cultural que havia, o que poderia gerar um sério problema de instabilidade política, a ponto de fazer o Império ruir.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 24 de abril de 2018.

Notas sobre sobre a diferença entre o Império Romano e a modernidade com relação à questão da padronização urbanística e a outras coisas a ela relacionadas

Ao ler sobre o Império Romano, eu costumo fazer uma interpretação mais pessoal e tentar ligar os pontos do que foi feito no passado com o presente. Tem coisas que me chamam bastante a atenção: a questão da padronização urbanística, o pragmatismo, o aproveitamento e inclusão de várias culturas, a extensão de um modelo civilizacional e a idéia de grandeza, tudo isso parece estar totalmente ligado com a modernidade e, em especial, ao projeto do governo mundial.

Se formos observar a estrutura totalmente uniforme dos prédios modernos, perceberemos que ela (1) traz a noção de pobreza e miséria existencial cultuando uma espécie de homem-máquina, apoiada num modelo voltado para a utilidade e praticidade, sem apelo algum à beleza estética, e (2) também traz a noção de infinito. A ideia de que somos seres pequenos, comuns, que fazemos todos parte dessa estrutura gigantesca, que estamos aprisionados e sendo controlados por um centro de poder inalcançável e indestrutível, e que nosso único dever é cultuá-lo. E nada mais.

Eu peguei como exemplo o Império Romano, porém é óbvio que existem diferenças e os fins eram outros.As diferenças eram que (1) a religião oficial do Império Romano era o cristianismo e não uma religião panteística baseada na ideia de um "paraíso" terrestre controlado pelos homens e (2) se eles se utilizaram dessa padronização, principalmente nas "insulas" – edifícios altos onde habitavam os mais pobres –, foi em prol da extensão e fortalecimento do império, somente. A inclusão da culturas grega e etrusca também, para dar unidade e fortalecer o império. Não é necessário criar um novo modelo civilizacional, esse não é o ponto. Basta unir todas as culturas em volta de uma única religião e introduzir inovações para ajustamento a uma cultura funcional e útil.

Outra coisa muito perceptível é a questão da repetição. Se pensarmos que o condicionamento psicológico se dá a partir da repetição, do reforço positivo e negativo, também chegaremos à conclusão de que toda a modernidade foi estruturada em volta disso. A mídia repete sobre a "ditadura militar", associando qualquer figura militar a assassinos e isso afeta o psicológico do brasileiro. A música repete os mesmos padrões sonoros vazios até o desgaste. E assim se confirma na arquitetura, na arte, nos diálogos, na educação, nos novos costumes adotados e no comportamento.

Andréia Moraes

https://web.facebook.com/andreia.moraes.39142072/posts/389245434877905

Facebook, 24 de abril de 2018.

Da importância das famílias e dos municípios

1) A Família Cristã e o Município romano continuarão a existir enquanto caem a cada geração monarquias, repúblicas, impérios e senhorios: a sua supremacia está na sua radical e única autenticidade.

2) O Município e a Família provêm de uma só realidade humana: a condição iniludível do homem ser um ser concreto, de viver a sua existência dentro de um quadro de valores construídos ao longo dos tempos e que assimilou pelos simples facto de ter nascido no meio deles. O sangue, o solo, a família e o município, quer gostemos quer não, fazem-nos ser o que somos.

3) A força dos fatores sociológicos é mais eficaz do que o oportunismo das decisões arbitrárias. Jamais o homem foi "coisa" abstrata como procuraram fazer crer as repetidas Declarações dos Direitos Humanos que apareceram no pós-revolução. Daí a primazia destas entidades menores sobre o Estado, encarnação e sujeito do poder político supremo que não é mais do que o coordenador do funcionamento total do organismo comunitário fundindo as vontades essenciais e harmonizando os diversos setores do conjunto coletivo com os quais nos identificamos, pelo simples facto de termos nascido.

4.1) As pretensões modernas de lhes pôr fim são o reflexo da vontade de destruição que anima as revoluções. Mas a Família e o Município são mais fortes do que todas as revoluções, pois sem eles o homem nunca seria aquilo que é.

4.2) A ordem harmônica das sociedades consiste em que a sociedade total, regida pelo poder supremo do Estado, é composta por muitas sociedades políticas menores e que a sociedade geral não é uma congregação de indivíduos, mas uma soma de famílias.

- Da página "Causa Tradicionalista".

Notas sobre o paradoxo do desenvolvimento, fundado na cultura de se fazer da riqueza como um sinal de salvação, a ponto de fazer de pequenos municípios grandes metrópoles

1) O município e o conjunto de famílias que toma o lugar onde se vive como um lar em Cristo tendem a se tornar um só ente, pois há a junção de dois corpos numa entidade só - eis o casamento da iniciativa pública com a iniciativa privada no tocante à construção do bem comum, se as coisas tiverem fundamento em Cristo. Enquanto o município for pequeno, as pessoas tendem a conhecer bem umas às outras, tornando mais fácil para a população cobrar soluções do prefeito, pois ele faz parte das famílias locais, a ponto de este ser acessível.

2.1) Se o município abraça a riqueza como um sinal de salvação, então a localidade vai buscar o desenvolvimento a qualquer preço - e quanto maior for o desenvolvimento, maior a necessidade de uma intervenção do Estado de modo a garantir o pleno desenvolvimento local, pois a cidade se tornou mais complexa, mais problemática. E quanto maior a necessidade de intervenção, maior a capacidade de concentrar poderes em poucas mãos, a ponto de haver risco de tirania.

2.2) Quanto mais desenvolvido for o município, mais gente morará no lugar a ponto de ninguém mais conhecer uns aos outros - e por conta de ninguém mais conhecer bem uns aos outros, surgem os conflitos de interesse qualificados pela pretensão resistida, fazendo com que o Estado tenha de aplicar a lei e dizer o direito. E como vemos no Brasil, muitos advogados preferirão a jurisdição à transação ou à mediação, a ponto de se tornar uma espécie de fetiche, pois o culto à jurisdição faz o Estado ser tomado como se fosse religião.

3.1) A administração pública impessoal é inerente de um lugar densamente povoado e desenvolvido - e quanto maior a impessoalidade dessa administração, maior a possibilidade de reduzir os atos da pessoa jurídica que administra o município a seus atos e funções, fazendo com que a solidariedade orgânica fundada na junção de dois corpos num só, o município e as famílias que tomam o lugar como um lar em Cristo, se torne uma solidariedade mecânica, fazendo com que a administração pública fique de costas para as necessidades dos munícipes, das famílias. E neste ponto a burocracia tende a se expandir, pois suas necessidades estão sempre em constante expansão, a ponto de ter um fim em si mesmo.

3.2) É por força da solidariedade mecânica, onde tudo é regido pelo Estado tomado como se fosse religião, que as pessoas humanas se tornam insolidaristas e traiçoeiras.

3.3) Num ambiente de solidariedade mecânica, onde a pessoa jurídica do Estado se reduz a seus atos e funções, esses atos e funções passam a ser desempenhados por aquela ínfima parcela da humanidade que trabalha na burocracia, o que comprova a sua natureza impessoal e formal, a ponto de conservar o que é conveniente e dissociado da verdade, a ponto de dizer o direito com fins vazios.

3.4) A maior prova dessa redução está no fato de que pessoa jurídica do município se divide em diversos órgãos dotados de uma função específica prevista em lei e não no bom senso administrativo.

3.5) Cada órgão tem sua razão de ser, sua especialização e os agentes públicos lotados não podem ser demitidos, pois o governo da cidade tornou-se mais instável, por conta do desenvolvimento a qualquer preço - e por não poderem ser demitidos, tendem a não se comprometer com a coisa pública, por força do carreirismo.

3.6.1) É por força do carreirismo que conservam o que é conveniente e dissociado da verdade, a ponto de estarem à esquerda do Pai sistematicamente.

3.6.2) Essa situação tende a se agravar no momento em que a cultura local adota a ética protestante e o espírito do capitalismo, já que a riqueza se torna o sinal de salvação, aumentando ainda mais a influência do grupo de burocratas sobre a população, fazendo com que o casamento entre o município e o conjunto de famílias que toma aquele lugar como um lar em Cristo termine em divórcio.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 24 de abril de 2018.