1) Economia de ordem privada é necessariamente economia reservada, fundada na pessoalidade.
2) Sirvo ao meu cliente porque o conheço, pois sei que ele tem um bom caráter, uma vez que ama e rejeita as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento. Se o conheço, então confio nele.
3) Certamente terei poucos clientes, pois poucos são realmente assim. Poderei cobrar um pouco mais caro, mas o trabalho será feito de melhor qualidade, pois sei o que meu cliente deseja.
4) A ordem privada pode se expandir, se houver indicação - se meu cliente ama e rejeita as mesmas coisas tendo por Cristo, então ele indicará para uma outra pessoa que comungue dos mesmos valores.
5) Para um consultório dentário ou médico funcionar dentro daquilo que falei no artigo anterior, então a amizade precisa ser a base da sociedade política e da prestação dos serviços em sociedade. Se não trato meu cliente como um amigo, não haverá uma boa prestação de serviço - e se não houver uma boa prestação de serviço, eu não poderei ser bem remunerado.
6.1) Se a minha clientela é seletiva, isso não quer dizer necessariamente que condenei de antemão quem não é assim. Muito pelo contrário; quem escolheu conservar o que é conveniente e dissociado da verdade sofrerá as conseqüências de seu conservantismo, pois ficará privado dos meus serviços.
6.2) Para a sorte dele, eu sou apenas um - por enquanto, a maioria dos profissionais liberais não pensa da mesma forma que eu. Agora, se um número considerável de pessoas começar a agir da mesma forma que eu ajo, o conservantista vai ter que rever seus conceitos de modo a ser tratado como se fosse gente.
6.3.1) É este aspecto da guerra cultural que precisa ser trabalhado.
6.3.2) A economia de mercado é uma economia de encontro de pessoas que comungam dos mesmos valores fundados na conformidade com o Todo que vem de Deus - ela não pode ser tomada como uma economia de sujeição, a ponto de relativizar a todos os valores mais sólidos, fundados na verdade, se liqüefazerem no relativismo moral.
6.3.3) Afinal, o conservantista é como um líqüido; ele assume a forma do copo ou da garrafa, dependendo da circunstância. Não é à toa que é extremamente importante não confundir o chá com a xícara.
Rio de Janeiro, 23 de agosto de 2017.
Comentários:
Róger Badalum:
1) Entendo como economia de ordem privada tratar-se de microeconomia -
e isso está relacionado com administração.
2) O fornecedor dos serviços depende das
necessidades do cliente - afinal, não há como fugir disto, pois esta crise não está fácil pra
ninguém. Todo o problema talvez esteja na macroeconomia, nas políticas
de Estado, principalmente naquelas com financiamento estatal. É apenas
uma observação.
José Octavio Dettmann: Há as necessidades dos clientes e os valores. Nem sempre uma necessidade é fundada na verdade. E
uma necessidade falsa faz com que o serviço seja mais um malefício do
que um benefício. A necessidade vem dos desejos - uma coisa psicológica.
E a psicologia vem de uma alma ordenada ou desordenada para a verdade.
Róger Badalum: Sim.
Justamente nas necessidades sem valores usam da PNL (em propagandas),
estimulando o desejo e aumentando o consumo - algo que não tem como
querermos proibir. Agora, não é fácil estimular consumo através de
valores - aqui o problema -, onde acaba prevalecendo a real necessidade.
José Octavio Dettmann: E a real necessidade pode ser na verdade uma necessidade imaginária. O consumismo faz do produto uma espécie de ídolo.