1) Dizem que a base da economia de mercado é a confiança.
2.1) O fundamento da confiança está no fato de se amar o outro como se fosse a si mesmo, tal como o verdadeiro Deus nos ensinou, que foi verdadeiro homem.
2.2) Se não amarmos e rejeitarmos as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, então fazer acordo com os nossos semelhantes, de modo a que possamos produzir riquezas, distribuí-las aos nossos irmãos necessitados, e assim fazer o país ser tomado como se fosse um lar em Cristo fica impossível.
3.1) Quando a riqueza é vista como um sinal de salvação - em que Deus elege alguns com a riqueza e pune os não eleitos com a pobreza -, isso é indicativo de que se ama mais o dinheiro do que a Deus, o que é claramente herético. Por força disso, a capitalização se torna uma religião, a ponto de ser um capitalismo. E onde se ama mais o dinheiro do que a Deus, nenhuma regra de reciprocidade será observada, pois quem ama o dinheiro tentará buscar poder absoluto de modo a querer ser um Deus. É dentro deste ambiente que o capitalismo gerará os metacapitalistas.
3.2) Se o outro não é visto como um espelho de seu próprio eu e isso se torna norma na sociedade, então o capitalismo é o regime natural feito para homens naturais, que estão presos na condição do pecado e não serão capazes de fazer algo de bom por si mesmos, como diria Santo Tomás de Aquino. Afinal, o que é o filho natural senão um filho bastardo, que renegou sua filiação divina?
4.1) Para que o capitalismo pudesse ser convertido em distributivismo, Deus teve que assumir a forma humana e elevar os homens, de modo a nos tirar do pecado. Se a filiação divina foi restaurada, então todo o senso de tomar o país como um lar foi restaurado - e a produção de riqueza terminará assumindo uma missão salvífica, pois servirá de escola para a pátria definitiva, que se dá no Céu. E o conjunto das cidades locais que vivem nessa conformidade conformidade com o Todo se chama civilização - e esse local serve de escola para o universal, católico.
4.2.1) Quando se negou a autoridade da Igreja, 15 séculos depois, esse distributivismo foi perdido, criando um verdadeiro relativismo moral. E é nesse relativismo moral que a liberdade é voltada para o nada, a ponto de idéias totalitárias serem vendidas como se fossem mercadorias. Se as idéias são postas em circulação a ponto de se lucrar com elas, vira ideologia.
4.2.2) Afinal, o que é o comunismo senão um subproduto do capitalismo, um desdobramento da mentalidade revolucionária, em que o senso de conservar o que é conveniente e dissociado da verdade perde tudo exceto a razão, um tipo de loucura?
4.2.3) Foi como bem disse Chesterton: que capitalismo demais gera comunismo demais.
4.2.4) Quanto mais conservantismo, maior a involução moral - e maior a evolução na arte de fazer canalhice - de mentir em nome da verdade, a ponto de a política estar dissociada da ética, dando a clara impressão de que o poder está acima da sociedade, quando, na verdade, é a sociedade a base do verdadeiro poder, que se encontra nela dispersa, tal qual o conhecimento, o verdadeiro saber.
5.1) Eis uma verdade insofismável: onde abundou o pecado, superabundou a graça.
5.2) Se o capitalismo permitiu que o pecado fosse distribuído sistematicamente, a ponto de gerar totalitarismo, então o distributivismo fundado na conformidade com o Todo que vem de Deus vai superabundar, pois a Igreja Católica é a única força capaz de combater o comunismo e o seu criador: o capitalismo, que é filho da mentalidade revolucionária provocada pela heresia protestante.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 17 de março de 2017.