1) Se as terras são um alicerce do Estado, então tudo o que está acima e abaixo da terra é alicerce do Estado. E se o mar é a estrada que dá acesso a outras terras, então quem controla os mares tem o controle de tudo. É dentro desta lógica que o mundo antigo é, pois, um mundo totalitário. E esse totalitarismo começou a ser vencido somente através da ação do Cristianismo, a religião por excelência, por se fundar naquilo que é verdadeiro, conforme tudo aquilo que vem do Deus verdadeiro.
2) Se tudo está no Estado, então a propriedade privada não passa de um direito de superfície, de uma concessão que o Estado, fundado em sabedoria humana dissociada da divina, dá aos particulares, uma vez que este sabe, por conveniência, que a livre iniciativa, coisa própria dos colonos, é mais eficiente do que a economia de guerra, coisa própria dos soldados. Dentro dessa lógica, a ordem fundada na liberdade fora da liberdade de Cristo necessita do Estado, de modo a que economia seja livre para toda uma ordem fundada no amor ao dinheiro - como tudo é concessão e tem fundamento precário, então isso edifica uma falsa liberdade.
3) A liberdade, a lei natural que se dá na carne, se dá em Cristo, que deu pleno cumprimento a essa lei com base no amor fundado na compreensão, ágape. Como isso é anterior à organização dos governos, então essa lei deve ser observada a todo o momento. Por isso, o povo deve ser Cristão e conforme o Todo que vem de Deus, de modo a estar eternamente vigilante quanto aquilo que não deve ser traído. Toda legislação de Estado só é constitucional se a lei positiva estiver em conformidade com o Todo que vem da Lei Natural, coisa essa que vem de Deus. Eis o natural right, pois o ordenamento jurídico natural se dá exatamente nesse tipo de aliança que se dá entre o Altar e o Trono.
4) Por força da Lei Natural, todo homem livre recebeu de Deus as prerrogativas de ocupar a terra como sendo o seu lar - por isso, o que está abaixo e o que está acima da terra podem ser explorados, desde que isso não acarrete prejuízo a seus semelhantes, por conta do direito de vizinhança. O que for produzido daí, que decorreu de descoberta ou invenção, é próprio de quem ocupou a terra de maneira
mansa e pacífica, sem causar prejuízo a ninguém. Eis os direitos de propriedade - como isso decorre de Deus, governo nenhum tem o direito destruir isso, através da forma de concessões fundadas no fato de se tomar o país como se fosse religião. Isso é traição, abuso, tirania.
5) Do subsolo da terra encontramos metais preciosos - prata, ouro, cobre. O valor desses metais depende da produtividade das minas. Como o proprietário da mina é necessariamente produtor de dinheiro, então é natural, por conta da livre iniciativa, realizar a atividade bancária, uma vez que acessório segue a sorte do principal
6) O limite ético da produção do metal está relacionado às necessidades da economia fundada na prestação de serviço - se a atividade for muito intensa, então esta exigirá mais empreendimento por parte da atividade mineradora. E quando alguém, por força do trabalho, acumular metais demais, a tendência é que esse metal seja substituído por um título de crédito, por um papel-moeda, lastreado numa moeda padrão, geralmente a mais escassa: o ouro.
7) Aquele que realiza a atividade bancária, se for honesto, emite um certificado que atesta a qualidade da moeda e do crédito. Por isso, ele tem um poder muito grande, por conta de uma responsabilidade muito grande - e o perigo reside neste fundamento: se a ordem econômica for fundada numa ética protestante e no espírito do capitalismo, então esse poder será quase absoluto, quase divino, pois o banqueiro manipulará a moeda, de modo a gerar um verdadeiro calote, uma verdadeira crise econômica. Por isso que o Estado, por conta da soberania, tem poder para emitir moeda como algo próprio do Poder Moderador - e quem tem poder para emitir moeda tem poder sobre a atividade bancária, no sentido de garantir o crédito. Estas duas coisas estão relacionadas ao Poder Moderador exercido no âmbito econômico, uma vez que a economia está diretamente vinculada a decisões políticas - isso coíbe a ganância, além de evitar a protestantização da sociedade por vias naturais, por conta do culto ao dinheiro como se fosse um Deus.
8) A grande questão do nosso tempo não é desestatizar a moeda, mas recristianizar o Estado, de modo a que não traia os direitos naturais, fundados na Aliança do Altar com o Trono. O Estado é necessário como um limite à ganância humana - por isso, o governante deve viver a vida em conformidade com o Todo que vem de Deus e moderar as ambições dos agentes políticos, seja se eles estão no Congresso, seja se eles estão atuando na vida social, através do livre mercado. Se o apetite dos políticos for moderado, então o apetite dos que estão mais abaixo da hierarquia, os banqueiros, será moderado, por força do exemplo.