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sexta-feira, 30 de outubro de 2015

É preciso viver a vida de uma maneira católica, no sentido econômico do termo

1) Ainda que me convidem para ir tomar um café na Confeitaria Colombo e que paguem minha conta, eu me sentiria desconfortável. Os preços aqui no Rio estão tão fora da realidade que acho que não vale a pena gastar dinheiro em algo que nem sempre é de qualidade - principalmente, num mundo onde se ama mais o dinheiro do que as pessoas. Em 2012, quando eu fui ao CCBB com a minha então namorada, Cecília Botafogo, eu fiquei horrorizado com o preço da água mineral. Algo muito simples estava custando os olhos da cara - mesmo eu rachando a conta, eu não me conformei com isso.

2) Se eu tivesse condições financeiras, eu moraria na minha própria casa e faria mais ou menos como minha mãe faz, aqui em casa - eu preparava meu próprio pão, cultivaria os ingredientes para usar na cozinha e ainda tentaria ter uma fazendinha onde pudesse ter meu próprio leite e outras coisas de que necessitasse. Se tivesse sobra, eu procuraria trocar o excedente da minha produção por outras coisas que meus amigos produzissem. Além disso, tentaria comprar as coisas sempre na promoção, de modo que pudesse comer do bom e do melhor, no conforto de meu lar, sem ter que pagar muito caro por isso.

3) Pelo menos, melhoraria não só a minha própria vida, como também a vida dos que estão ao meu redor. Por isso que tenho asco do capitalismo, dessa ordem fundada na impessoalidade e no amor ao dinheiro. Enfim, tudo o que nasce da ética protestante é fora da conformidade com o Todo que vem de Deus - eu sou católico e quero viver a minha vida dentro da conformidade com Todo que vem de Deus. Por isso, eu estou vencendo a preguiça e trabalhando da melhor forma que posso: escrevendo muito. Quem sabe um dia eu não consiga o que tanto desejo?

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 30 de outubro de 2015 (data da postagem original).

Definição de Política, segundo meu amigo Paulo Henrique Cremoneze


"Política é a arte de negociar sem tergiversar valores - neste contexto, é a base da capitalização moral, de tudo aquilo que é conforme o Todo que vem de Deus"

(Paulo Henrique Cremoneze)

Ver também:

Política é o exercício da capacidade humana de julgamento: http://adf.ly/7CQmb

O debate político se dá no alto dos céus e não debaixo da terra: http://adf.ly/1P00Ti

Da amizade como a base para a sociedade política: http://adf.ly/c8q6A

A ordem se edifica a partir dos poucos que te ouvem: http://adf.ly/c8q9b

Comentários sobre a política em Aristóteles: http://adf.ly/bmJVe

Lição de Silas Feitosa sobre o processo de formação da opinião pública: http://adf.ly/1RczZS

Notas sobre o verdadeiro carisma

1) Se sou uma pessoa empática, capaz de muito bem separar a verdade da mentira, eu preciso ser necessariamente capaz de servir a verdade a todos os que me são próximos, de modo a aprenderem a amar e a rejeitar as mesmas coisas, tendo por Cristo fundamento. Quanto mais capacidade eu tiver de dizer as coisas boas e necessárias dentro daquele momento ou circunstância crucial em que me encontro, mais facilmente convenço as pessoas acerca do que digo, de modo a que estejam em conformidade com o Todo que vem de Deus. Quanto mais convenço as pessoas naquilo que digo, mais a pessoa tem a impressão de que sou conforme o Todo que vem de Deus, a ponto de me ver subindo aos céus - eis aí o fundamento da admiração.

3) Se separo bem a verdade da mentira e sei convencer os outros a fazerem aquilo que é bom e necessário, a ponto de me admirarem pelo serviço que presto, então eu sou carismático - e sendo carismático, eu poderei colher benefícios pessoais maiores, por conta do fato de ser uma pessoa séria e honrada - e, com isso, poderei ter favores pessoais melhores, como ter uma boa esposa, ou um bom sócio, ou um bom empregado - eis aí um fundamento da capitalização moral. E se muito me foi dado, muito me será exigido - eis aí o fundamento verdadeiro da política, enquanto vocação, enquanto sacerdócio.

4) No caso de um padre, o fato de ser carismático faz com que a Igreja fique cada vez mais cheia quando ele abre a boca para a pregar, pois é a política mais pura que se dá no alto dos céus e é a base para se tomar o país como se fosse um lar, em Cristo. Por isso, o sacerdócio do político e do padre se completam.

5) O surgimento desses padres carismáticos modernos está no fato de que o carisma pode ser construído, por conta do sensacionalismo midiático. Como vivemos num mundo cada mais libertário, sem Cristo, cada pessoa tem o "direito" de dizer a verdade que quiser, criando um verdadeiro relativismo moral. Como a mídia amplia a voz da pessoa, isso arrebata consumidores, que gostam daquilo que mais lhe interessa, uma vez que conservam o que é conveniente e dissociado da verdade. E isso acaba edificando uma espécie de heresia entre nós.

6) O carisma verdadeiro não pode ser construído através de uma mídia sensacionalista. O verdadeiro carisma pede uma mídia que amplie a voz da verdade, fazendo-a chegar até os ouvidos mais distantes. Por isso que a mídia deve ser tão católica quanto o serviço de um excelente padre católico, pois a ampliação da voz leva a um verdadeiro distributivismo.

Notas sobre o serviço bancário, no âmbito da economia personalista


1) Para a economia bancária atuar como um serviço, você precisa ser honesto e confiável, enquanto administrador - você precisa servir a quem e ama e rejeita as mesmas coisas que você, tendo por Cristo fundamento, de modo a que possam te passar a responsabilidade de você ser guardião do dinheiro alheio, coisa que é de uma elevadíssima responsabilidade, dada a nobreza da ação a ser feita. Você precisa ser honesto, organizado e prestativo; você precisa ser um bom servidor e ter um bom caráter - e isso é escasso.

2) Se você se mostrar confiável e responsável, a pessoa deixará o dinheiro contigo porque é mais seguro. Se ela confia no seu senso de responsabilidade, ela está investindo em você, ao te dar responsabilidades maiores.

3) Se você tem contatos que recorrem a ti, de modo a pedir dinheiro emprestado, empreste o dinheiro de modo a fazer com que ele tenha caráter produtivo - e se ele tem causa produtiva, é porque obedeceu ao princípio da causalidade, dando causa a um enriquecimento com causa madura, fundada em bom direito natural - por isso, diga a ele que o dinheiro emprestado nasceu do fato de que alguém confiou em mim, pelo fato de ser responsável e honesto, a ponto de julgar seguro guardar dinheiro no meu banco. Por conta disso, eu acabo estabelecendo uma relação direta entre aquele que depositou o dinheiro no meu banco e o que tomou o meu empréstimo - estes, se amarem e rejeitarem as mesmas coisas que você, tendo por Cristo, podem até fazer uma parceria juntos - e como eu uni as duas pontas do negócio, eu tenho direito a receber uma comissão pelo serviço prestado.

4) A economia bancária, no âmbito da economia personalista, pede sempre um cadastro de bons pagadores - os bons pagadores poderão ter um limite de crédito maior - e em troca receberão maiores benefícios.

5) A economia bancária personalista pede a aproximação de pessoas. O banqueiro precisa ser um corretor espiritual, além de ser um bom administrador. Ele precisa amar mais as pessoas que o dinheiro, de modo a promover uma verdadeira capitalização moral.

Notas sobre a economia servil

1) Quando você está povoando uma terra  distante e empreendendo nela nos méritos de Cristo de modo que outros possam tomar esta terra como se fosse um lar em Cristo, muitas pessoas que amam e rejeitam as mesmas coisas que você, tendo por Cristo fundamento, desejam colaborar contigo neste seu projeto, mas elas não possuem dinheiro para pagar a viagem até a terra onde você abriu uma frente de trabalho, em nome do Rei de Portugal e da Ordem de Cristo, de modo a civilizar uma região inteira.

2) Por caridade, você paga a viagem - e em troca, a pessoa serve a você por um determinado período de tempo - geralmente por 7 anos, que era o que acontecia na Terra Santa. Durante o período da servidão, o servo passa a ser parte da sua família e você deve tratá-lo como se ele fosse parte da sua família. Após esse período, a pessoa recebe um prêmio por conta do serviço prestado, como terras e dinheiro, de modo que possa abrir seu próprio negócio.

3) Quando você dá um emprego a alguém por caridade, você está chamando essa pessoa a ser parte da sua família, como um servo. Trata-se de parentesco agnatício. Por isso, você deve tratá-la como se fosse parte da família até o dia em que a servidão terminar. Nesse dia, a pessoa recebe uma recompensa pelos serviços prestados, como terras ou dinheiro - ou no caso de Jacó, o direito de casar com uma de suas filhas.

4) A rigor, a economia servil não é ruim - ela tem mais cunho personalista do que a economia fundada no amor ao dinheiro, fundada no libertarismo. Para se combater a impessoalidade, é preciso agir de maneira personalista - é preciso ser santo e servente.

5.1) A servidão é, pois, uma dação em pagamento que cria uma relação jurídica. Até porque quando eu pago por algo de uma maneira diversa que o dinheiro eu estou necessariamente me envolvendo no serviço que ele presta, pois, inicialmente, eu me torno seu servo e depois me torno seu sócio. A ordem que veda a dação em pagamento cria conflito de interesses - e no final, tudo passa a ser regulado, seja pelo judiciário, seja pelo legislativo e executivo. É a negação da fraternidade universal.

5.2) O libertarismo, por conta do amor ao dinheiro, nega a possibilidade de se pagar por um serviço prestado de uma maneira diferente que não o dinheiro, caso a pessoa não disponha de dinheiro pra pagar. Ela nega todo um universo de possibilidade acordos que podem decorrer por conta do amor.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 30 de outubro de 2015 (data da postagem original).

Efeitos da cultura de doação, no âmbito da economia personalista

1) Quanto mais doações eu receber, maior será a possibilidade de comandar o trabalho dos outros, através de encomendas necessárias ao desempenho das minhas funções - graças a isso surge uma economia complementar organizada, gerando novos negócios ou até mesmo uma economia de subordinação, seja na forma livre ou servil. O fato gerador de toda essa economia se faz na demanda - e é por essa razão que a demanda deve estar sempre à frente da oferta.

2) Numa economia personalista, as necessidades de um estimulam toda uma atividade organizada de modo a satisfazer as necessidades desta pessoa, de modo que o trabalho desta possa prosperar, se esse trabalho for conforme o Todo que vem de Deus. Eis que surge a cultura de colaboração, que tanto pode se dar tanto por via coordenada (através da organização de negócios complementares, que servem de meio para uma atividade-fim), quanto por via subordinativa, coisa que se dá através do emprego ou da servidão.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 30 de outubro de 2015 (data da postagem original).

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Sobre a realidade do nosso ensino universitário

1) Desde que surgiu, no século XIII, coração da Idade Média, a universidade foi espaço de debates, de disputas, de enfrentamentos de idéias. 

2) Desde aquela época, estudantes já se envolviam em tumultos, bebedeiras e festas - e, para fugir da "polícia" da época, se refugiavam no campus, pois ali a jurisdição era da Igreja, do papa, não do rei. 

3) Atualmente, no Brasil, a universidade é terra arrasada, especialmente nas "Ciências Humanas". A universidade se tornou campo da atividade revolucionária - ela deixou de ser campo de produção do saber, do senso de se tomar o país como se fosse um lar, em Cristo.

O texto foi baseado num escrito de Ricardo da Costa, do qual fiz adaptações.