1) Na Antigüidade Clássica, o talento era uma moeda que valia muito dinheiro, pois era confeccionada do mais puro ouro.
1.2.1) Essa moeda costumava costuma ver vista como símbolo das Eras de Ouro das civilizações clássicas - com ela você podia contratar os serviços de grandes artistas, cuja mão-de-obra era escassa, em relação aos trabalhos mais comuns, mais simples, exercidos por qualquer pessoa do povo.
1.2.2) Como as moedas de metal não eram capazes de se reproduzir, a mesma coisa acontecia com os dons de um artista, que eram dons do espírito, raramente repetíveis. Por conta disso, era possível pagar por serviço infungível por meio de bens infungíveis.
2.1) Como o trabalho do artista era feito com excelência, então isso criou uma nova pedagogia: qualquer pessoa comum que fosse boa em seu ofício, se o fizesse com excelência, podia ser vista como artista. E a busca da excelência se dá por meio de hábito, de imitação de um modelo de já existente, e de imaginação, pois é preciso imaginar o que esse bom artista faria, se ele estivesse na mesma circunstância que esse trabalhador que está buscando imitá-lo.
2.2) Se o artista vê no mercador um artista na sua profissão, então ele vai remunerar o favor desse mercador com uma fração de seus talentos; se o mercador vê no marceneiro e no agricultor verdadeiros artistas, a ponto de ganharem dinheiro servindo ao povo fazendo coisas comuns de extremamente qualidade, a ponto de serem verdadeiros artífices, então o produto de seus respectivos trabalhos eram pagos a uma fração dos talentos que esse mercador recebia do artista.
3.1) Como a moeda de ouro era usada pelo príncipe de modo a fazer mecenato, então indiretamente o rei patrocinava a economia de todo o povo, a ponto de essa riqueza circular por toda a sociedade.
3.2.1) Eis a prova cabal de que o trabalho da autoridade por Deus constituída aprimorava a liberdade de todo um povo, a ponto de muitos tomarem seu país como um lar em Cristo.
3.2.2) As Eras de Ouro são um indicativo de que a civilização fundada em Cristo atingiu o seu ápice, a sua maturidade. Ela passou a servir a Cristo de em terras distantes a ponto de fazer de suas circunstâncias sua razão de ser, o seu mitologema.
3.2.3) Quando essas circunstâncias são transformadas em mitologemas, elas se tornam estudos de caso, modelo que devem ser imitados em sua máxima extensão e grandeza - o que leva a essa circunstânca ser reabsorvida por meio de constantes releituras, feitas sucessivamente ao longo de gerações, de modo a atualizar constantemente as mais retas tradições.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 24 de maio de 2019.