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quinta-feira, 27 de abril de 2017

Se você ama o saber, então escreva sobre isso, pois isso é fonte geradora de impressões autênticas

1) Albert Camus dizia o seguinte: se você quiser filosofar, então escreva literatura.

2) Existem dois tipos de literatura: a literatura de narração (seja ela envolvendo personagens fictícios ou reais) ou literatura de dissertação, em que envolve teses filosóficas, como é a que costumo fazer.

3) No caso da literatura de dissertação, você pode descrever argumentando ou descrever expondo, tal qual uma confissão - nela, você está diante de um ouvinte onisciente, uma vez que você não tem um destinatário específico, que pode estar na mesma cidade, no mesmo país ou em outro lugar, numa outra época.

4) Não importa qual seja o tipo de literatura que você pratica - se você for um bom escritor, você se tornará um professor de uma nação inteira, de modo que o país seja tomado como se fosse um lar em Cristo. E ao fazer isso, o seu país se torna uma escola de nacionidade para o mundo inteiro, a ponto de se tornar um livro de referência na cultura universal.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 27 de abril de 2017.

Por que não podemos adotar o ceticismo político como um princípio próprio de quem conserva a dor de Cristo?

1) Aquilo que o mundo chama de "conservadorismo" (que na verdade se chama conservantismo) adota o ceticismo político por princípio norteador de suas ações.

2.1) A postura cética baseia-se no fato de que o homem é o animal que mente, segundo Kant. E por conta disso, a norma geral dessa postura é conservar o que é conveniente e dissociado da verdade, que é Cristo.

2.2) Não é à toa que o kantismo se desenvolveu numa sociedade protestante - nela, não existe a regra de amarmos uns aos outros, tal como Jesus nos amou, assim como a regra basilar de que devemos amar ao próximo como a nós mesmos, o que levaria necessariamente à descoberta do outro, base para uma economia de mercado pautada em princípios distributivistas.

2.3.1) No protestantismo, existe a regra dos eleitos e condenados - e os eleitos, em nome da salvação, poderão mentir e enganar, uma vez que se acham salvos de antemão - e isso não é muito diferente de mentir, matar e roubar em nome do islã.

2.3.2) É por conta desse vazio espiritual provocado pelo ceticismo e pelo nihilismo que o islã se aproveita e acaba invadindo a Europa de modo a colonizá-la e dominá-la, fazendo com que o antigo projeto de fazer do Mediterrâneo um lago muçulmano acabe se tornando realidade.

3.1) Muito diferente é a definição aristotélica: o homem é o animal que erra.

3.2) Enquanto a mentira é um erro essencial, proposital, algo planejado de modo a obter fins maléficos, o erro - o afastamento daquilo que é conforme o Todo que vem de Deus - é acidental. É por conta de errar que o homem é um animal que prova todas as coisas de modo a ficar com o que é conveniente e sensato. E quando a sensatez se torna sistemática, nós temos a prudência, que é uma virtude.

3.3.1) É pela prudência que nós construímos a estrada que nos leva até conhecermos a verdade, que decorre de Cristo.

3.3.2) E ao aprendermos a conservar a dor de Cristo, que morreu por nós de modo a nos salvar do pecado, nós nos tornamos conservadores. Como Cristo é a verdade, Ele é também a liberdade.

3.3.3) Como a liberdade se baseia no fato de que devemos amar uns aos outros tal como Ele nos amou e a amar Deus sobre todas as coisas, então isso faz da caridade a ordem do dia - e como isso é virtude sistemática, vira magnificência. Por isso mesmo, é o liberalismo, no sentido verdadeiro da palavra.

3.3.4) Como nos alimentamos de Sua carne e de Seu sangue, então o liberalismo é alimentado por meio de eucaristia. E como Cristo está em mim e eu n'Ele, eu me torno conservador - e é por conta disso que me torno membro da Igreja militante e acabo agindo na sociedade de modo a semear a palavra de Deus seja falando, escrevendo, seja agindo em prol do bem comum ou servindo de maneira organizada de modo a atender necessidades humanas.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 27 de abril de 2017.

quarta-feira, 26 de abril de 2017

Das eras de nacionalismo às eras de nacionismo

1) Gellner, em debate com Borneman dizia que a História de um país é marcada por eras de nacionalismo. Como nacionalismo implica tomar o país como se fosse religião, em que tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele, então isso confirma a alegação de que a História se reduz a luta de classes, o que é fora da conformidade com o Todo que vem de Deus.

2.1) No país que é tomado como se fosse um lar em Cristo nós temos concórdia entre as classes - e o poder moderador do monarca é exercido de modo que o conflito de interesses não desagüe numa Guerra Civil.

2.2) O mundo português é dividido em várias classes que tem sua causa derivada daquela que se fundou em Ourique. E essas classes com causa são partidos.

2.3.1) Na América Portuguesa nós temos o partido português e o partido brasileiro.

2.3.2) Em certos momentos, vai ser necessário servir a Cristo em terras distantes, coisa que se dará no mundo inteiro - e neste ponto, o partido português atuará, enquanto forem assim as coisas.

2.3.3) Em outros momentos, o partido brasileiro atuará de modo a que a América não seja só dos americanos, mas também uma extensão da civilização européia que decorre do fato de se conservar a dor de Cristo, o que mata de vez o americanismo distribuído no continente, o pan-americanismo, que edifica liberdade voltada para o nada.

3) Dentro desta circunstância, a história pautada na concórdia das classes - cada uma se alternando no poder de modo a responder à missão de servir a Cristo em terras distantes, em face das circunstâncias - levará a eras de nacionidade, de senso de se tomar o país como um lar em Cristo, o que quebraria o ciclo revolucionário decorrente da Revolução Francesa. E isso só pode ser feito porque somos único império de cultura que houve na História, tal como bem apontou o professor Loryel Rocha.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 26 de abril de 2017.

Por que na Era Clássica o comércio era uma atividade marginal, secundária?

1) Na Roma e na Grécia Antiga, a atividade mercantil era atividade marginal, secundária.

2) A prática do comércio era uma prática eventual. Não era uma coisa essencial, fundada no fato de se amar o dinheiro mais do que a Deus, o que faz com que a sociedade se torne fratricida.

3) Se tivesse de exercer uma atividade mercantil, eu não faria dela a minha atividade primária, responsável pelo meu sustento. O apelo constante ao amor próprio, como já mostrei, leva ao abuso da confiança e à prática da extorsão.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 26 de abril de 2017.

Por acaso eu sou padre?

1) Meu pai sempre me diz: "um dia, você vai ser padre".

2) Mesmo não sendo católico, na época em que cursei faculdade eu fui escolhido como confidente de 7 pessoas diferentes. Mesmo que não usasse estola, o "confessionário" vivia cheio.

3) Enquanto escrevo minhas reflexões online, tem dias que ouço confissões inbox.

4) Na época em que fui Vice-Presidente do Grupo Interconexos, eu ouvia um monte de desabafos da presidente - e neste ponto, eu me tornava um vigário de terapeuta. Online, é a mesma coisa.

5) Enquanto alguns se aproveitam e se tornam vigaristas, eu acabo me tornando um psicoterapeuta ou um pároco involuntário. Será que essa é minha vocação, além do trabalho de escritor que faço?

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 26 de abril de 2017.

Dos graus do recurso ao amor próprio até se tornar um crime

1) Quando se recorre ao amor próprio, a recusa educada é tomada como uma ofensa.

2) Quando a pessoa conhece seu trabalho online, vira chantagem emocional.

3) E não vai demorar para que a chantagem emocional se transforme numa extorsão.

4) Para quem vende produtos que apelam para a vaidade das pessoas, como os milkshakes emagrecedores, o amor próprio acaba se tornando a baleia azul do mundo adulto.

5.1) Certo estava o Olavo, quando diz que o nativo desta terra perdeu o senso das proporções.

5.2) Quando se busca mais o dinheiro do que a Deus, recorrer constantemente ao amor próprio acaba se tornando uma mendicância, uma humilhação.

5.3) Como esse produto não é fruto de um trabalho advindo de uma vocação, isso acaba gerando conflito de interesses qualificados por uma pretensão resistida. E não vai demorar muito para haver um assassinato de reputações, por força disso.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 26 de abril de 2017.

Notas sobre o problema de se recorrer ao amor próprio, quando se pede a cooperação de alguém de modo a comprar os produtos do vendedor

1) No mundo online, está surgindo agora a figura dos vendedores de porta em porta (na rede social, o mural é a porta de casa, a nossa serventia). Alguns deles batem a porta de seu mural sempre querendo te vender alguma coisa.

2) Geralmente, eles sempre recorrem ao amor próprio de modo a que você compre alguma coisa, de modo a que eu ajude a pessoa a sustentar os filhos que ela tem.

3.1) Quando digo não, por não ter interesse nos produtos, a pessoa se sente ofendida - e esta não é a minha intenção. E se a pessoa acompanha meu trabalho online, ela fica me acusando de hipócrita, de não ter Deus no coração, como já me fizeram comigo, quando bloqueei um certo alguém por estar fazendo o jogo do Reinaldo Azevedo, ao acusar a Joice Hasselmann de ser uma comunista enrustida.

3.2) Eis no que dá o problema de se recorrer ao amor próprio: no mundo online, isso acaba se tornando um jogo tão perigoso quanto a baleia azul.

3.3) Nada contra vender milkshake emagrecedor na internet, mas por que razão vem bater na minha porta? Se estivesse atenta, eu não tenho perfil de cliente para esse tipo de produto. Muito menos, os meus contatos.

4.1) Para dizer a verdade, o Brasil precisa no momento é de alta cultura e não de milkshakes emagrecedores. 

4.2) Eu posso não ganhar dinheiro na casa de milhares de reais - como esses vendedores dizem que costumam ganhar, quando cumprem as metas de venda -, mas jamais apelei para o amor próprio quando pedi doações aos meus pares, quando pedi doações aos meus amigos Roberto Smera, Vito Pascaretta ou mesmo o Daniel Gurjão. Quando não podem colaborar comigo, eu não me sinto ofendido.

5.1) Esse negócio de recorrer ao amor próprio de modo a forçar com que eu coopere com o vendedor é uma espécie de humilhação, de rebaixamento da própria dignidade.

5.2) Essas pessoas tendem a não ver o semelhante como um irmão, mas como um inimigo, se ele não comunga desse amor próprio. É por isso que não concordo com este tipo de argumento do Adam Smith, no livro A Riqueza das Nações.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 26 de abril de 2017.