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sábado, 2 de julho de 2016

Notas sobre mandato político e sobre a cláusula de bem servir

1) Aquele que opta por servir ao seu povo e ao seu Rei tem seu tempo de serviço fundado na eternidade. Como político, o tempo de seu mandato está intimamente ligado à cláusula de bem servir - enquanto ele estiver servindo à pátria de modo a que esta seja tomada como se fosse um lar em Cristo, ele ficará no seu cargo até o momento em que houver o recall de seu mandato, ao violar o princípio da não-traição, ao trair tudo aquilo que é verdadeiro e conforme o Todo que vem de Deus, base sob a qual todas as leis positivas se assentam.

2) Como político é legislador, ele por força de Lei Natural está proibido de mentir ou de conduzir seu povo através da mentira ou da dissimulação.

3) Tempo de mandato por um lapso de tempo fundado em sabedoria humana dissociada da divina, sob a alegação de que é preciso haver alternância de poder, é falácia. Política é vocação e não profissão - se o político serve a Deus ao ajudar seu Rei a bem reger seu povo, então seu mandato dura enquanto bem servir ao seu povo. É um sacerdócio, pois política se dá no alto dos céus, tal como se deu em Ourique - por isso mesmo, é uma vocação.

4) Se Deus não for o norte de todas as coisas, então as coisas estarão sujeitas à corrupção - e é da corrupção, própria da mentalidade revolucionária, que surge a perversão das leis.

Notas sobre o salvacionismo pela educação

1) O grande defeito de algumas posições conservadoras é ignorar o fato de que o homem nasce com inclinação para o mal e que esta só pode ser corrigida com o auxílio da graça divina e do recurso aos sacramentos.

2) Julgar que a educação, por mais clássica e erudita que seja, vá ser "per se" o caminho de salvação para o homem é cair, com o sinal trocado, no mesmo erro da esquerda e dos movimentos revolucionários que veem na educação um meio de recuperar a bondade antropológica rousseauniana perdida com a vida em sociedade.

3) Além disso, não é demais lembrar que muitos facínoras tiveram educação nos moldes clássicos e que diversos movimentos revolucionários eclodiram em ambientes permeados por forte classicismo greco-romano, esvaziado, no entanto, da sustentação cristã que dava a ele sua razão de ser.

William Botazzini Rezende

Notas sobre democracia deliberativa

1) A soberania do povo é um espelho da soberania de seu rei - quanto mais o rei faz o seu trabalho de ser servo dos servos ao ser senhor dos senhores, mais o povo é livre e toma o país como se fosse um lar em Cristo. Tal qual uma pirâmide, a justiça se distribui do alto para baixo.

2) Assim como o direito positivo não tem autoridade por si, se não estiver conformidade com aquilo que decorre da Lei Natural - Lei essa que decorre da conformidade com o Todo que vem de Deus -, a soberania popular, sem um Rei, não dura por si mesma - e é justamente porque ela não subsiste por si mesma que ela acaba edificando liberdade para o nada, base de toda ordem revolucionária. E o povo sem um rei vira um povo sem lei, escravo de todos aqueles que regem as coisas com leis fundadas em sabedoria humana dissociada da divina, tal como há nas repúblicas modernas, iludindo a todos com vãs promessas e falsas liberdades que obrigam a todos ao impossível. É sob essa ilusão de liberdade que há nas repúblicas que muitos conservam o que é conveniente e dissociado da verdade, sob a falsa alegação de que votam porque são capazes, por serem ricos em sabedoria humana dissociada da divina.

3) A verdadeira democracia se funda no fato de que o Rei vê o seu povo como um espelho de si mesmo. Para tanto, chamará, dentre os melhores de seu povo, aqueles que governarão junto com ele, de modo a que se constitua a nobreza, a base do exercício do Poder Moderador. E essa nobreza constituirá a Câmara Alta do Parlamento, de onde os membros do Conselho de Estado serão recrutados. Para quem quer servir ao seu país e não vem de família com passado de servir ao povo e ao Rei, o primeiro passo para se chegar à nobreza é servindo na Câmara Baixa, onde suas decisões serão moderadas pela Câmara Alta.

4) O povo - ao mandar representantes ao Parlamento, de modo a ajudar ao Rei - deve ser muito bem formado e pronto para servir a Cristo em terras distantes, tal como se fez em Ourique. E é por conta da continuidade dessa missão que deve fundamentar muito bem suas escolhas, de modo a escolher os que poderão melhor honrá-lo no Parlamento, seja se ele tem ou não passado nobre, uma vez que escolher com base na quantidade de votos não conta nada, a não ser a mediocridade de quem vota. Afinal, as ruínas fundadas nisso falam e Deus ouve tudo.

Da restauração dos Impérios para fazer frente aos esquemas globalistas

1) O momento para se tomar o país como se fosse um lar está naquele em que o Rei honra o seu trabalho de ser o servo dos servos ao ser o senhor dos senhores de sua pátria, tal como Jesus o foi, com o seu messianismo de serviço.

2) Esse messianismo de serviço pode se dar dentro do principado ou dentro do Reino - e neste caso, a Igreja, enquanto corpo intermediário do Céu e da Terra, estabelece a nacionidade através do batismo de uma nação inteira a partir do seu Rei, tal como vemos na Polônia, por exemplo.

3) No caso de um Império, isso parte do fato de que Cristo quis isso para Ele - e Ele escolheu um povo para essa tarefa: os portugueses, tal como vemos em Ourique.

4) O Sacro Império Romano Germânico, que surgiu por intermédio da Igreja, é um império defensivo, pois serve para proteger a civilização cristã das invasões islâmicas. O Império Português é um império do contra-ataque - é um império global fundado pelo próprio Cristo, pois Este deu aos portugueses um mandato do Céu, com o propósito de servir a Cristo em terras distantes.

5) Olavo de Carvalho fala de três esquemas de mundo globalista fundadas em sabedoria humana dissociada da divina - e esses esquemas todos matarão a Civilização Ocidental, tal como hoje a conhecemos. Mas o verdadeiro globalismo está naquilo que se funda na conformidade com o Todo que vem de Deus e tem seu fundamento naquilo que se estabeleceu em Ourique - como isso foi destruído pelas revoluções liberais que sacudiram a Europa em 1820, 1830 e 1848, então isso começou a ser restaurado a partir do momento em que São João Paulo II tornou-se timoneiro da Arca de São Pedro. A nova navegação surgiu no sentido de salvar a velha e restaurá-la. Eis algo que precisa ser estudado.

Da solidão vem a solidez do tradicional

1) Uma pessoa só amadurece quando está a sós com Deus. Da solidão, fundada na conformidade com o Todo que d'Ele vem, edifica-se uma sabedoria humana que não é deste mundo pecaminoso, coisa que é admirável. Do acúmulo de toda essa sabedoria humana que não é deste mundo, temos o conhecimento daquilo que não pode ser ignorado - o que não pode ser ignorado leva a necessidade de isso ser obedecido, pois é próprio da sensatez, coisa que decorre da realidade. Eis aí a gênese dos valores morais.

2) Se da solidão vem o sólido, então o sólido distribuído com generosidade é solidariedade. Do compartilhamento da solidão vem o magistério e os que são formados nisso tornam-se novos homens - e passam a fazer o anúncio daquilo que é verdadeiro e conforme o Todo que vem de Deus a toda criatura que não esteja fechada para a realidade, conservando o que é conveniente e dissociado da verdade. Eis aí a gênese da tradição apostólica.

3) O próprio Deus feito homem experimentou a solidão por 40 dias no deserto. Pode-se dizer que desde criança Ele estava dedicado às coisas que decorrem do Pai, tal como vemos no fato de que Jesus aos 12 anos foi encontrado no templo junto aos sábios. E a passagem para a vida em sacerdócio se dá por conta desses 40 dias no deserto, enfrentando e vencendo as tentações do diabo - eis a gênese da vida monástica; como a missão é permanente, a necessidade de estar no deserto contemplando a Deus é permanente.

4) Enfim, se não houvesse vida monástica, os valores mais sólidos, próprios da Criação, teriam se tornado líqüidos e terminariam se desmanchando no ar, com o avançar da liberdade fora da liberdade em Cristo. É graças ao fato de haver pessoas que possuem a coragem de não serem atuais que os espírito monástico sempre estará vivo entre nós.

quinta-feira, 30 de junho de 2016

Comentários sobre uma passagem constante nos Atos dos Apóstolos

Estes homens perturbam a nossa cidade. São judeus, e propagam costumes que não nos é lícito acolher nem praticar, pois somos romanos.

Atos dos Apóstolos 16, 20-21

1) Ser romano implica ser prático - isso implica buscar soluções simples, fundadas naquilo que é verdadeiro, fundado na conformidade com o Todo que vem de Deus.

2) Ser conforme o Todo que vem de Deus implica mais do que obedecer ao bispo de Roma, que é sucessor de São Pedro, o primeiro Papa - implica necessariamente abraçar o espírito dos romanos, pois conhecimento prático implica empiria - e saber empírico implica saber as coisas que decorrem da verdade, coisa essa que se dá na carne. O homem sabe porque prova as coisas - e o saber empírico é saber vivido, provado na vivência e na convivência, o que edifica ordem pública.

3) Quando se rejeita a autoridade da Igreja, o conservantismo leva um cristianismo mais judaizante, próprio dos farisaicos. Um "cristianismo" hipócrita - e isso não é cristianismo, pois não decorre da dor de Cristo - logo, isso não merece ser conservado, pois não é sincero.

4) Como os judeus rejeitaram Cristo, então devemos rejeitar esses aspectos judaizantes do protestantismo, pois não são romanos - afinal, o que há por trás dele é conservantismo, mentalidade revolucionária.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 30 de junho de 2016 (data da postagem original).

Notas sobre a necessidade uma nova geopolítica como requisito para se pensar uma teoria do Estado dentro daquilo que foi estabelecido em Ourique

1) Tomar o Brasil como se fosse um lar, tendo por fundamento a missão que herdamos do Cristo Crucificado de Ourique, pede que o Brasil seja pensado como se fosse um problema permanente.

2) Todo pensamento político aplicado a um mesmo território que deve ser tomado como se fosse um lar em Cristo, e não como se fosse religião de Estado de uma República Utópica, passa necessária por estágios espirituais - e esses estágios espirituais pede uma solução política prática, fundada no fato de que o Estado deve ser organizado de modo a que a fraternidade universal seja uma realidade entre nós, já que nossa terra, tal como edificada em Ourique, é um microscosmos que serve a algo maior, coisa que decorre de Deus.

3) Os problemas de nossa pátria são problemas essencialmente espirituais - e esses problemas são sistemáticos, corriqueiros, a ponto de romper com a unidade do país.

4) Se há uma teoria do Estado fundada em Ourique, então ela deve começar resolvendo os problemas de ordem local (pois Portugal Brasil devem ser pensados como problemas inicialmente separados) e só depois é que pensaremos os problemas de ordem global, coisas que são próprias do mundo português, quando está em seu verdadeiro papel, que é o de servir a Cristo em terras distantes.

5) As teorias geopolíticas dos militares, fundadas no positivismo e no realismo maquiavélico, não resolverão os problemas da pátria, pois servem mais à divisão e à apatria do que a unidade, no sentido ontológico do termo. Uma nova geopolítica deve ser pensada - e essa geopolítica levará ao estudo de toda uma teoria do Estado que comporte a solução desses problemas. E essa geopolítica pede que os problemas espirituais da nação sejam resolvidos de modo a que os problemas materiais sejam igualmente resolvidos - mais ou menos um microcosmos daquilo que se estabeleceu durante o pontificado de São João Paulo II.