1) Se arte pela arte é uma busca vazia, então empoderamento - a busca do poder pelo poder - também é uma frase vazia.
2) O empoderamento se funda no fato de que cada um tem a sua verdade - ou seja, a pessoa é livre para ser o que ela quiser, ainda que conservando o que é conveniente e dissociado da verdade - o que não passa de uma grande ilusão.
3) Outro fundamento está no fato de que a sociedade é concebida como uma luta de classes, dividida entre eleitos e condenados. Os eleitos foram predestinados por Deus, a tal ponto que a riqueza é um sinal de salvação.
4) Numa sociedade assim, não há como crer que o homem guarda algo de bom, por força de sua natureza decaída. Por isso, a salvação não se dá por boas obras. Como conservar o que é conveniente e dissociado da verdade é norma, então a bondade, a base para a verdadeira riqueza, é um valor subjetivo. E por ser subjetivo, ela tende a ser voltada para o nada, por meio da filantropia, uma vez que filantropia é uma forma de reduzir carga de compromissos pessoais com o Estado tomado como se fosse religião, coisa se que dá por meio do imposto de renda.
5.1) Como a formação das classes se deu pela divisão do trabalho com base no sexo e na idade, a luta de classes numa sociedade dividida dessa maneira se estende aos sexos - o que é uma forma de abolição da família.
5.2) Se a família é abolida, então o poder fica concentrado nos poucos que podem ter família. Eles já concentram os poderes de usar, gozar e dispor em poucas mãos - e agora querem inviabilizar o poder de distribuir esse poder por meio da família, o fato gerador do direito das sucessões.
5.3) Não é à toa que a cultura liberdade para o nada (que o mundo chama de "liberalismo") leva ao totalitarismo (e o comunismo, o nazismo e o fascismo são as formas de exercício dessa tirania sistemática).
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 21 de outubro de 2017.
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