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segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Introdução ao estudo da economia

1) Economia é a organização do lar de tal modo que riquezas sejam produzidas. Inicialmente, essas riquezas começam sendo produzidas em casa, onde o pai de família trabalha junto com seus filhos para o sustento da família, uma vez que quem trabalha em prol do outro sistematicamente tem o direito ao pão nosso de cada dia. Com o tempo, a casa vai assumindo uma função estritamente residencial e outros imóveis vão assumindo funções tanto industriais quanto comerciais, a ponto de o pai de família chamar outros pais de família a colaborarem com ele na atividade econômica que ele está organizando, visando o bem da comunidade como um todo.

2.1) Se o verdadeiro objetivo das coisas fundadas na conformidade com o todo que vem de Deus é a vida eterna, então as riquezas devem ser usadas para a promoção do bem comum, de tal maneira que o país seja tomado como se fosse um lar em Cristo - coisa que nos prepara para a pátria definitiva, a qual se dá no Céu. Afinal, um lar organizado é que o faz com este país seja tomado como fosse um lar em Cristo mais facilmente - e essa organização se dá pela política. Por essa razão a economia tem uma íntima conexão com a política, pois escolhas devem ser feitas de modo que mais pessoas troquem o egoísmo (falsamente promovido como se fosse virtude) pela verdadeira virtude de descobrir o outro como um espelho de seu próprio eu, pois Nosso Senhor Jesus Cristo nos ensinou de que devemos amar o outro como a nós mesmos - neste ponto, a economia de mercado é um encontro entre pessoas que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento e não uma sujeição onde o homem - fundado no amor de si até o desprezo de Deus - escraviza outros homens de modo a lucrar com aquilo que decorre de seu autointeresse, o que é moralmente reprovável.

3.1) Tal como disse Santo Tomás disse, a política, quando organizada, promove a caridade sistemática.

3.2) Nela, o agraciado por Deus (bogaty) é chamado a ajudar o pobre (ubogi) naquilo que este mais necessitar, pois Deus usa o rico de modo a ajudar o pobre - eis a caridade. Afinal, a quem foi muito dado muito lhe será cobrado - e não é à toa que a liberdade decorre da verdade, que deve ser exercida com responsabilidade, nunca voltada para o nada, uma vez que a riqueza não é um sinal de salvação predestinada, pois o mundo não foi dividido entre eleitos e condenados; se Deus tivesse sido isso, ele seria um Deus do mal, um demiurgo. E pelo que nós sabemos, o mal decorre da ausência do bem, como bem disse Santo Agostinho.

3.3) O esvaziamento do que é bom e belo decorre do egoísmo, dessa cultura de liberdade voltada para o nada, feita de tal maneira que a riqueza seja vista como um sinal de salvação. Por isso mesmo, a ética protestante não é o melhor fundamento para o estudo da economia, visto que esvazia o bom e o belo da ordem pública de tal maneira que o Estado seja tomado como se fosse religião, em que tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele. E não é à toa que essa busca da liberdade fora da liberdade em Cristo só nos leva à escravidão do pecado, à apatria celestial, a ponto de desligar as coisas da Terra ao Céu.

4) Por isso mesmo, o estudo da economia deve estar livre de qualquer tendência libertária e conservantista, dado que essas coisas são fora da conformidade com o Todo que vem de Deus, pois da liberdade para o nada vem o totalitarismo. E no totalitarismo o Estado é um Deus, já que comunismo é uma religião política imanente e uma soteriologia.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 23 de outubro de 2017.


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