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sábado, 21 de outubro de 2017

Por que devemos usar a Rerum Novarum para compreender a fundação do Reino Português, tal como se deu em Ourique?

1.1) Ainda que a Rerum Novarum tenha sido escrita no século XIX, isso não é fruto da invencionice de um Papa, tal como querem os libertários-conservantistas nos fazer pensar.

1.2) Na verdade, o distributivismo é inerente a tudo aquilo que é conforme o Todo que vem de Deus, seja tanto no Antigo Testamento quanto no Novo. Ele esteve encoberto até que chegou o tempo de ser revelado, enunciado num ensinamento ex cathedra.

2.1) Uma vez que isso foi enunciado, então devemos levar em conta essa encíclica para compreender os fatos do passado. O enunciamento de uma encíclica edifica uma ponto que nos permite compreender o passado, uma vez liga ao Céu que só poderíamos compreender à luz dessa verdade, que estava antes encoberta.

2.2) Eu decidi olhar para os fundamentos da monarquia portuguesa à luz dessa Encíclica e do distributivismo - e eu percebi que o governo português estava realmente empenhado em cooperar com tudo aquilo que é fundado na conformidade com o Todo que vem de Deus.

2.3.1) Se a Idade Média foi o momento da História onde os homens mais cooperaram com Deus, então Portugal enquanto Estado foi onde esse momento histórico ganhou ares de institucionalização - e isso se Deus na forma do milagre de Ourique.

2.3.2) Fora disso, a formação do Estado se deu na forma do amor de si, uma vez que o absolutismo monárquico foi conseqüência direta do feudalismo, uma vez que o Rei, para ser senhor dos senhores, precisou eliminar todos os rivais por meio de guerra, criando uma espécie de império de domínio. Como em Portugal não houve feudalismo, então não conheceu isso que houve na Europa Central.

3.1) Se na Europa Central os reis concentraram o poder de usar, gozar e dispor em suas mãos, então eles tinham o corpo temporal e espiritual de suas respectivas nações a tal ponto que podiam romper com Roma ao fundar uma Igreja Nacional, tal como houve na Inglaterra.

3.2) Por isso mesmo, o absolutismo monárquico, enquanto uma reação à descentralização política e territorial que houve no feudalismo, é a mãe do totalitarismo, do país tomado como se fosse religião, em que tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele - e o nacionalismo é um socialismo fundado na idéia de nação, enquanto a nacionalidade é um subproduto desse movimento político, pois cria regras de direito que identificam o amigo do inimigo segundo critérios humanos e não divinos.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 21 de outubro de 2017.

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