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terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Outra pergunta importante

Tiago Pessim me fez esta pergunta:

_ Caro José Octavio Dettmann, gostaria de te perguntar o que exatamente você quer dizer quando diz em seus excelentes textos: "servir a Cristo em terras distantes, em lugares onde Cristo sequer é conhecido"? Você se refere especificamente às missões jesuíticas, assim como ocorreu no Brasil?

Eu respondo:

_ Sim. Se o país foi fundado assim, então devemos continuar com a nossa missão fundacional e civilizacional. E não só em missões jesuíticas - São Josemaria Escrivá lançou as bases da santificação através do trabalho. Ainda que você seja leigo, se você vai a outro país a trabalho, sirva a Cristo em terras distantes por meio do seu trabalho. E o primeiro trabalho santificador desta terra foi extrair pau-brasil. Daí que somos brasileiros.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 31 de janeiro de 2017.

O critério para se tomar o país como um lar em Cristo vai muito além do Direito

1) O critério para se apurar o laço que alguém tem com a terra natal ou adotiva deve se pautar no fato de que esse alguém está tomando como o Brasil um lar em Cristo de maneira voluntária, natural - e esse critério é o da intenção definitiva de aqui permanecer e prosperar. Esse critério que se dá por força da lei natural, pois toda nação consagrada em Cristo tem uma missão de modo a servir a Ele, visando o bem de toda a Cristandade. E a nossa é servir a Cristo em terras distantes, em lugares onde Cristo sequer é conhecido.

2.1) A nacionidade preexiste à nacionalidade ou mesmo à naturalização. Ninguém se comprometerá com uma autoridade se não vir nela o compromisso de amar e rejeitar as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento.

2.2) Onde houver esse compromisso haverá o dever da autoridade de servir ao bem comum de modo a manter tudo o que é necessário, de modo que nossa missão civilizacional seja cumprida. Onde não houver essa Aliança do Altar com o Trono haverá apatria - e o país será tomado como se fosse religião de Estado, em que tudo está no Estado e nada poderá estar fora dele ou contra ele, tal como ocorre nesta famigerada república que nos domina.

3) Esse critério vai muito além das regras de Direito, uma vez que brasileiro não é quem nasce, mas quem toma o Brasil como um lar por força daquilo que se edificou em Ourique - e para fazer isso você precisará cultivar gente nessa consciência, o que pede educação, coisa que deve partir de famílias estruturadas nessa missão salvífica. E isso pede evangelização constante - e o governo deve auxiliar a Igreja nesse trabalho, mas jamais interferir tal como houve no passado, uma vez que nenhum sucessor de D. Afonso Henriques tem o corpo espiritual da pátria - só o Crucificado de Ourique é que tem, pois Ele é o Rei deste lugar. Por isso, o sucessor de D. Afonso Henriques é um vassalo de Cristo, assim como o Papa é um vigário de Cristo.

4) Obviamente, recursos precisam ser produzidos de modo a que a nação seja tomada como se fosse um lar em Cristo mais facilmente. E a melhor forma de obtê-los é cooperando com todos aqueles que tomam o seu próprio país como um lar em Cristo, como a Polônia, por exemplo.

5) Por isso, sou a favor de livre comércio apenas com nações que são livres em Cristo e que vivem a vida na conformidade com o Todo que vem de Deus. Se livre comércio for da forma como o mundo pensa, então isso edifica liberdade para o nada e acaba fomentando relativismo moral - e é o que vemos no famigerado globalismo, que nos induz à apatria, sistematicamente falando.

6) Obviamente, nações livres em Cristo sempre serão as nações mais favorecidas com o trabalho que faremos. E são estes países os verdadeiros parceiros comerciais que há. Mais do que comércio, uma página de civilização estará sendo construída neste aspecto.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 31 de janeiro de 2017.

Como identificar um brasileiro de um apátrida?

1) Imagine que você está conversando com um homem em torno de seus 25 a 30 anos e no curso da conversa ele se declara francês.

2) A maioria não faz perguntas porque pensa que ele é nascido na França, quando na verdade o sujeito é francês porque é filho de francês. Isso é jus sanguinis - mesmo que ele tenha nascido no Brasil, ele é francês porque é filho de francês.

3) Nos termos da Lei Orgânica da Nova República, brasileiro é quem nasce no Brasil, ainda que de pais estrangeiros. Esse é o critério do jus solli.

4.1) Se pararmos pra pensar, o que a lei declara está fora da realidade. Muitos são nascidos nesta terra e agem como se fossem apátridas.

4.2) O verdadeiro brasileiro é filho daquele que tomou o Brasil como um lar por conta daquilo que foi edificado em Ourique. Atualmente, poucos são os nascidos nesta terra que tem essa consciência - e é desses conscientes que decorrem os verdadeiros brasileiros. A maioria, presa na má consciência, está desligada da pátria do Céu por força do pecado de se conservar o que é conveniente e dissociado da verdade, bem como na obstinação de praticá-lo.

4.3) O descobrimento do Brasil é desdobramento desta tradição em terras americanas. Como somos herdeiros disso, nós somos portugueses nascidos na América - e somos o que somos porque Cristo quis fundar um Império em nós, a partir de nossos antepassados.

4.4) Se nosso destino é servir a Cristo em terras distantes, então Cristo consagrou nosso sangue - e nosso solo, por força da Santa Missa que foi aqui celebrada, após o descobrimento do Brasil.

4.5) Para os que desejam vir a esta terra de modo a buscar uma nova oportunidade de vida, os filhos do imigrantes que nascerem neste solo serão consagrados a Cristo por força do jus solli; para quem foi para a Lusitânia Dispersa de modo a servir a Cristo em terras distantes, o vínculo com a Terra de Santa Cruz será preservado, pois tomaremos o país como um lar a partir da missão que recebemos do Crucificado de Ourique.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 31 de janeiro de 2017.

Para o brasileiro, a profissão é medida pelo quanto de dinheiro que você ganha por força de sua atividade

1) No Brasil, ser cantor de sertanejo universitário ou ser cantor de axé music é profissão porque paga rios de dinheiro. Você serve bosta pra população e fica rico por força disso.

2) No Brasil, quando você diz que é escritor e trabalha de modo a semear consciência acerca do que ocorre no Brasil, muitos riem da sua cara, pois o que se ganha é pouco e as responsabilidades são muitas. No plano prático, o escritor tem o mesmo valor que um lixeiro.

3) Meu amigo Rodrigo Arantes dizia que, em qualquer país civilizado, ensinar economia vale mais do que limpar sujeira. Aqui no Brasil ocorre o oposto: enlamear a alma e a cultura brasileira vale mais do que o esforço de limpá-la, por meio da restauração de consciências, e saneá-la por meio da alta cultura.

4.1) Por isso que não sou capitalista, uma vez que este trabalho que faço é civilizatório e antieconômico. Isso é a prova cabal de que a verdadeira missão salvífica, fundada no amor a Deus, se opõe frontalmente ao amor fundado no dinheiro, coisa que os libertários-conservantistas tanto pregam como se isso fosse religião e como se isso fosse a salvação da lavoura. É o único argumento que eles possuem - tirando o argumento econômico, não existe outro. Da mesma forma que o marxismo, só explica as coisas por uma única causa - e tal como John Stuart Mill disse, devemos evitar estudar doutrinas que explicam o mundo por uma única causa, dado que são reducionistas e desonestas, pois conservam o que é conveniente e dissociado da verdade.

4.2) É como meu amigo Douglas Bonafé disse: o dinheiro em abundância nunca foi problema para o diabo. Basta oferecer qualquer merda pra população - se fizer sucesso, está tudo bem. Fazer algo honesto, conforme o Todo que vem de Deus, pode até te dar um bom dinheiro, mas você vai ter de ralar muito para consegui-lo e as pessoas precisam confiar no seu trabalho - e conseguir essa confiança não é algo fácil.

4.3) Como não existe nesta vida solução fácil, então escolhi a segunda opção, que é ralar neste computador o dia todo de modo a escrever coisas edificantes para o país inteiro.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 31 de janeiro de 2017.

Respondendo a mais uma pergunta importante

O colega Maurício Silva me fez esta pergunta:

_  José, "Liberal Conservative" não é um termo que nasce justamente na Inglaterra, por ocasião da Revolução Francesa e a despeito do cisma anglicano (ou seja, nasce protestante) e da Revolução Gloriosa? Não seria esse o sentido ortodoxo do termo?

Eu respondo:

_ Aqui, Maurício Silva, o sentido que dou é outro. No sentido da língua portuguesa, liberal é quem é livre em Cristo e quem busca liberdade fora da liberdade em Cristo é libertário ou liberalista. Quem é livre em Cristo busca conservar a memória da dor em Cristo, pois é do sacrifício de Jesus, de modo a fazer cumprir as profecias constantes nas Sagradas Escrituras,  que nasce a verdadeira liberdade. Por isso, é conservador. E para que a liberdade continue sendo a ordem do dia é preciso conservar a memória fundada nesta santa verdade. Por isso, conservador liberal e não libertário-conservantista.

_ Há também na língua portuguesa uma tradição de que liberal é quem dá as coisas com magnificência, fundada no amor ao próximo como um espelho de seu próprio eu. Como Cristo é a liberdade e é a verdade, e fazemos isso em memória d'Ele, então leva ao distributivismo.

_ O problema da definição de liberal-conservador é que ele parte do pressuposto de que a liberdade é quem cria o que deve ser conservado, como se o homem fosse Deus e isso é fora da lei natural. A liberdade é prerrogativa que decorre da lei natural, fundada na verdade que se dá na carne - quem respeita a lei de Deus é livre e conserva o que é conveniente e sensato, pois isso é memorial para se conservar a dor de Cristo. Por força disso, muitos têm usado o termo "liberal-conservador" como um eufemismo para mascarar o espírito "libertário-conservantista".

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 31 de janeiro de 2017.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Do aeroporto como um porto do chamado renovado (um dos benefícios da globalização)

1) É verdade que poucos são os que conservam a dor de Cristo, dor essa que estabeleceu a verdadeira liberdade, fundada no fato de que devemos tomar o Brasil como um lar, com base na pátria do Céu, uma vez que devemos servir a Ele nestas terras distantes, tal como foi estabelecido em Ourique.

2) Esses poucos estão dispersos no próprio Brasil, nas demais lusitânias e na lusitânia dispersa (como o Eric Ribeiro Silva, que vive na França)

3) Tão importante quanto deslocar-se pela própria cidade é fazer dos aeroportos portos desse chamado renovado. Pelo menos, este é o lado bom que a globalização trouxe: deu ao ar aquilo que conhecíamos somente pelo mar, historicamente falando.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 30 de janeiro de 2017.

Notas sobre uma tendência da República: as oligarquias estaduais estão dando lugar a uma macrooligarquia federal a partir do casamento entre as famílias que dominam determinados cantões do país, como os Sarney no Maranhão, os Neves em Minas Gerais, e os Cabrais, no Rio de Janeiro

1) Desde o advento da Nova República, em 1985, um dos fundamentos da manutenção do poder está no fato de os oligarcas estaduais se casarem entre si, de modo a formar uma grande oligarquia federal.

2.1) Se oligarquia é perversão da aristocracia, tal como diz Aristóteles, então o segredo dessa perversão está no fato de se casarem entre si.

2.2.1) Mas esse casamento não se dá na forma tal como foi apontada por Santo Tomás de Aquino: procriação, mútua assistência e mútua santificação.

2.2.2) Como a aliança do altar com o trono desapareceu na forma do casamento civil e do registro civil de pessoas naturais, então bastou eliminar a mútua santificação que acabou a mútua assistência - e com a liberação sexual, o sexo ficou divorciado da procriação, que se tornou algo acidental - e o nascimento com vida, nesta circunstância, passa a atender a uma conveniência utilitária, dissociada da verdade, o que favorece uma cultura da morte.

2.3) Se a liberdade para o nada se funda no utilitarismo, então o utilitarismo sistemático se dá quando as falsas elites, pautadas na fisiologia e no amor ao dinheiro, se casam entre si de modo a se manterem no poder a qualquer custo, pervertendo tudo o que há de mais sagrado.

3) Neste ponto, a Nova República aperfeiçoou o que foi estabelecido na República Velha, fortalecendo até mesmo o fato de tomar este regime maldito como se fosse religião, em que tudo está no Estado e nada poderá estar fora dele ou contra ele.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 30 de janeiro de 2017.