Pesquisar este blog

terça-feira, 5 de abril de 2016

Notas sobre a competência presidencial de comutar penas

1) Uma das competências do Presidente da República é a de comutar penas. O presidente pode perdoar qualquer um que tenha cometido crimes, seja por meio de graça (individual) ou anistia (generalizado).

2) Na época do Império, a possibilidade de comutar penas existia porque o Imperador era o árbitro supremo da pátria - era o princípio da ultima ratio regis. Além de exercente do Poder Moderador, era ele quem dava a palavra final em recursos que pediam a clemência quanto à aplicação da pena de morte ou de galés (degredo). Como juiz, ele podia julgar - e isso era natural.

3) O presidente não é um juiz - ele é a ponta de um grande iceberg. Esse grande iceberg, chamado presidencialismo de coalizão, não passa de uma grande negociata, geralmente com intuito salvacionista, pois o que é conveniente será salvo e isso estará dissociado da verdade histórica estabelecida desde Ourique. 

4) Resultado: graças e indultos natalinos são concedidos de maneira impessoal e são só mais um incentivo à criminalidade.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Para se tomar um país como se fosse um lar, é preciso que o outro seja descoberto constantemente

1) Para você aprender de um escritor como eu, o que você precisa fazer é aprender a tomar o país como se fosse um lar em Cristo. Ou seja, você precisa ver o Cristo Crucificado de Ourique falando com o Rei D. Afonso Henriques e dando a ele e a todo o seu povo a missão de servir a Cristo em terras distantes. Para isso, a leitura das Crônicas de D. Afonso Henriques, do Frei Antônio Brandão, é indispensável. Para você fazer isso, você precisa se pôr no lugar do outro - e isso implica estar tanto na pele de D. Afonso, ao ter aquela visão, ou entrar na minha pele, enquanto escrevo tudo aquilo que escrevi sobre nacionismo, no campo teórico.

3) Quando se lê um autor, a leitura é um encontro - e para compreendê-lo, você precisa ler o texto como se fosse um escritor. E isso é um exercício permanente de pôr-se no lugar do outro.

4) Na sala de aula é a mesma coisa - o professor precisa pôr-se na pele do aluno de modo a que possa saber aquilo de que ele necessita. Assim, o professor aprende aquilo que é demandado, coisa que é sempre específica, e o aluno sai aprendendo, pois tem o que precisa dentro de suas circunstâncias. Por isso que o ensino deve ser o mais personalista possível - em sala de aula, isso é impossível por conta da impessoalidade. E a padronização em matérias estanques, acríticas, é a consagração disso, da impessoalidade como sendo a ordem de todas as coisas. Nada mais totalitário do que isso, o que favorece a entropia, a perda de informação essencial, por ser única e relevante.

domingo, 3 de abril de 2016

O arado garante a espada para as futuras gerações

1) Como falei antes, Cristo veio nos trazer a espada - mas ele também nos trouxe o arado.

2) Sem o arado, sem colonos para semearem consciência de modo a tomar esta terra como se fosse um lar em Cristo, não haverá soldados motivados a irem à frente do campo de batalha, movidos pelo mesmo amor que o colono tem pela terra, terra esta que alimentou este soldado desde a tenra infância - terra esta que Deus deu ao homem de modo a fazer dela seu chão, tendo por Cristo fundamento.

3) O soldado não vai para a guerra movido pelo ódio, mas pelo amor à terra natal. Eis o arado levando a espada que Cristo trouxe às novas gerações. Por isso que devemos ver o que não se vê - por isso, Deus deve ser o intermédio de todas as coisas, pois tudo sabe e é pelo Espírito Santo que apreciamos retamente todas as coisas, pois tudo isso se funda na bondade infinita de Deus-Pai.

Sobre a falácia do homem médio

1) No últimos anos de faculdade, eu fui apresentado ao critério do "homem médio" como sinônimo de "bom pai de família".

2) Por "homem médio" eu entendo o homem massificado, filho desta ordem descristianizada - ele é uma folha de papel - e pela doutrinação que se faz na escola ele acaba se rebelando contra a família, a ponto de denunciar os pais ao Estado, um dos componentes para a abolição da família. Em caso de mulher, ela é ensinada desde a escola pública e gratuita a se rebelar contra o patriarcado e incentivada a ir com freqüência às tais "oficinas de masturbação". É a treva!

3) O homem medíocre será reduzido a um animal: nasce, cresce, se reproduz e morre, sem ter vida alguma. É a morte! 

4) Se você estuda Direito e vê um professorzinho ensinando isso, mande-o às favas. 

5) Como esse sujeito pode ser bom pai de família, se tudo é incentivado para se ter uma ordem só de famílias desestruturadas, desde a cultura do divórcio até a absurda noção de "direito das famílias", que tenta normatizar como casamento válido a poligamia, o casamento gay e até mesmo o casamento de um homem com a sua mão esquerda ou até consigo próprio? Absurdo!

6) Se eu tivesse meus 25 anos nesta época de rede social, eu faria como fiz com o meu professor de Tributário: iria desmascará-lo na frente de todo mundo, até o momento em que ele ficaria com o galho dentro e me aprovaria automaticamente, sem necessidade de prova alguma. Estas coisas passam dos limites e meu sangue ferve diante de tanta desonestidade. 

7) Tenho muita coragem para pensar e raciocinar, mas eu não posso me exaltar - se isso acontecer, eu fico doente. Por isso que meu trabalho é conscientizar quem vai pra rua protestar: essas pessoas não perderão a saúde diante do mal - na verdade, terão mais vitalidade, ao estar frente a frente com o mal, de modo a derrotá-lo. É por essa razão que eu sou um colono - e não um soldado, como muitos querem que eu seja.

Notas sobre o fato de se estar frente a frente com a suma realidade, por conta do ofício de escritor

1) Como Deus tudo vê, tudo pode e tudo sabe, então o fato é que nada pode ser anteposto a Cristo. Como nada pode ser anteposto a Cristo, então Ele é a última instância da realidade, a verdade por excelência. E ao estar diante da verdade por excelência, você deve ser sincero - sua alma deve estar presente a Ele e prestando-lhe contas o tempo todo, seja no confessionário, seja no diário, que é o confessionário do escritor diante do Sumo Ouvinte, do Ouvinte Onisciente - afinal, Ele é o conselheiro admirável, filho da Mãe do bom conselho, Nossa Senhora. 

2) Todos os dias estou diante de uma voz que me fala coisas importantes e necessárias. Não são vozes vindas do exterior, como a dos paroquianos, mas elas falam ao meu coração e ressoam no meu cérebro. Eu ouço essa voz claramente, por conta do fato de escrever e por conta de estar em constante contemplação. A voz me é familiar: é a voz do próprio Espírito de Deus - seja me confortando, seja me dizendo coisas para que eu possa escrever, Ele está sempre lá comigo, a todo o momento e a todo lugar.

3) É por conta disso, do fato de saber tudo o que me afeta, que estou sempre me confessando e sempre comungando. Vai chegar um tempo em que a confissão semanal vai tornar-se confissão diária - e vai chegar um tempo em que a comunhão semanal vai se tornar diária, uma vez que acessório segue a sorte do principal.

4) O meu trabalho, se bem executado, leva a santificação de muitos, incluindo este que se faz instrumento de Cristo - este escritor que vos fala. Por isso, eu tenho o privilégio de estar numa das poucas profissões do mundo onde posso trabalhar em casa e realizar tanto a comunhão quanto a confissão freqüente. Se eu progredir na fé a esse ponto, eu posso dizer, com toda a certeza, que foi o próprio Cristo Crucificado de Ourique quem me deu essa graça, pois servi e servirei a Ele em terras distantes, através da rede social - e continuarei a servir até o fim da vida.

5) Meu amigo Helleno não consegue conceber, muito menos imaginar, um santo trabalhando na Internet, meio este onde se vê conservantistas e libertários a todo o lugar e a todo o momento, pecadores contumazes por excelência. Se ele ler meus mais de 2 mil escritos, feitos à base de muita meditação e contemplação, talvez ele perceba que isso é possível. Só Deus sabe o que se dá dentro da minha cabeça - por isso, eu decidi consagrar minha atividade ao Sagrado Coração de Jesus Sacramentado. Faço isso todos os dias de quinta, quando vou à Adoração ao Santíssimo Sacramento. Um dia farei pelo método de Santo Afonso de Ligório.

sábado, 2 de abril de 2016

Notas sobre o divórcio que se dá entre o topo e a base da pirâmide social

1) Numa sociedade sem Cristo, nós temos o problema permanente dos "señoritos satisfechos" - pessoas bem nascidas, com a sobrevivência garantida, que não sabem o que fazer da vida e que não se interessam por saber qual é a sua situação acerca deste mundo e de que modo elas podem servir a Deus, dentro de suas circunstâncias. O fato de haver indivíduos assim revela um permanente problema: a crise das vocações. Eis um retrato da angústia, decorrente do fato de se estar num mundo cada vez mais vazio de sentido, fundado no fato de se conservar de maneira conveniente a crença de que nada é eterno, uma vez que isso está fora da verdade, daquilo que é conforme o Todo que vem de Deus - eis, pois, o abismo a que nos leva a cultura do hedonismo, da busca da liberdade voltada para o nada.

2) Numa sociedade fortemente cristianizada, como a da Idade Média, o tédio e o comodismo eram coisas impossíveis e até impensáveis, pois os mosteiros absorviam esses bem-nascidos e davam a eles a possibilidade de consagrarem suas circunstâncias pessoais à obra de Deus, esse grande engenheiro social que fazia grandes obras em todos, a todo o tempo e em todos os lugares. E era em Deus que essas solidões acabavam sendo compartilhadas - pelo exemplo do santo, a pessoa acabava tomando o país terreno, circunstancial, como se fosse um lar a partir do exemplo dado pela pátria celestial, pois nele era possível ver o exemplo da eternidade, um modelo perfeito e bem acabado de integração social que se dava entre pessoas diferentes - de diferentes lugares e diferentes épocas - que dedicavam suas vidas servindo a Cristo, ao levar suas diferentes circunstâncias de vida à consagração dos altares, pois para Deus nada disso é impossível.

3) O fato de vivermos uma vida sem Deus faz com que a vida intelectual esteja divorciada da contemplação necessária de modo a que seja nobre e edificante. Sem essa vida de contemplação, a atividade intelectual se reduz a um verdadeiro carreirismo - e num mundo movido a dinheiro, o intelectual é reduzido a um peão de campo, como vemos nos jornalistas de hoje em dia. Qualquer assunto voltado para o nada passa a ter ampla cobertura, ao passo que os verdadeiros assuntos dedicados à santidade da alma, bem como da pátria como um todo, passam a ter cobertura quase que nenhuma, a ponto de isso nem sequer existir, uma vez que não deixam meios para sequer imaginar a possibilidade de que isso realmente exista.

4.1) Todos esses fatores contribuem para que a classe intelectual - que ocupa o topo da hierarquia social, fundada na ordem do trabalho - comece a trair os que estão na base da pirâmide, esses que mantêm essa atividade possível. O divórcio entre a classe laboral e a classe intelectual se deve por conta da cultura de impessoalidade. 

4.2) O bem nascido não deve a Deus e não deve aos seus compatriotas tudo o que ele é - ele deve a si mesmo. Ele tem muita auto-confiança - acha-se uma espécie de Deus ateu auto-proclamado. Por conta da impessoalidade, ele não consegue enxergar nos que viveram a vida antes dele um irmão em Cristo, que deu a sua vida de modo a que pudesse ser o que ele é hoje. A cultura de ingratidão sistemática é, pois, fruto de uma cultura de impessoalidade, fundada no amor ao dinheiro e no amor ao presente como sendo o norte de todas as coisas, uma vez que esse presente não tem o lastro do passado - e como não há lastro no passado, o futuro é imprevisível e inseguro. É uma cultura de esquecimento - e é isso que nos levará à apatria sistemática. 
 
José Octavio Dettmann
 
Rio de Janeiro, 02 de abril de 2016 (data da postagem original).

A contemplação nasce do senso de imensidão do mundo (real ou virtual)

1) Uma coisa que esses videogames atuais estão a me ensinar é a possibilidade de se contemplar a imensidão do mundo - num mundo virtual há muita coisa para se fazer e são tantas as possibilidades que você não sabe realmente o que deve ser feito primeiro. No Life is Feudal, eu me sinto desse jeito.

2) Como este jogo possui um sistema de sobrevivência, em que você deve se manter alimentado de modo a passar pelo dia vivo e alerta, você precisa priorizar a sobrevivência e satisfazer suas necessidades mais básicas. A partir do momento em que a satisfação das necessidades mais básicas deixa de ser um problema, uma vez que outras pessoas estão dedicando seus melhores esforços e dons para isso, você fica livre para se dedicar àquilo que mais lhe interessa. A maior prova disso é o fato de estar sempre escrevendo.

3) O lado bom de estar sempre em casa com a família é que estou sendo mantido por eles enquanto me dedico ao meu trabalho de escrever, uma vez que tenho tempo para fazer a atividade contemplativa necessária de modo a que esteja sempre escrevendo sobre coisas importantes, edificantes, de modo a que o país seja tomado como se fosse um lar em Cristo. A atividade contemplativa que faço só é possível porque a questão da sobrevivência está garantida, pois este filósofo que há em mim e que vos fala poderá passar o resto da sua vida estudando e meditando, pois alguém está se dedicando a manter a classe pensante trabalhando. É um trabalho de realeza - e há famílias que se especializam nesse tipo de trabalho.  O maior desafio que estou a fazer é passar essa responsabilidade para os meus leitores - meus pais um dia morrerão e só posso contar com os meus leitores no futuro. Por isso preciso servir a eles de modo a que sucedam aos meus pais, de modo a que me mantenham naquilo em que eu mais necessitar.

4) Se a atividade intelectual é um segundo sacerdócio, então ela começou nos mosteiros, pois a busca da verdade exige quase que dedicação exclusiva a ela. Viver a vida em conformidade com o Todo que vem de Deus não é fácil - e ser um exemplo de santidade para o outros é um prêmio que vale e muito a pena ser buscado. É preciso que as coisas do alto sejam procuradas constantemente, pois a política está sempre fundada no mais alto dos céus, de modo a se tomar o país como se fosse um lar em Cristo, uma vez que é nesse mesmo Cristo que organizamos as coisas de modo a que a caridade, a ordem fundada no amor ao próximo, seja a ordem do dia em nosso pais.