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quinta-feira, 17 de maio de 2018

Por que a definição de nacionidade de Borneman é falha?

1) Em debate com Ernst Gellner, constante na obra Belonging in the Two Berlins, Borneman estabeleceu a diferença entre nacionidade e nacionalidade. Enquanto nacionidade implica tomar o país como um lar, a nacionalidade - enquanto subproduto do nacionalismo - implica tomar o país como se fosse religião, em que tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele - eis o socialismo de nação, coisa que leva ao fascismo.

2.1) O problema da definição de nacionidade em Borneman é que não podemos tomar o país como um lar "ensimesmadamente", como diria Ortega y Gasset.

2.2) Tomar o país como um lar depende da presença de um ser concreto que seja capaz de reagir aos fatos da realidade (as circunstâncias sociais, climáticas, econômicas, políticas e culturais) de modo a reabsorvê-los e contribuir para a comunidade política à qual este tem vínculos, por força do domicílio. E ele deve fazer essa contribuição com base naquilo que tem de melhor, que são os seus dons - e esse dons são distribuídos desigualmente a todos os membros da comunidade, da parte de Deus, uma vez que Ele isto como algo bom, de modo a favorecer a integração entre as pessoas, essencial para a solidariedade.

2.3) Os vínculos são medidos à medida em que este descobre outros agentes capazes para tal trabalho e os ensina a poderem fazer o mesmo trabalho que ele faz, de modo que este tenha continuidade, quando vier a falecer - se a união faz a força, então é preciso essas pessoas todas amem e rejeitem as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, já que Jesus é o verbo que se fez carne e que passou a fazer santa habitação em nós, por meio da santa eucaristia.

2.3) Se a verdade é o fundamento da liberdade, então a eucaristia enquanto memorial faz a pessoa agir no mundo com senso de responsabilidade individual, preparando os que habitam na terra natal para a pátria definitiva, a qual se dá Céu - e ele o faz na forma de um legado cultural.

3.1) Quando o país é tomado com um lar em si mesmo, você retira a responsabilidade pessoal, que é própria das pessoas concretas perante o verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, e você passa a reduzir tudo a uma responsabilidade institucional, corporativa, reduzindo os seres às suas funções e utilidades, a ponto de tudo ficar nas mãos do Estado. 
 
3.2) Não é à toa que a impessoalidade leva à irresponsabilidade - e a irresponsabilidade leva a pecados perenes. E também não é à toa que o igualitarismo leva ao totalitarismo, pois nega a responsabilidade pessoal, a ponto de afastar as pessoas da conformidade com o Todo que vem de Deus.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 17 de maio de 2018 (data da postagem original).

quarta-feira, 16 de maio de 2018

Onde as coisas não são pautadas pela razão, a vida será um eterno drama

Uma outra americana me pergunta:

_ What do you do for a living? (Ou em bom português: o que você faz na vida?)

Eu respondo:

_ I am a writer. I am using to write about politics, philosophy, laws as well about Brazilian and Portuguese History. (Eu sou escritor. Escrevo sobre política, filosofia, direito, bem como sobre a História do Brasil e a de Portugal).

Ela me pergunta:

_ You seem like a more responsible me! Do you think we can meet in person? Too bad you live very far from me. (Você espelha muito bem uma versão mais responsável da minha pessoa, algo que preciso buscar seriamente. Acha que podemos nos encontrar pessoalmente? Pena que você mora muito longe de mim).

Eu respondo, com toda a sinceridade, já que sou uma pessoa realista, algo que é bem raro em minha terra:

_ Right now, I am unable to visit you in US. Traveling abroad is very expensive in Brazil. I can't guarantee you that I will visit you soon. If I could, I would move into your country. I would consider to move into somewhere safe in US. I know there are some places that are safe, especially if they are not under a liberal gonvernment like Chicago, for instance. (No momento, não estou podendo te visitar nos EUA. Viajar pra fora do Brasil é muito caro. Não posso te garantir que vou te visitar logo. Se pudesse, eu me mudava para o seu país - eu me mudaria para um lugar que fosse seguro, pois sei que há alguns lugares nos EUA que são assim, principalmente se eles não estão sendo governados pelos democratas, os esquerdistas americanos. E esse lugares não são como Chicago, a terra do Obama).

Comentários a este diálogo:

1) Algumas pessoas preferem ter um encontro real. A pessoa com que converso neste diálogo gostou de mim e achou que fosse uma pessoa responsável (como de fato sou - quem me conhece sabe que sou assim).

2.1) Infelizmente, as coisas no Brasil não se pautam pela racionalidade. O país é dominado pela mentalidade revolucionária desde que se separou de Portugal. O Brasil trocou aquilo que se fundou em Ourique (que é servir a Cristo em terras distantes) por uma utopia, pela mania de grandeza, a ponto de querer ser o Império dos Impérios do mundo. E tal como a Espanha, ir em busca de si mesmo é prelúdio de fracasso.

2.2) Não tenho culpa de haver nascido aqui. Desde que a democracia foi restaurada, em 1985, o país foi sendo sistematicamente sucateado. Foram mais de 30 anos de domínio comunista - desde 1994 a eleição está polarizada entre os fabianos e os revolucionários radicais.

2.3) A coisa só foi mudar de figura mesmo a partir do momento em que a internet passou a moldar a política nesta terra, de 2004 pra cá E só em 2014 é que veio de fato uma revolução. Pela primeira vez na História, o povo está acordado e não vai tolerar mais essa palhaçada que há muito tempo nos domina. Há muito a ser feito ainda. Pelo menos, eu tenho um consolo, já que não posso garantir a estas pessoas que encontro no caminho a certeza de que irei visitá-las em seus países.

2.4.1) Se os brasileiros tivessem a cultura de doação, tal como há nos EUA, eu seria muito bem pago para fazer o que faço aqui, fora que seria muito bem protegido de alguma eventual agressão vinda de um comunista.

2.4.2) Por enquanto, eu não tenho isso - e sei que com isso eu não posso contar, pois a mentalidade de conservar o que é conveniente e dissociado da verdade é muito forte por aqui.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 16 de maio de 2018.

Depois dizem que os brasileiros somos imbecis

Uma texana me pergunta:

_ Alguma vez você já esteve nos EUA?

Eu respondi isto a ela:

_ Eu ainda não tive a oportunidade de fazê-lo, mas meu irmão já. Ele esteve na Flórida, em Nova York e em Washigton D.C. Numa segunda viagem, ele também esteve em Los Angeles. Meu irmão e minha cunhada gostam de viajar - eles acabaram de partir pra Europa agora.

_ Parece-me que você não gosta de viajar - disse a texana.

_ Não é isso. É que viajar pra fora é muito caro. Eu não ganho o suficiente pra isso. Se pudesse fazê-lo, eu me mudava para os Estados Unidos - domino bem o inglês e há ainda lugares seguros. O ideal seria que eu fosse para a Polônia, pois o povo de lá tem uma visão de mundo muito parecida com a minha, além de ser muito seguro por lá. Mas ainda não domino a língua deles.

(Depois falam que brasileiro é imbecil. Nas minhas conversas com gente daqui, a única pessoa que não juntava o lé com o cré direito foi a única namorada que eu tive - ela justamente levou um pé na bunda de minha parte porque não assimilava direito a realidade das coisas ditas, fora que gostava de opinar sobre coisas que sequer compreendia, coisa que abomino. Onde foi que eu disse que eu não gosto de viajar? Eu apenas disse que não tive a oportunidade de viajar pros EUA, por conta da falta de dinheiro).

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 16 de maio de 2018.

O que é preciso para ser um crítico social mordaz?

1) Para se tornar um crítico social mordaz, você precisa haver estudado muita história e muita literatura, uma vez que os escritores literários captam situações sociais de uma época a ponto de fomentar a imaginação das pessoas para certas coisas assemelhadas que ocorrem no presente ou mesmo no futuro. Até mesmo coisas opostas àquilo que houve no passado precisam ser imaginadas - e isso pede que o escritor seja um verdadeiro pintor retratista de uma época, a ponto de não fazer retoque algum da realidade.

2) Outra possibilidade é tomando dois ou mais lugares como um mesmo lar em Cristo. Enquanto não moro em lugares como EUA ou Polônia, eu vou coletando a experiência que me é contada pelo meu pároco ou mesmo de americanos ou poloneses que vier a conhecer eventualmente no Twoo. E com base no que coleto eu vou pensando nas possibilidades, o que me leva a fazer troça daquilo que vejo no Brasil e que é ridículo, à luz daquilo que de bom me contam.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 16 de maio de 2018.

Notas sobre a involução da cultura de encontro

1) No tempo de Isaac Newton, as cafeterias inglesas eram conhecidas como "universidades do centavo". Você pagava um centavo por um café quente e ouvia excelentes conversas enquanto tomava café.

2) Antes da Grande Depressão, era possível tomar um chá ou um café a dez centavos de dólar. Lugares análogos à Confeitaria Colombo eram verdadeiras "casas de chá de santo dime" - conversas inteligentes e aristocráticas eram movidas à base de muito cafeína.

3) No Brasil, nas baladas da vida, você paga dez paus (dez reais ou mais) pela cerveja - que é feita de milho, em vez de cevada ou malte. Enquanto você toma uma cerveja de qualidade questionável, você vê um malandro qualquer fazendo um esquema com uma republicana qualquer. E nesse esquema, o malandro vai mostrar pra ela com quantos paus se faz uma canoa. Crianças nascidas sem pai e mãe surgem após isso, quando não são abortadas. O Carnaval é o ponto culminante desses encontros questionáveis.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 16 de maio de 2018.

terça-feira, 15 de maio de 2018

Antes da Grande Depressão, o chá podia ser servido a dez centavos a xícara e não era diabólico (literalmente, era chá do santo dime)

1) Houve uma época nos Estados Unidos em que era possível tomar uma xícara de café a dez centavos de dólar. Na língua inglesa, a moeda de dez centavos é chamada de dime.

2) Se naquela época eu desse uma xícara de chá a dez centavos a um cliente meu, então isso seria chá de santo dime. Não seria satânico como o santo daime, que é alucinógeno; seria santo mesmo porque servi a meu semelhante naquilo que ele me pediu. É pelo santo dime que teria o pão nosso de cada dia.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 15 de maio de 2018.

O negócio é dividir pra poder dominar, nem que seja multiplicando o atraso em nome do progresso por 10

1) JK prometeu avançar 50 anos em 5. O progresso foi a passo de Michael Jackson, próprio de gente que caminha no mundo da lua.

2) Temer disse que o Brasil voltou 20 anos em 2.

3) Juntando tudo, 70 anos em 7 (se fosse 70 vezes 7, seria caso de perdão, mas isso não vem ao caso, já que eles negam tudo aquilo que Jesus nos ensinou, uma vez que a República é maçônica). Como os apátridas enxergam o povo como uma imagem distorcida de um mesmo espelho, que deve estar quebrado, então isso explica nossa falta de sorte.

4) Mais 30 anos em 3 e teremos um século perdido em uma década perdida de maus governos. Eis o que dá o caos em nome da ordem e o retrocesso em nome do progresso.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 15 de maio de 2018.