1) Em debate com Ernst Gellner, constante na obra Belonging in the Two Berlins, Borneman estabeleceu a diferença entre nacionidade e nacionalidade. Enquanto nacionidade implica tomar o país como um lar, a nacionalidade - enquanto subproduto do nacionalismo - implica tomar o país como se fosse religião, em que tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele - eis o socialismo de nação, coisa que leva ao fascismo.
3.2) Não é à toa que a impessoalidade leva à irresponsabilidade - e a irresponsabilidade leva a pecados perenes. E também não é à toa que o igualitarismo leva ao totalitarismo, pois nega a responsabilidade pessoal, a ponto de afastar as pessoas da conformidade com o Todo que vem de Deus.
2.1) O problema da definição de nacionidade em Borneman é que não podemos tomar o país como um lar "ensimesmadamente", como diria Ortega y Gasset.
2.2) Tomar o país como um lar depende da presença de um ser concreto que seja capaz de reagir aos fatos da realidade (as circunstâncias sociais, climáticas, econômicas, políticas e culturais) de modo a reabsorvê-los e contribuir para a comunidade política à qual este tem vínculos, por força do domicílio. E ele deve fazer essa contribuição com base naquilo que tem de melhor, que são os seus dons - e esse dons são distribuídos desigualmente a todos os membros da comunidade, da parte de Deus, uma vez que Ele isto como algo bom, de modo a favorecer a integração entre as pessoas, essencial para a solidariedade.
2.3) Os vínculos são medidos à medida em que este descobre outros agentes capazes para tal trabalho e os ensina a poderem fazer o mesmo trabalho que ele faz, de modo que este tenha continuidade, quando vier a falecer - se a união faz a força, então é preciso essas pessoas todas amem e rejeitem as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, já que Jesus é o verbo que se fez carne e que passou a fazer santa habitação em nós, por meio da santa eucaristia.
2.3) Se a verdade é o fundamento da liberdade, então a eucaristia enquanto memorial faz a pessoa agir no mundo com senso de responsabilidade individual, preparando os que habitam na terra natal para a pátria definitiva, a qual se dá Céu - e ele o faz na forma de um legado cultural.
3.1) Quando o país é tomado com um lar em si mesmo, você retira a responsabilidade pessoal, que é própria das pessoas concretas perante o verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, e você passa a reduzir tudo a uma responsabilidade institucional, corporativa, reduzindo os seres às suas funções e utilidades, a ponto de tudo ficar nas mãos do Estado.
3.2) Não é à toa que a impessoalidade leva à irresponsabilidade - e a irresponsabilidade leva a pecados perenes. E também não é à toa que o igualitarismo leva ao totalitarismo, pois nega a responsabilidade pessoal, a ponto de afastar as pessoas da conformidade com o Todo que vem de Deus.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 17 de maio de 2018 (data da postagem original).