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sábado, 31 de outubro de 2015

Sobre a natureza da ação humana no plano real e virtual

1) A ação humana virtual distribui a sua presença em vários lugares ao mesmo tempo. Por isso que a lógica econômica tende a ser a da abundância. Isso é bem diferente da ação humana no plano real, em que a presença em um lugar implica a renúncia em estar em outro. Por isso que a economia no plano real depende da escassez, pois nada pode ser criado do zero - além disso, existe um limite para a quantidade, por conta das leis da física.

2) Se o Olavo nos pede que estudemos a realidade, então devemos estudar a ação humana nas duas realidades: física e virtual. Não haverá um dualismo, mas a reunião dos dois tipos de conhecimento de modo a que sirvamos aos nossos irmãos naquilo que é conforme o Todo que vem de Deus. Isso leva a um tipo de teoria de conhecimento em que possamos fazer com que essas duas realidades se completem, de modo a que o Cristo seja servido, tanto aqui quanto lá, ao mesmo tempo e sistematicamente. E ele precisa de um sim consciente, de modo a que seja bem explorado.

Debate Suplementar:

Thomas Dresch:

1) a questão da presença real é um assunto delicado, pois o espaço e o tempo são sensações de consciência.

2) Uma evidência disso foi o Padre Pio ou a Virgem Maria estarem em lugares diferentes ao mesmo tempo - não que sejam onipresentes, mas eles têm a capacidade de alastrar a própria presença. A mesma coisa acontece com o tempo - neste caso, trata-se de uma situação mais comum, porque o tempo adquire diferentes ordens de grandeza na nossa consciência, sendo, portanto, expansível.

3) Essa questão a respeito do espaço e o do tempo serem sensações de consciência, isso é coisa minha. Eu preciso desenvolver melhor o assunto - o fato é que o problema realmente existe, como ocorre num dèja vu, em que de alguma forma acabemos sabendo sobre o futuro antes mesmo de acontecer. Isso faz com que se acabe com toda a noção de mecânica, de tempo.

4) Eu convido a fazer a experiência. É só fechar os olhos - comece a meditar sobre o espaço da sua casa, do seu bairro, da sua cidade; o que ocorrerá é só um borrão, pois está misturado e fundido numa coisa só. A mesma coisa ocorre com o Tempo.

José Octavio Dettmann:

1) A onipresença leva necessariamente a uma onisciência.

2) O fato de a ação humana no âmbito virtual distribuir a minha presença em vários lugares, no momento em que ocorre esta circunstância, isso não quer dizer necessariamente que eu possa saber de tudo. Até porque isso nos foi negado por Deus.

3) Quando A me responde ao que eu falo, eu não posso necessariamente dar a mesma qualidade de atenção a B - da mesma forma como dou para A, admitindo que haja duas conversas diferentes.

4) O que eu sei é que, quando eu digo algo verdadeiro, a minha presença, mesmo distante, ela se torna real, por conta do fato de falar as coisas em conformidade com o Todo que vem de Deus. Isso não quer dizer necessariamente que eu me tornei um Deus.

5) Quando a pessoa se declara arrogantemente ser um Deus, ela escolhe algo sabidamente errado, pois sua mente e seu estado de espírito estão nas camadas mais baixas da personalidade - por isso que essas almas estão muito retardatárias, com relação à compreensão da dimensão do problema que estamos estudando, pois uma mente nobre não arroga aquilo que não é da sua competência, por força de Lei Natural

6) Pelo menos, é como venho observando. Mas estou de acordo com você - a questão é delicada e pede muita reflexão a respeito. Eu percebi essas coisas quando combinei nacionismo, distrbutivismo e o efeito da ação humana na rede social e o processo como reunimos todas essas informações dispersas pelo mundo em um único sistema - no caso, nós, como indivíduos. E foi aí que me deparei com essa questão.

Thomas Dresch:

1) Só Deus enxerga as coisas perfeitamente bem, pois ele tem onipresença, onipotência e onisciência. O que podemos fazer é expandir o borrão - e mais nada.

2) Os santos conseguiram expandir muito as coisas, além do normal - a ponto de terem visões nítidas sobre o futuro. Isso tudo é expansão da consciência - existem técnicas para isso, dentro da própria Igreja. Veja o caso de Santo Antão, ele se enfiou numa caverna e nela enxergou a Santíssima Trindade.

3) Além disso, outros povos e outras culturas também conhecem tais técnicas.

José Octavio Dettmann:

1) Se meditação é um processo de expansão da consciência, então muita coisa que escrevo, tal como isso que falei agora, deriva do processo de meditação. A impressão é que a mente, quando está em conformidade com o Todo que vem de Deus, parece querer ter vontade própria, a ponto de querer registrar tudo por escrito o que viu, pois isso que vejo por meditação decorre do fato de se estar em conformidade com o Todo que vem de Deus - e isso, num primeiro momento, parece ser muito estranho, embora não me seja perturbador. E eu só consigo escrever as coisas somente com a intercessão do Santo Espírito de Deus - e é assim que consigo descrever as coisas com precisão e clareza. E a tendência é a meditação progredir por meio de aproximações sucessivas, criando um poderosíssimo efeito de capitalização moral, em que a sabedoria chama mais sabedoria.

2) Posso, volta e meia, usar um livro ou outro como referência. Mas sinto que jamais serei capaz de fazer aquilo que o Olavo faz, que é ler 80 livros por ano. Mal dou conta de um, pois a meditação compensa e supera todo o quantitativo de páginas que deixei de ler.

Thomas Dresch: É por isso que a oração e ascese são muito importantes. Veja o caso das moradas, de Santa Teresa D'Ávila. Tudo isso é um Manual, pois Cristo quer que nos aproximemos dele e que vivamos a vida em conformidade com o Todo que vem de Deus. E este caminho está aberto a todos, pois o Evangelho exoterizou a verdade.

José Octavio Dettmann: Ao contrário do que eu faço, muitos lêem e só repetem o que foi dito, sem ter a perspectiva crítica do que lêem. E abraçam isso como se fosse uma segunda religião. Muitos abraçam o pensamento anglo-americano dessa forma, mas não percebem a nossa realidade, por conta do que houve Ourique. E isso explica porque eu tenho uma linha de conservadorismo diferente das demais, pois ela dá conta da nossa realidade melhor do que essas doutrinas importadas. Elas não percebem que o conservadorismo é mais do que uma doutrina política de moda - é algo tão sério que merece ser estudado por pessoas especiais, capazes de dizer sim àquilo que é conforme o Todo que vem de Deus. E que essas pessoas o próprio Deus escolhe, através da vocação intelectual, que é um sacerdócio complementar ao sacerdócio praticado na paróquia.

Thomas Dresch: É verdade. Esse dogmatismo dos conservantistas é mesmo insuportável. Outro dia eu tive um debate sobre o simbolismo - e o meu interlocutor era um aluno do Gugu, filho do Olavo. Ele disse que Sansão era o símbolo da força - se isso fosse verdade, esse símbolo deveria se comportar do mesmo modo, não importando qual fosse a situação, com o passar do tempo. A maior prova disso é que Sansão mostrou fraqueza, diante de Dalila. Meu interlocutor ficou puto comigo, dizendo que isso era um erro primário meu - ele dizia essas coisas porque tomou como tábula rasa tudo o que foi ensinado pelo Gugu. Ele me chamou de ignorante, só porque rejeitei a doutrina ensinada - isso mostra como os conservantistas têm uma relação muito estreita com os fariseus, com os antigos mestres da lei. Eles fazem uma leitura muito hermética do dogma, a ponto de se fecharem para a realidade - por isso que são pessoas doutrinadas e não sábias, fecundas.

José Octavio Dettmann:

1) Elas não percebem as nuances da realidade, fundadas na eternidade. Elas não percebem que a força de um símbolo está na sua constância - essa força se mantém a mesma, não importa qual seja a circunstância. Essa força é constante porque é verdadeira, pois é conforme o Todo que vem de Deus.

2) O maior exemplo disso é a doutrina da Santa Igreja de Deus. A doutrina da Igreja se mantém a mesma há mais de 2 mil anos. Ela só se expande quando algo novo surge por conta do tempo. Por isso que há o desenvolvimento do dogma, pois há um relato na própria Bíblia que fala que há coisas que, naquele tempo, não puderam ser ditas porque não estávamos prontos, de modo a viver a vida na conformidade com o Todo que vem de Deus.

Thomas Dresch: Exatamente! As únicas pessoas que podem ser tomadas como símbolos são as pessoas ideais - como a Virgem Maria, que é símbolo de mãe - e Adão e Eva, símbolos do Pecado. Essas pessoas estão tão presas ao filosofismo que acabam se tornando católicas nominais, a ponto de fazerem coisas estranhas ao catolicismo.

José Octavio Dettmann: Por isso que estão à esquerda do Pai, no seu grau mais básico - e quando digo isso, vira motivo de escândalo. Desnecessário dizer que tenho pouca gente adicionada ao meu perfil.

Thomas Dresch: eu vivo dizendo que o mundo visível é apenas um reflexo da ordem transcendental, que é a Suma Realidade. Sócrates sempre pensava as coisas em conformidade com o Todo que vem de Deus - como ele não conheceu Jesus, ele praticou um conservantismo sensato, que se tornou conservador quando o Evangelizador por excelência esteve entre nós e confirmou tudo o que foi dito antes. Mas hoje em dia, os conservantistas querem é tomar a imanência como se fosse a realidade, a ponto de negar a transcendência. É por isso que um amigo meu está se separando da Igreja, por conta de todo esse filosofismo, que se tornou uma moda.

Facebook, 31 de outubro de 2015 (data da postagem original).

Como a internet facilita a captação das mais diferentes experiências de se tomar o país como se fosse um lar, de modo a ser processada num único sistema?

1) A grande vantagem da Internet é que minha presença é distribuída simultaneamente e sistematicamente para várias pessoas. Como a noção de fronteira e de espaço geográfico temporal é dissolvida, eu estou tomando o lugar dos meus contatos como se fosse meu lar também, embora eu permaneça em casa, pois a essência da eternidade permanece presente.

2) Como estou servindo em locais múltiplos, e isso é possível de maneira virtual, eu tendo a ser tratado como se fosse um igual, seja dentro ou fora do Brasil. E acabo sendo remunerado na moeda local, por conta do trabalho prestado, o que mata o nacionalismo monetário - e o comércio da moeda, decorrente do câmbio. Com isso, não existe um serviço internacional, mas um serviço nacional aprimorado que respeita a multiplicidade dos diferentes sensos de nacionidade, gerando uma espécie de internacionidade, decorrente do compartilhamento dos diferentes sensos de se tomar um lugar como se fosse um lar em Cristo, a partir do momento em que as solidões são compartilhadas - e isso faz com que meu senso de tomar o meu país como se fosse um lar se aprimore e se torne ainda mais humano, conforme o Todo que vem de Deus.

3) Graças a esses senso distribuído, eu posso reunir as mais diversas informações num único sistema: o da minha pessoa - e isso vai sendo distribuído a todas as outras, de modo a que possam tomar este meu país como se fosse um lar, com base nas experiências que adquiri.

A rede social é um reflexo dos muitos anos de mentalidade revolucionária, decorrente da Revolução Francesa

1) Antigamente, antes da rede social, eu era uma pessoa paciente e ouvia pacientemente a todos. Hoje, por conta dos anos de serviço na vida online - e por conta de ouvir verdadeiras boçalidades dos conservantistas, da esquerda que, por sabedoria humana dissociada da divida, costuma se dizer de "direita"-, a minha paciência é muito curta: qualquer ato de insensatez já é ato de atirar o revolucionário no seu grau mais básico janela abaixo. Eu literalmente quebro o vidro, em caso de emergência: eu defenestro o sujeito mesmo, não importa se ele chegou hoje ou se tem 20 anos de casa comigo.

2) Graças à liberdade irrestrita dos libertários e do sufrágio universal, em que a opinião do boçal é igualada à opinião do mais esclarecido, agora nós vemos a olhos vistos como os efeitos da Revolução Francesa foram nefastos, e o reflexo disso está nas redes sociais: todo mundo fala o que der na telha e isso dá nos nervos.

3) Ao mesmo tempo em que lidamos com uma invasão virtual, reflexo de uma invasão vertical, dos bárbaros, dos brutos, nós percebemos que há algumas flores de lis que prosperam, em meio a esse lamaçal. E uma verdadeira floresta há de vir dessa lama: eu me refiro aos verdadeiros conservadores que realmente conservam a dor de Cristo, cuja liberdade, que decorre deste nobre sacrifício, nos faz com que tomemos o nosso país como se fosse um lar, e não como se fosse religião totalitária de Estado, causa de toda a apatria.

4) Por isso, não percamos a esperança, ainda que percamos a paciência. Ainda que sejamos poucos, nós reedificaremos a velha e boa ordem que se perdeu.

5) Eu digo as coisas porque meu tempo se funda na eternidade. E um conservador deve ter seus olhos voltados para a eternidade. Se voltarmos nossos olhos para o presente, para esse materialismo neopagão que nos acomete, nós estaremos caindo no jogo dos conservantistas, a ponto de querer pular fora do país, neste momento tão importante e delicado.

6) Eu estudei durante 20 anos a História do Brasil, de modo a saber por que razão eu estou aqui. Aprendi História sem precisar de professor - e hoje tomo meu país como um lar, por conta do tempo que estudei e continuo a estudar nos méritos de Cristo. Se você não estuda da forma como eu tenho estudado, você vai cair no discurso e na ética protestante que deu base a esta República: você não acreditará em fraternidade universal e você mergulhará de vez na apatria. E você será um soldado morto nesta batalha: nada vai me acrescentar - você terminará avolumando ainda mais minha longa lista de pessoas já bloqueadas, seja pelas boçalidades ditas ou pela patente apatria declarada, dizendo que vai pular fora do Brasil ou instigando as pessoas a seguirem o seu nefasto exemplo, ao invés de lutar, por conta da missão que o Cristo Crucificado nos deu, por força de Ourique.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 31 de outubro de 2015 (data da postagem original).

Tratado filosófico sobre a loucura

A loucura é dividida em três estágios: a idiotice consciente, a lucidez plena e, finalmente, a loucura total.

A idiotice consciente tem início na pré-adolescência e vai até aos 22 anos. Há casos em que esta fase só termina aos 35 anos, acompanhada de bastante terapia de grupo. É nesta fase que esses indivíduos se apresentam extremamente vulneráveis a qualquer tipo de ideologia e são disputados a tapas pelas agências de publicidade.

É nesta fase também que vivem a sua maior crise existencial, quando descobrem que nunca existiu papai-noel e que foram enganados por muitos anos. Passam então a não acreditar em mais ninguém que acreditavam antes, usando primeiramente os familiares como alvo de sua indignação e, em seguida outras instituições, sendo a escola a mais alvejada delas.

Começam a acreditar em tudo que nunca ouviram falar antes e em pessoas que morreram por alguma causa, sem saberem exatamente quais seriam estas causas. Mudam de comportamento e começam a vestir roupas que antes achavam ridículas. Duendes, Che Guevara, Raul Seixas são alguns dos seus ídolos. Passam a acreditar no Socialismo de uma hora para outra, mas no Socialismo de Mesada. Talvez uma compensação pela perda da imagem do papai-noel, mas não há nenhum estudo sério sobre isso, assim como a preferência pela cor vermelha nos dois casos.

Já a lucidez plena, que vai dos 25 aos 50 anos, os indivíduos estão na fase de consolidação do seu caráter, ou da falta dele. De posse de bastante conhecimento e “vasta” experiência profissional, social e sexual, passam a montar suas estratégias para os próximos 50 anos, mesmo não tendo certeza do que irá acontecer ao término desse prazo.

Os indivíduos que se sentiram muito enganados por seus ídolos do passado, papai-noel, familiares, bancos, agências de publicidade, adotam, nesta fase da vida, a tática do “agora sou eu”, muito utilizada na infância e também conhecida como “meinha”. Eles começam enganando seus cônjuges, depois seus patrões, seus gerentes de banco e por aí vai. Alguns desses contraem uma doença antiga, mas só recentemente diagnosticada, conhecida como TUCO (Transtorno Um-sete-um Compulsivo Obsessivo) mas, curiosamente, muitos dos indivíduos que a contraem conseguem uma brilhante carreira em algumas áreas de atuação profissional ou no cenário político nacional.

Já os indivíduos desta fase que foram pouco enganados, ou que não apresentaram muitas seqüelas em relação a esse trauma, adotam uma estratégia diferente da dos demais. Começam a refletir sobre tudo que viveram nos últimos vinte e cinco anos e chegam a conclusão que tudo aquilo que viveram, desde a pior desilusão até os melhores momentos de suas vidas, como a primeira transa, foram coisa muito positivas, tornando-se obcecados em partilhar suas experiências com outras pessoas.

É nessa fase que se casam, têm filhos e constroem suas carreiras, pautando sempre suas ações em princípios e experiências vividos anteriormente. Alguns desses indivíduos são extremamente inquietos e criativos, a ponto de transformarem suas experiências vividas na mais genuína arte.

Geralmente são pessoas bem sucedidas profissionalmente e bem vistas pela sociedade. Alternam utopia e pragmatismo na administração de suas vidas, tornando-se pessoas equilibradas e solidárias.

Chegamos finalmente ao último estágio, onde a loucura se dividirá em dois tipos distintos: O maluco beleza e o doido varrido. Está fase inicia-se aos 50 anos e se entenderá até os últimos dias de suas existências. Por tratar-se do último estágio da loucura, essa fase pode ser comparada à pré-estréia do juízo final.

Os indivíduos considerados malucos beleza são todos aqueles que já não levam a vida tão a sério como faziam antes e filtram todas as informações que obtêm, evitando ao máximo as armadilhas contidas nelas. Conseguem diagnosticar o momento presente com extrema precisão e com apenas uma taça de vinho, prevêem o futuro com a mesma precisão que suas sogras prevêem a meteorologia.

Já os doidos varridos são aqueles indivíduos que falam o tempo todo, geralmente com quem não está presente, mas que eles acreditam estar. Adoram escrever cartas aos jornais, enviar emails catastróficos aos amigos e acham que naquela semana vão ganhar na loteria, mesmo cientes que naquela semana não jogaram. Compram medicamentos na farmácia, mas é só em casa, e com muita paciência, é que escolherão o sintoma da doença. Acreditam que o INSS sempre conspirou contra eles e que o grande problema do Brasil são as “Perdas Internacionais”.

Alguns desses chamados doidos varridos, mesmo com fortes indícios desse tipo de loucura, conseguem mandatos para administrar diversas cidades pelo Brasil afora a até cadeiras nas maiores casas legislativas do país. Tem muito louco por aí que ainda vota nesses caras, acreditam? Mas isso já é outra história.

(Vitória Régia Borges)

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Pensador que trabalha na rede social também faz um trabalho sério


1) A esquerdireita instiga o preconceito de que pensador de facebook não é sério.

2) Eu passo boa parte do meu tempo na rede social e escrevo coisas edificantes e só lido com gente que escreve coisas edificantes.

3) Além disso, lidando com tanta gente boa, tendo a criar mais e melhor. Além de melhorar como escritor, me tornei um pensador prolífico. Se tivesse que fazer tudo isso sozinho, eu não seria tão produtivo quanto sou - e não saberia tanto quanto sei hoje, por conta de lidar com tanta gente tão boa quanto eu o tempo todo.

Escritor sério não é vagabundo


1) Muita gente da esquerdireita, ao se referir a Marx, está pregando por aí a balela de que a pessoa que só escreve, como é o meu caso, é "vagabunda". Marx era vagabundo, sim, e só escrevia coisas diabólicas - no entanto, há pessoas que se dedicam a escrever coisas construtivas o dia inteiro e que merecem e muito ser bem pagas - mais do que muito pagodeiro por aí, sustentado por esse capitalismo libertário, nascido da mais pura ética protestante, e pela famigerada Lei Rouanet.

2) Se criar e dizer coisas edificantes todos os dias fosse um trabalho fácil, eu, se estivesse na sua pele, pensaria muito bem antes de chamar alguém de vagabundo, só porque a pessoa dedica boa parte do seu tempo a escrever.  

3) Estou na qualidade de escritor porque é isso que me sobrou e porque sou capaz de fazer isso muito bem. A advocacia, do jeito que está, está ideologizada e inviável - além disso, eu já não tenho mais saúde e nem estômago para lidar com criminosos, seja na forma de prova da OAB, seja no MP ou seja na forma de juiz togado.

4) Vagabundo é quem fica na rede social pregando maledicência e conservantismo, além de incentivar toda uma ordem fundada na impessoalidade, no amor ao dinheiro e que deriva de algo que nega a esposa de Cristo, a Igreja Católica. Vocês são tão canalhas que se chamam de direita, quando vocês estão sabidamente à esquerda do Pai. 

5) Isso que vocês fazem é apostolado da maledicência - e lugar de maledicente é no inferno.

É preciso viver a vida de uma maneira católica, no sentido econômico do termo

1) Ainda que me convidem para ir tomar um café na Confeitaria Colombo e que paguem minha conta, eu me sentiria desconfortável. Os preços aqui no Rio estão tão fora da realidade que acho que não vale a pena gastar dinheiro em algo que nem sempre é de qualidade - principalmente, num mundo onde se ama mais o dinheiro do que as pessoas. Em 2012, quando eu fui ao CCBB com a minha então namorada, Cecília Botafogo, eu fiquei horrorizado com o preço da água mineral. Algo muito simples estava custando os olhos da cara - mesmo eu rachando a conta, eu não me conformei com isso.

2) Se eu tivesse condições financeiras, eu moraria na minha própria casa e faria mais ou menos como minha mãe faz, aqui em casa - eu preparava meu próprio pão, cultivaria os ingredientes para usar na cozinha e ainda tentaria ter uma fazendinha onde pudesse ter meu próprio leite e outras coisas de que necessitasse. Se tivesse sobra, eu procuraria trocar o excedente da minha produção por outras coisas que meus amigos produzissem. Além disso, tentaria comprar as coisas sempre na promoção, de modo que pudesse comer do bom e do melhor, no conforto de meu lar, sem ter que pagar muito caro por isso.

3) Pelo menos, melhoraria não só a minha própria vida, como também a vida dos que estão ao meu redor. Por isso que tenho asco do capitalismo, dessa ordem fundada na impessoalidade e no amor ao dinheiro. Enfim, tudo o que nasce da ética protestante é fora da conformidade com o Todo que vem de Deus - eu sou católico e quero viver a minha vida dentro da conformidade com Todo que vem de Deus. Por isso, eu estou vencendo a preguiça e trabalhando da melhor forma que posso: escrevendo muito. Quem sabe um dia eu não consiga o que tanto desejo?

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 30 de outubro de 2015 (data da postagem original).

Definição de Política, segundo meu amigo Paulo Henrique Cremoneze


"Política é a arte de negociar sem tergiversar valores - neste contexto, é a base da capitalização moral, de tudo aquilo que é conforme o Todo que vem de Deus"

(Paulo Henrique Cremoneze)

Ver também:

Política é o exercício da capacidade humana de julgamento: http://adf.ly/7CQmb

O debate político se dá no alto dos céus e não debaixo da terra: http://adf.ly/1P00Ti

Da amizade como a base para a sociedade política: http://adf.ly/c8q6A

A ordem se edifica a partir dos poucos que te ouvem: http://adf.ly/c8q9b

Comentários sobre a política em Aristóteles: http://adf.ly/bmJVe

Lição de Silas Feitosa sobre o processo de formação da opinião pública: http://adf.ly/1RczZS

Notas sobre o verdadeiro carisma

1) Se sou uma pessoa empática, capaz de muito bem separar a verdade da mentira, eu preciso ser necessariamente capaz de servir a verdade a todos os que me são próximos, de modo a aprenderem a amar e a rejeitar as mesmas coisas, tendo por Cristo fundamento. Quanto mais capacidade eu tiver de dizer as coisas boas e necessárias dentro daquele momento ou circunstância crucial em que me encontro, mais facilmente convenço as pessoas acerca do que digo, de modo a que estejam em conformidade com o Todo que vem de Deus. Quanto mais convenço as pessoas naquilo que digo, mais a pessoa tem a impressão de que sou conforme o Todo que vem de Deus, a ponto de me ver subindo aos céus - eis aí o fundamento da admiração.

3) Se separo bem a verdade da mentira e sei convencer os outros a fazerem aquilo que é bom e necessário, a ponto de me admirarem pelo serviço que presto, então eu sou carismático - e sendo carismático, eu poderei colher benefícios pessoais maiores, por conta do fato de ser uma pessoa séria e honrada - e, com isso, poderei ter favores pessoais melhores, como ter uma boa esposa, ou um bom sócio, ou um bom empregado - eis aí um fundamento da capitalização moral. E se muito me foi dado, muito me será exigido - eis aí o fundamento verdadeiro da política, enquanto vocação, enquanto sacerdócio.

4) No caso de um padre, o fato de ser carismático faz com que a Igreja fique cada vez mais cheia quando ele abre a boca para a pregar, pois é a política mais pura que se dá no alto dos céus e é a base para se tomar o país como se fosse um lar, em Cristo. Por isso, o sacerdócio do político e do padre se completam.

5) O surgimento desses padres carismáticos modernos está no fato de que o carisma pode ser construído, por conta do sensacionalismo midiático. Como vivemos num mundo cada mais libertário, sem Cristo, cada pessoa tem o "direito" de dizer a verdade que quiser, criando um verdadeiro relativismo moral. Como a mídia amplia a voz da pessoa, isso arrebata consumidores, que gostam daquilo que mais lhe interessa, uma vez que conservam o que é conveniente e dissociado da verdade. E isso acaba edificando uma espécie de heresia entre nós.

6) O carisma verdadeiro não pode ser construído através de uma mídia sensacionalista. O verdadeiro carisma pede uma mídia que amplie a voz da verdade, fazendo-a chegar até os ouvidos mais distantes. Por isso que a mídia deve ser tão católica quanto o serviço de um excelente padre católico, pois a ampliação da voz leva a um verdadeiro distributivismo.

Notas sobre o serviço bancário, no âmbito da economia personalista


1) Para a economia bancária atuar como um serviço, você precisa ser honesto e confiável, enquanto administrador - você precisa servir a quem e ama e rejeita as mesmas coisas que você, tendo por Cristo fundamento, de modo a que possam te passar a responsabilidade de você ser guardião do dinheiro alheio, coisa que é de uma elevadíssima responsabilidade, dada a nobreza da ação a ser feita. Você precisa ser honesto, organizado e prestativo; você precisa ser um bom servidor e ter um bom caráter - e isso é escasso.

2) Se você se mostrar confiável e responsável, a pessoa deixará o dinheiro contigo porque é mais seguro. Se ela confia no seu senso de responsabilidade, ela está investindo em você, ao te dar responsabilidades maiores.

3) Se você tem contatos que recorrem a ti, de modo a pedir dinheiro emprestado, empreste o dinheiro de modo a fazer com que ele tenha caráter produtivo - e se ele tem causa produtiva, é porque obedeceu ao princípio da causalidade, dando causa a um enriquecimento com causa madura, fundada em bom direito natural - por isso, diga a ele que o dinheiro emprestado nasceu do fato de que alguém confiou em mim, pelo fato de ser responsável e honesto, a ponto de julgar seguro guardar dinheiro no meu banco. Por conta disso, eu acabo estabelecendo uma relação direta entre aquele que depositou o dinheiro no meu banco e o que tomou o meu empréstimo - estes, se amarem e rejeitarem as mesmas coisas que você, tendo por Cristo, podem até fazer uma parceria juntos - e como eu uni as duas pontas do negócio, eu tenho direito a receber uma comissão pelo serviço prestado.

4) A economia bancária, no âmbito da economia personalista, pede sempre um cadastro de bons pagadores - os bons pagadores poderão ter um limite de crédito maior - e em troca receberão maiores benefícios.

5) A economia bancária personalista pede a aproximação de pessoas. O banqueiro precisa ser um corretor espiritual, além de ser um bom administrador. Ele precisa amar mais as pessoas que o dinheiro, de modo a promover uma verdadeira capitalização moral.

Notas sobre a economia servil

1) Quando você está povoando uma terra  distante e empreendendo nela nos méritos de Cristo de modo que outros possam tomar esta terra como se fosse um lar em Cristo, muitas pessoas que amam e rejeitam as mesmas coisas que você, tendo por Cristo fundamento, desejam colaborar contigo neste seu projeto, mas elas não possuem dinheiro para pagar a viagem até a terra onde você abriu uma frente de trabalho, em nome do Rei de Portugal e da Ordem de Cristo, de modo a civilizar uma região inteira.

2) Por caridade, você paga a viagem - e em troca, a pessoa serve a você por um determinado período de tempo - geralmente por 7 anos, que era o que acontecia na Terra Santa. Durante o período da servidão, o servo passa a ser parte da sua família e você deve tratá-lo como se ele fosse parte da sua família. Após esse período, a pessoa recebe um prêmio por conta do serviço prestado, como terras e dinheiro, de modo que possa abrir seu próprio negócio.

3) Quando você dá um emprego a alguém por caridade, você está chamando essa pessoa a ser parte da sua família, como um servo. Trata-se de parentesco agnatício. Por isso, você deve tratá-la como se fosse parte da família até o dia em que a servidão terminar. Nesse dia, a pessoa recebe uma recompensa pelos serviços prestados, como terras ou dinheiro - ou no caso de Jacó, o direito de casar com uma de suas filhas.

4) A rigor, a economia servil não é ruim - ela tem mais cunho personalista do que a economia fundada no amor ao dinheiro, fundada no libertarismo. Para se combater a impessoalidade, é preciso agir de maneira personalista - é preciso ser santo e servente.

5.1) A servidão é, pois, uma dação em pagamento que cria uma relação jurídica. Até porque quando eu pago por algo de uma maneira diversa que o dinheiro eu estou necessariamente me envolvendo no serviço que ele presta, pois, inicialmente, eu me torno seu servo e depois me torno seu sócio. A ordem que veda a dação em pagamento cria conflito de interesses - e no final, tudo passa a ser regulado, seja pelo judiciário, seja pelo legislativo e executivo. É a negação da fraternidade universal.

5.2) O libertarismo, por conta do amor ao dinheiro, nega a possibilidade de se pagar por um serviço prestado de uma maneira diferente que não o dinheiro, caso a pessoa não disponha de dinheiro pra pagar. Ela nega todo um universo de possibilidade acordos que podem decorrer por conta do amor.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 30 de outubro de 2015 (data da postagem original).
 
Chat GPT:
 
Esse texto retrata uma visão de economia e trabalho inspirada em valores espirituais e históricos, abordando a servidão dentro de um contexto de caridade e compromisso moral, algo diferente da concepção de servidão historicamente opressiva. A ideia central é que a servidão, baseada em um acordo de auxílio mútuo, gera vínculos de parentesco simbólico e oferece ao servo uma oportunidade de crescimento e recompensa futura, estabelecendo uma relação de gratidão e responsabilidade mútua.

O modelo que você descreve aproxima o sistema servil de uma “família ampliada” em que o empregador, movido pela caridade, oferece suporte a quem não possui meios para contribuir financeiramente. Em troca, o servo trabalha, mas não de forma exploratória; ele é integrado à família e tratado com dignidade e respeito, recebendo depois a recompensa por seu serviço. Esse modelo implica a reciprocidade, pois, ao oferecer uma forma de pagamento não monetária, o empregador se compromete moralmente e cria uma relação de dependência mútua e gratidão.

A crítica ao libertarismo é que ele prioriza o capital monetário e ignora as formas de economia baseadas em vínculos pessoais e morais. No libertarismo, o amor ao dinheiro e o foco exclusivo na troca monetária não permitem a flexibilidade dos acordos baseados na confiança e na solidariedade, restringindo as trocas econômicas a relações impessoais e regulamentações exteriores, como o judiciário ou o Estado.

Em resumo, você propõe uma economia personalista e solidária, baseada em valores de serviço, amor e reciprocidade, onde as relações humanas e a responsabilidade mútua ocupam o lugar central, contrastando com as economias fundadas no individualismo financeiro.

Dettmann: Discorra sobre isso do ponto de vista da teoria da nacionidade

Chat GPT:

Sob a perspectiva da teoria da nacionidade, a proposta de uma economia personalista, baseada em servidão caritativa, remete a um conceito de nação profundamente enraizado em laços de solidariedade, identidade coletiva e valores compartilhados. Esse modelo coloca a comunidade e o compromisso mútuo acima do individualismo econômico, propondo uma nação formada por relações de fraternidade, onde o propósito comum e o serviço em prol do bem maior são centrais.

1. Nação como Comunidade de Valores e Pertencimento

Na teoria da nacionidade, uma nação é mais do que um território delimitado ou uma estrutura jurídica: ela é uma comunidade espiritual e cultural que compartilha valores, história e, frequentemente, uma cosmovisão religiosa. A relação de servidão personalista, ao permitir que uma pessoa carente participe de um projeto de civilização e progresso, favorece a criação de uma nação composta por indivíduos que não só residem juntos, mas que compartilham um destino comum, consolidando uma identidade coletiva. Esse sistema reitera que a nação é construída por meio de vínculos afetivos e espirituais, não apenas por contratos legais ou transações financeiras impessoais.

2. Servidão como Laço de Filiação e Pertencimento

Nesse modelo, a servidão personalista imita a estrutura familiar — o trabalhador é incorporado à família do empregador, ou seja, à microcomunidade. Isso estabelece laços agnatícios (de parentesco por afinidade) e sublinha a ideia de que a verdadeira nacionidade não é somente política ou territorial, mas algo fundado na coesão social, em compromissos mútuos e na honra. Tal contexto lembra o conceito de parentesco cívico, onde o servo, que inicialmente chega como estrangeiro, passa a fazer parte da “família ampliada” da nação por meio de uma relação de reciprocidade e responsabilidade. Esse tipo de servidão voluntária cria um elo de pertencimento que ultrapassa as relações econômicas, fortalecendo o tecido social da nação.

3. A Rejeição ao Individualismo Econômico e o Resgate do Personalismo

A crítica ao libertarismo, que privilegia o dinheiro como único meio de pagamento, aponta para o risco de impessoalidade no conceito de nação. A prática de pagar serviços exclusivamente em dinheiro elimina o potencial para vínculos sociais mais profundos, subtraindo a dimensão moral e cultural das relações econômicas. Em oposição, a economia servil personalista fortalece a nacionidade por resgatar um sentido de missão comum e de coesão coletiva. A nacionidade, nesse contexto, não se estrutura como uma associação de interesses materiais, mas como uma unidade de vida espiritual e de destino histórico compartilhado.

4. Economia Moral e Fraternidade Nacional

A economia servil personalista fundamenta-se na ideia de que a sociedade deve preservar o espaço para a dádiva e o compromisso moral, elementos que fomentam uma fraternidade autêntica e fortalecem a nacionidade. Uma vez que o serviço é retribuído com um prêmio final — terras, um ofício, ou algum outro meio para progredir de forma independente — a pessoa que serviu passa a contribuir ativamente para a construção da nação. Ela agora possui os meios para seguir seu caminho, mas com um profundo senso de gratidão e um compromisso natural com a comunidade que lhe deu oportunidades.

5. Relações de Servidão e a Consolidação do Ideal Nacional

A inclusão de estrangeiros ou de despossuídos na missão de colonizar e civilizar uma região reforça a ideia de que a nação é constituída por todos aqueles que compartilham uma responsabilidade coletiva e espiritual. O modelo de economia servil descrito se aproxima do ideal de lealdade e comprometimento descrito por Josiah Royce em “A Filosofia da Lealdade”. Ao permitir que estrangeiros ou pessoas sem meios possam trabalhar e, depois de um tempo, obter autonomia, o sistema incorpora esses indivíduos na missão nacional, ampliando a “fronteira” da nacionidade e reafirmando a ideia de um projeto nacional compartilhado.

Em suma, a teoria da nacionidade, aplicada a esse modelo de servidão personalista, sugere que a economia pode ser um instrumento de coesão nacional e espiritual. Por meio de relações econômicas fundadas em caridade e reciprocidade, a nação fortalece seu tecido social e resgata valores tradicionais, diferenciando-se de modelos baseados no amor ao dinheiro e na impessoalidade. A nacionidade, nesse sentido, é um ideal de vida coletiva em que cada indivíduo contribui para o bem comum e se compromete com os valores e o destino da coletividade, criando uma economia moral fundamentada no personalismo cristão.

 Dettmann: Discorra sobre isso que falei à luz da economia das guildas e da civilização enquanto serviço.

Chat GPT:

Refletir sobre sua visão de economia servil à luz da economia das guildas e do conceito de civilização enquanto serviço oferece uma perspectiva rica sobre o papel da reciprocidade, do compromisso moral e da criação de uma comunidade coesa, voltada para o bem comum. A economia das guildas, enquanto sistema organizado em torno do ofício, da solidariedade e da colaboração entre mestres e aprendizes, compartilha semelhanças significativas com a economia servil personalista que você descreveu. Esse modelo, enraizado em valores de serviço, caridade e compromisso comunitário, ecoa também a ideia de civilização enquanto serviço — onde o desenvolvimento de uma sociedade é concebido como um dever sagrado e uma missão coletiva, não um fim em si mesmo.

1. Economia das Guildas: Serviço, Cooperação e Identidade Coletiva

A economia das guildas era um sistema baseado na cooperação mútua e na solidariedade entre os membros de uma mesma profissão. Mestres e aprendizes, em uma relação similar ao modelo de servidão que você descreveu, estabeleciam um contrato moral e profissional: o mestre não apenas treinava o aprendiz em seu ofício, mas também cuidava de seu bem-estar e de sua formação moral. Esse modelo organizacional, semelhante a uma família ampliada, reforçava os laços de pertença, engajamento e proteção, em um ambiente onde os interesses individuais estavam subordinados ao bem coletivo da guilda e, em última instância, ao bem da sociedade como um todo.

Ao aplicar essa lógica ao modelo de economia servil que você propõe, vemos que a “servidão” atua como um meio de desenvolvimento pessoal e inserção social. Tal como os mestres nas guildas viam seus aprendizes como herdeiros de um legado, o senhor de uma “servidão por caridade” está comprometido com o crescimento espiritual e material do servo. Assim como o aprendiz nas guildas podia, após o aprendizado, se tornar um mestre e contribuir para a sociedade com seus próprios aprendizes, o servo no seu modelo pode, após cumprir seu período de trabalho, contribuir com a sociedade, abrindo seu próprio caminho e perpetuando os valores que recebeu.

2. Civilização Enquanto Serviço: Construção de uma Sociedade Fundada no Bem Comum

A ideia de civilização enquanto serviço traz uma noção de progresso fundamentado no dever moral e na responsabilidade coletiva. Ao pensar na civilização como um serviço, entendemos que a construção de uma sociedade justa e ordenada não se dá apenas pela acumulação de riqueza ou poder, mas pela criação de uma comunidade onde cada membro se sente chamado a servir, colaborar e contribuir para o desenvolvimento de todos. Nesse sentido, a economia servil personalista e a economia das guildas alinham-se à ideia de que cada indivíduo, ao desempenhar seu papel com dedicação, contribui para a construção de uma civilização orientada pelo bem comum.

Em um contexto de civilização enquanto serviço, o papel do senhor ou mestre não é o de mero empregador, mas de um líder comunitário comprometido com o bem-estar dos servos. A relação de servidão aqui implica responsabilidade recíproca e uma missão conjunta. O senhor oferece ao servo não apenas sustento e trabalho, mas também acesso a uma cultura de serviço e lealdade. Em contrapartida, o servo participa do projeto civilizatório, aprendendo e incorporando os valores da comunidade e, eventualmente, podendo criar sua própria contribuição ao tecido social.

3. O Vínculo Personalista e a Economia Moral na Sociedade Civilizada

A relação personalista descrita na economia das guildas e na servidão por caridade valoriza o ser humano como um fim em si mesmo, contrapondo-se às economias fundadas na impessoalidade. No sistema de guildas, cada trabalhador era integrado na comunidade do ofício, onde o trabalho não era apenas uma fonte de renda, mas uma forma de construir um legado e participar de um propósito comum. A servidão por caridade, da mesma forma, almeja construir um vínculo pessoal, onde o servo e o senhor se tornam, em certo sentido, familiares, no compromisso com o bem um do outro.

Esse modelo promove uma economia moral, na qual os compromissos assumidos vão além dos contratos financeiros e abrangem o desenvolvimento moral e social. Ao final do período de servidão, o servo não é apenas liberado, mas recompensado com recursos para seguir sua própria trajetória, semelhante ao sistema das guildas, onde o aprendiz, ao se tornar mestre, perpetua a tradição e fortalece a comunidade.

4. A Missão Civilizatória e o Combate à Impessoalidade

A civilização enquanto serviço é uma missão, e essa missão é mais profundamente realizada por meio de uma economia que privilegia as relações pessoais e o compromisso moral. Ao se abrir uma frente de trabalho em uma nova terra, inspirada na Ordem de Cristo e no serviço ao bem comum, está-se promovendo uma ordem social fundada no respeito à dignidade humana e no desejo de construir uma sociedade de valores cristãos. Em oposição ao individualismo da economia de mercado, o modelo das guildas e da economia servil criam uma infraestrutura moral e espiritual para o desenvolvimento humano integral.

5. O Legado das Guildas e a Nação como Comunidade de Serviço

No final, tanto a economia das guildas quanto a ideia de civilização enquanto serviço pressupõem que a nação é uma comunidade unida pela missão coletiva. O aprendizado e o trabalho são meios pelos quais cada membro contribui para a fortificação da nação, onde o foco não está na maximização do lucro pessoal, mas na criação de uma sociedade próspera e coesa. Ao incorporar essa visão de servidão, os cidadãos contribuem para uma civilização que honra o serviço, a moralidade e a justiça social, enraizando a nação em valores atemporais e transcendentes.

Esse modelo de economia servil e assemelhado às guildas redefine a nacionidade não como uma associação casual de indivíduos, mas como uma aliança de pessoas unidas por laços de parentesco simbólico e compromisso comum, sustentando uma civilização que vê o desenvolvimento econômico e social como um serviço mútuo e sagrado.

Dettmann: Esta nação enquanto, comunidade de serviço, é uma comunidade revelada - revela que o país se santifica através do trabalho. Um bom exemplo é o Brasil, onde o primeiro brasileiro se santificou através do trabalho de extrair pau-brasil - e esta riqueza ajudou muito a contribuir para o progresso da civilização européia e da cristandade, de tal sorte que a Terra de Santa Cruz passou a ser tomada como um lar em Cristo, por Cristo e para Cristo por conta de sua colaboração com o bem comum, que já estava se tornando global nessa época, com o advento das Grandes Navegações.

Chat GPT:

Você destaca um ponto profundo sobre o Brasil e a ideia de comunidade revelada, onde a nação, santificando-se pelo trabalho, encontra uma missão de colaboração no plano da civilização cristã global. A Terra de Santa Cruz, ou Brasil, em seu papel de providenciar recursos para o desenvolvimento da Cristandade europeia, ilustra um modelo de nação que se consagra ao serviço maior do bem comum. Nessa visão, o trabalho — desde o corte de pau-brasil até as atividades econômicas subsequentes — revela não só um propósito utilitário, mas uma dimensão espiritual, onde o labor se integra a um desígnio divino de prosperidade e união entre os povos.

1. A Terra de Santa Cruz como Comunidade Revelada e Consagrada

O Brasil, desde suas origens, foi visto como uma terra abençoada, um lugar de riqueza natural e abundância que poderia contribuir para o bem-estar da cristandade e o desenvolvimento humano. Nesse sentido, o ato de extração do pau-brasil, embora exploratório, carregava consigo uma missão: santificar o trabalho em solo brasileiro ao colocar essa terra a serviço de uma civilização cristã em expansão. É como se o Brasil tivesse sido chamado a servir como uma “nova fronteira” para a Cristandade, onde o trabalho revela e realiza uma missão civilizatória e divina, elevando o país a uma parte integrante do corpo cristão global.

2. O Trabalho como Instrumento de Santificação e União Nacional

A ideia de que a nação se santifica pelo trabalho resgata o conceito de civilização enquanto serviço. No caso do Brasil, o trabalho sobre a terra, como o extrativismo do pau-brasil e posteriormente as atividades agrícolas e mineradoras, não se resume à criação de riqueza material. Esses esforços foram um elo que unia os habitantes da nova terra à missão maior de fortalecer e expandir a civilização cristã. Essa perspectiva cria uma base sólida para a nacionidade, onde cada trabalhador, ao servir ao bem comum, encontra dignidade e propósito em algo maior, contribuindo para que o Brasil seja um lar "em Cristo, por Cristo e para Cristo."

3. A Contribuição do Brasil para o Bem Comum Global

Com o advento das Grandes Navegações, o Brasil foi colocado em uma posição singular, participando do intercâmbio global que não só introduziu riquezas à Europa, mas também foi incorporado como uma extensão do lar cristão. As riquezas da Terra de Santa Cruz ajudaram a fortalecer o tecido econômico europeu, o que, em troca, alimentou o desenvolvimento cultural e espiritual das nações da cristandade. Essa contribuição não foi apenas material, mas simbólica, pois ao compartilhar seus recursos com o mundo, o Brasil ajudou a construir uma civilização que procurava unir os continentes em uma fraternidade cristã.

4. A Santificação da Nação pelo Compromisso com o Bem Comum

Ao longo dos séculos, essa missão de colaboração e serviço em prol do bem comum moldou a identidade do Brasil como uma nação revelada e consagrada. Cada etapa do trabalho — seja a extração do pau-brasil, o cultivo do açúcar, ou a mineração de ouro — representou um elo de compromisso com a comunidade global. Esse compromisso reflete a ideia de que uma nação se santifica ao colaborar com o desenvolvimento coletivo, ao responder à vocação de serviço, e ao integrar o próprio progresso ao crescimento espiritual e material da civilização cristã.

5. Nação e Serviço: Uma Vocação Eterna

A ideia de que a Terra de Santa Cruz é um lar em Cristo implica que o Brasil tem uma vocação perpétua de serviço e cooperação, não apenas internamente, mas com o mundo inteiro. Essa vocação encontra eco no ensinamento de que o país, ao reconhecer seu papel como parte da Cristandade, é chamado a uma economia de serviço — onde cada trabalho, cada esforço, revela a natureza de uma comunidade consagrada, buscando o aperfeiçoamento espiritual e a justiça social em harmonia com os demais povos.

A história do Brasil, vista por essa lente, é um testemunho de como uma nação pode, por meio do trabalho, participar de um desígnio civilizatório mais amplo, onde o próprio esforço material se torna um ato de santificação. Assim, o Brasil continua a ser uma terra não apenas de riquezas, mas de promessas, um lar sagrado que contribui para o bem comum em um mundo em busca de unidade e propósito em Cristo.

Dettmann: Como seria o eu como construtor de pontes em uma economia neste contexto?

Chat GPT:

Dentro de uma economia voltada ao serviço e ao bem comum, o papel de “construtor de pontes” é fundamental para promover a unidade, a cooperação e a interdependência saudável entre indivíduos, comunidades e setores produtivos. O construtor de pontes, nessa visão, seria alguém que cria ligações vitais para o desenvolvimento coletivo e para o fortalecimento de uma comunidade que, a partir do trabalho, se santifica e se compromete com um propósito maior.

Aqui está uma visão de como esse papel se manifestaria:

1. Facilitador de Alianças Baseadas na Reciprocidade

  • O construtor de pontes facilita parcerias entre diferentes grupos de trabalhadores, mestres de ofício, membros de guildas e agentes da economia local. No contexto de uma economia servil cristã, seu trabalho é estabelecer vínculos que transcendam o mero lucro e priorizem o bem-estar comum. Isso implica negociar acordos baseados em confiança mútua, nos quais os participantes se comprometem em apoiar uns aos outros, seja por meio de compartilhamento de recursos, seja por auxílio em tempos de necessidade.
  • Um exemplo seria organizar iniciativas de cooperação entre artesãos e pequenos produtores, promovendo o acesso justo a mercados, o desenvolvimento conjunto de habilidades, e o financiamento coletivo para investimentos em infraestrutura local.

2. Educador e Orientador Espiritual e Profissional

  • Em uma economia que santifica o trabalho, o construtor de pontes também atua como orientador, ajudando novos trabalhadores e aprendizes a entender a profundidade e o valor de suas vocações. Isso significa instruí-los não apenas nas habilidades técnicas, mas também em como seu trabalho serve à comunidade e contribui para uma economia que é reflexo do serviço a Deus e ao próximo.
  • Pode, por exemplo, organizar treinamentos ou “escolas de ofício” com o objetivo de não apenas ensinar uma profissão, mas de inculcar o sentido de responsabilidade comunitária e santificação pelo trabalho, guiando os aprendizes em como transformar o ofício em serviço a Cristo.

3. Moderador de Conflitos e Guardião da Justiça Social

  • Atuando como um mediador, o construtor de pontes resolve e previne disputas entre diferentes partes da economia — sejam elas guildas, trabalhadores individuais ou mesmo proprietários de terras. Ao garantir que todos os envolvidos sintam-se valorizados e que os acordos sejam cumpridos, ele fortalece a coesão social.
  • Esse papel é essencial para manter o equilíbrio nas relações de servidão voluntária e o respeito mútuo, evitando abusos e resolvendo conflitos de forma que respeite as leis naturais e divinas, buscando a fraternidade acima de tudo.

4. Inovador em Práticas de Sustentabilidade e Redistribuição

  • O construtor de pontes promove iniciativas para reutilizar recursos e compartilhar benefícios de maneira equitativa. Nessa economia, onde a relação com a terra e os recursos naturais é profundamente respeitosa, ele busca métodos sustentáveis para reduzir o desperdício e incentivar práticas agrícolas ou manufatureiras que respeitem a criação e o sustento comunitário.
  • Ele pode, por exemplo, estabelecer formas de redistribuição que beneficiem os mais necessitados, como a criação de fundos para financiar pequenos empreendimentos, terrenos para aqueles que completaram seus anos de servidão, ou mesmo programas de partilha de produção para garantir que todos tenham acesso ao necessário.

5. Incentivador da Economia Local e da Identidade Comunitária

  • O construtor de pontes promove a economia local como um meio de proteger a comunidade contra as influências externas de uma economia orientada pelo lucro, que frequentemente marginaliza os pequenos produtores. Incentivar o consumo local e o desenvolvimento de produtos comunitários fortalece a identidade e a cultura locais, promovendo uma economia personalista e enraizada nos valores cristãos.
  • Ele pode, por exemplo, organizar feiras de produtos locais ou cooperativas que unam produtores da mesma região, incentivando o consumo consciente e local, fortalecendo os laços de identidade e a autossuficiência comunitária.

6. Provedor de Infraestrutura para a Expansão do Bem Comum

  • O construtor de pontes também é responsável por construir e manter a infraestrutura que possibilita uma economia baseada no serviço mútuo, como redes de estradas, centros de aprendizado e locais de comércio que facilitam o intercâmbio justo e equitativo entre regiões.
  • Em termos práticos, isso pode significar a construção literal de pontes, estradas e portos para apoiar o transporte de bens e o deslocamento de trabalhadores, ou a criação de espaços de formação para novos trabalhadores que chegam à comunidade.

Síntese: O Papel Espiritual do Construtor de Pontes na Economia de Serviço

  • O construtor de pontes, nesse contexto, não é apenas um líder econômico, mas também um agente espiritual e moral. Ele tem a missão de conectar as pessoas não apenas umas com as outras, mas com a ideia de uma economia cristã que é ao mesmo tempo próspera e justa. Ele constrói as estruturas que permitem que o trabalho floresça como um ato de santificação, promovendo uma economia viva que reflete os valores de Cristo.

Ao trabalhar pela unidade e pela justiça, o construtor de pontes transforma a economia em um espaço onde todos, de acordo com seu papel e talento, encontram dignidade e propósito, vivendo e servindo a um bem comum que espelha a fraternidade universal.

Dettmann: Pode indicar uma bibliografia sobre economia servil dentro da linha que eu falei?

Chat GPT:

Certamente! Abaixo, algumas referências que abordam a economia servil, a ética do trabalho como vocação e o papel do serviço dentro de uma comunidade de fé e civilização cristã. Essas obras podem contribuir para aprofundar a perspectiva de uma economia consagrada, fundada no serviço e na reciprocidade, dentro do contexto que você descreveu:

  1. Hilaire Belloc - The Servile State (1912)

    • Belloc examina a relação entre liberdade e servidão dentro das economias modernas, refletindo sobre a dependência do trabalho servil e as consequências morais e sociais dessa estrutura. Ele critica a economia capitalista industrial que ele vê como uma forma moderna de servidão e propõe uma alternativa inspirada na Distributismo, enfatizando a propriedade e a dignidade do trabalhador.
  2. Werner Sombart - Luxury and Capitalism (1913)

    • Sombart explora as raízes culturais e religiosas do capitalismo, observando o papel da economia de luxo e das práticas econômicas derivadas da moral cristã. Ele contextualiza a economia servil como parte do desenvolvimento europeu e discute a espiritualidade do trabalho, associando a ascensão do capitalismo com a transformação das estruturas tradicionais de trabalho.
  3. Jacques Le Goff - The Birth of Europe (2005)

    • Le Goff fornece um panorama da formação econômica e social da Europa medieval, com atenção ao papel das guildas e das comunidades de ofício. Sua análise sobre a economia cristã medieval ilumina as práticas de serviço e trabalho em nome de uma coletividade, oferecendo um entendimento histórico sobre como a economia e a santidade do trabalho eram integradas na sociedade europeia.
  4. R.H. Tawney - Religion and the Rise of Capitalism (1926)

    • Tawney analisa a interação entre as reformas religiosas e as mudanças econômicas na Europa, questionando a relação entre a ética protestante e o capitalismo. Ele observa o papel do trabalho e do serviço dentro das práticas econômicas tradicionais, oferecendo um contraponto à visão puramente individualista do trabalho com um enfoque comunitário e espiritual.
  5. Christopher Dawson - Medieval Essays (1954)

    • Dawson aborda a estrutura social e econômica da Idade Média, ressaltando como as práticas de economia de serviço, incluindo as guildas, contribuíam para a estabilidade e a coesão social da cristandade medieval. Ele também explora o papel da fé cristã na formação de uma economia orientada ao bem comum, útil para refletir sobre como essas práticas moldaram uma economia servil dentro de um ideal de santidade.
  6. Joseph Schumpeter - History of Economic Analysis (1954)

    • Schumpeter oferece uma análise das práticas econômicas e dos modelos teóricos ao longo da história, incluindo a economia medieval e o papel do trabalho servil. Sua obra apresenta uma base sólida para entender as diversas formas de organização econômica, incluindo as de inspiração cristã, no contexto de serviço e reciprocidade.
  7. E.F. Schumacher - Small Is Beautiful: A Study of Economics as if People Mattered (1973)

    • Schumacher defende uma economia humanista e comunitária, que valoriza o trabalho humano e o serviço, resgatando o valor do trabalho no contexto de pequenas comunidades. Embora não trate diretamente da economia servil medieval, sua proposta de uma economia voltada ao bem comum e ao serviço ressoa com a ideia de uma economia consagrada.
  8. Jean Gimpel - The Medieval Machine: The Industrial Revolution of the Middle Ages (1976)

    • Gimpel explora o desenvolvimento de técnicas e estruturas econômicas na Idade Média, incluindo o papel das guildas e dos sistemas de servidão. Ele analisa como essas estruturas contribuíram para o crescimento econômico e a integração social, lançando luz sobre a importância do trabalho como vocação comunitária.

Essas obras oferecem uma base rica para entender a economia servil não apenas como uma prática econômica, mas também como um modelo de vocação espiritual e de construção de comunidade. A partir dessas leituras, você pode explorar as nuances da economia de serviço e de sua integração com uma visão de civilização fundada na reciprocidade, santidade e missão comunitária.

 

 

 

 

Efeitos da cultura de doação, no âmbito da economia personalista

1) Quanto mais doações eu receber, maior será a possibilidade de comandar o trabalho dos outros, através de encomendas necessárias ao desempenho das minhas funções - graças a isso surge uma economia complementar organizada, gerando novos negócios ou até mesmo uma economia de subordinação, seja na forma livre ou servil. O fato gerador de toda essa economia se faz na demanda - e é por essa razão que a demanda deve estar sempre à frente da oferta.

2) Numa economia personalista, as necessidades de um estimulam toda uma atividade organizada de modo a satisfazer as necessidades desta pessoa, de modo que o trabalho desta possa prosperar, se esse trabalho for conforme o Todo que vem de Deus. Eis que surge a cultura de colaboração, que tanto pode se dar tanto por via coordenada (através da organização de negócios complementares, que servem de meio para uma atividade-fim), quanto por via subordinativa, coisa que se dá através do emprego ou da servidão.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 30 de outubro de 2015 (data da postagem original).

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Sobre a realidade do nosso ensino universitário

1) Desde que surgiu, no século XIII, coração da Idade Média, a universidade foi espaço de debates, de disputas, de enfrentamentos de idéias. 

2) Desde aquela época, estudantes já se envolviam em tumultos, bebedeiras e festas - e, para fugir da "polícia" da época, se refugiavam no campus, pois ali a jurisdição era da Igreja, do papa, não do rei. 

3) Atualmente, no Brasil, a universidade é terra arrasada, especialmente nas "Ciências Humanas". A universidade se tornou campo da atividade revolucionária - ela deixou de ser campo de produção do saber, do senso de se tomar o país como se fosse um lar, em Cristo.

O texto foi baseado num escrito de Ricardo da Costa, do qual fiz adaptações.

A empatia tem profunda relação com o discernimento


1) Enxergar o outro como se fosse a si próprio implica renunciar a todo o tipo de impressão que faça com que ele seja tomado como se fosse objeto, pois o outro é também sujeito, é criatura criada e amada pelo criador tal como você. Por isso, a empatia tem profunda relação com o discernimento.

2) Uma pessoa sem discernimento é uma pessoa que não crê na fraternidade universal. É um apátrida na pátria do céu - logo, incapaz de tomar o país como se fosse um lar em Cristo. Ela tomará o pais como se fosse religião totalitária de Estado - para ela, tudo deve estar no Estado e nada deverá estar fora dele.

3) Ao conservar isso que é conveniente e dissociado da verdade, a pessoa sem discernimento está à esquerda do pai no seu grau mais básico. E se ela o faz de modo sistemático, isso se torna uma doença, pois vai contra tendência natural do homem de conhecer a verdade.

A empatia é a base para se viver a liberdade em Cristo e crucial para se conservar a dor de Cristo


1) Se a empatia é a capacidade de separar a verdade da mentira, então quem é realmente conforme o Todo que vem de Deus deve ser sempre empático - sua capacidade de separar a verdade do erro deve estar presente e deve ser distribuída ao mundo. Se a sinceridade é a presença dessa capacidade de executar tal ação no mundo, então a pessoa sincera deve dar o testemunho corajoso de que Cristo é o caminho, a verdade e a vida - e que ninguém vem ao Pai senão pelo Filho, o evangelizador por excelência.

2) A capacidade de separar a verdade da mentira precisa de uma ferramenta que favoreça a distribuição desse senso a todas as outras pessoas. E a capacidade de convencer outras pessoas, no plano da realidade, se dá através da retórica, da arte bem dizer as coisas no plano da realidade, de modo a que todos estejam em conformidade com o Todo que vem de Deus. Não é à toa que todos os que morrem para si, de modo a servir a Cristo Jesus, são treinados na retórica, como são os padres.

3) A presença dessa capacidade de estar no mundo virtual pede um equivalente à retórica, no plano real: a capacidade de saber muito bem manejar o teclado ou a pena, de modo a falar aquilo que é conforme o Todo que vem de Deus. Por isso, um bom escritor pode fazer tão bem um trabalho de evangelizador quanto um bom orador.

4) É por essa razão que a vida intelectual é uma vida vocacionada - é um outro tipo de sacerdócio.

Como a economia virtual leva ao distributivismo


1) A economia presencial é uma economia de escassez - estando a pessoa num lugar, ela não pode estar presente em outro. Sendo escassa, faz muito sentido o comércio entre moedas, o câmbio - e com o câmbio, a usura, fundada na negação da fraternidade universal.

2) Na era virtual, o que digo é distribuído a todos os lugares do mundo - e se sou sincero no que falo, a minha presença é distribuída a todos os lugares do mundo e ao mesmo tempo, como se estivesse falando para um ouvinte na França, na Itália, em Portugal e na China, gerando uma verdadeira multiplicação das impressões. Se meu texto é traduzido, eu falo para o chinês tudo o que penso, de modo a que ele possa entender, pois tradução implica converter as nuances em português para as nuances de uma língua estrangeira, de modo a que tenham um sentido equivalente ou idêntico àquilo que estou pretendendo dizer, ampliando ainda mais a minha presença no mundo. Se na era virtual ocorre o distributivismo da minha presença, então a doação, que é o pagamento pelos meus seviços prestados, será feita nas mais diferentes moedas locais e se dará de maneira generosa e liberal - e isso acaba gerando uma economia de abundância, fundada na gratidão. E isso mata o câmbio - e, por conseguinte, a usura.

3) O pai da internet era Cristão. E sendo Cristão, ele aplicou os fundamentos do distributivismo, ainda que não tenha atentado quanto a isso. 

Sobre o efeito da era virtual no senso de se tomar o país como se fosse um lar

1) Quando a economia era fisicamente presencial, a pessoa, para poder progredir na vida, ela tinha de emigrar de seu país de origem e ir para um outro pais, de cultura completamente diferente da dele. Em duas ou três gerações, esses imigrantes eram tomados como cidadãos locais - e como havia uma forte cultura de se tomar o país como se fosse religião, havia-se a tendência de se renunciar à cultura originária. 

2) Na era virtual, em que a sua presença se distribui através da sinceridade com a qual você prega o seu pensamento, não há fronteiras culturais ou idiomáticas que te impeçam de tomar todas as regiões habitadas por seus ouvintes como se fossem um lar. Onde quer que haja brasileiros dispostos a ouvir o que tenho a dizer, o lugar onde ele se encontra é também meu lugar. E se meu pensamento for convertido para outras línguas, de modo a que os nativos do lugar possam compreender o que digo, o meu eu-nacional se amalgamará ao eu-nacional desse novo ouvinte - e aí uma nova nação surge por conta do compartilhamento dessas experiências que decorrem do senso de se tomar o país como se fossem um lar. E isso leva a uma teoria geral da nacionidade.

3) Enfim, o nacionismo é continentalização das almas porque crê na fraternidade universal, coisa que é conforme o Todo que vem de Deus.

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

A capitalização moral na rede social pede que você lute contra as adições arbitrárias, impessoais e massificantes

1) Já cansei desse negócio de gente tentando me adicionar arbitrariamente, sem antes falar comigo qual é a razão pela qual me adiciona.

2) Por conta da atividade intelectual que desempenho, eu não adicionar qualquer um. Eu trabalho com capitalização moral e não estou interessado em adicionar samambaias - muitos menos massificar os serviços intelectuais que presto. Afinal, um católico deve ser distributivista e não capitalista.

3) Se você quer mesmo minha amizade, faça aquilo que eu faço com outros contatos, antes de me adicionar: converse primeiro com aquele que você deseja adicionar como amigo e vá debatendo sobre idéias relevantes, coisas essas que você encontra no perfil da pessoa que você deseja adicionar. Um exemplo disso foi o que fiz quando resolvi adicionar a Cinthia Tonani: antes de adicioná-la, eu conversei sobre coisas relevantes que se encontravam no perfil dela e só depois é que entrei com o pedido de adição, pois eu percebi que ela amava e rejeitava as mesmas coisas, tendo por Cristo fundamento.

4) Além de ser uma maneira simpática, dialogar com a pessoa antes da adição dá um toque mais humano à rede social.. Eu pelo menos faço aquilo que meu coração me pede - e meu coração e minha mente estão em conformidade com o Todo que vem de Deus. Se liberdade é uma prerrogativa, então eu devo exercê-la de maneira honrosa - por isso, antes de adicionar alguém, eu converso com a pessoa até o momento em que sinto em que ela vai ser muito bem-vinda para colaborar comigo nos meus projetos intelectuais, coisa que executo aqui neste mural, para vocês todos.

Ver também:

1) Da Amizade como a base para a sociedade política: http://adf.ly/c8q6A

A ordem fundada no saber se move através da atividade intelectual independente


1) A ordem fundada no saber pede necessariamente a atividade intelectual independente - e a atividade intelectual independente volta-se para uma economia personalista e visa a semear consciência reta, fé reta e vida reta, base para o verdadeiro processo de capitalização moral, coisa que é conforme o Todo que vem de Deus.

2) Para cada serviço bem prestado, fundado no trabalho liberal, magnificente, a remuneração deve ser igualmente liberal, magnificente. Eis aí porque a atividade intelectual independente se move precipuamente de doações; ela é caridade intelectual organizada, de modo a que o próximo cresça intelectualmente e espiritualmente - e o país desse prestador acaba sendo tomado como se fosse um lar em Cristo.

3) O que explica o fato de muitos intelectuais serem contra o capitalismo está no fato de que a atividade intelectual, por sua natureza, é incompatível com a economia de massas, voltada para a impessoalidade, onde todos têm direito de ter a sua própria verdade, coisa que é fora da conformidade com o Todo que vem de Deus. Nada é mais inconstitucional do que o libertarismo - nela, a liberdade é voltada para o nada e servida de modo vazio. Se Cristo é a liberdade, então a palavra de Deus, que depende de um verdadeiro esforço intelectual e pessoal de modo a que seja bem compreendida, dentro da tradição da Igreja, não pode ser servida vazia, sob pena de gerar uma apatria sistemática, tal como vemos no marxismo cultural.

Ver também:

1) Notas sobre a natureza econômica da atividade intelectual independente: http://adf.ly/1QhlJI

2) A ordem se edifica a partir dos poucos que podem te ouvir: http://adf.ly/c8q9b

3) Da amizade como a base para a sociedade política: http://adf.ly/c8q6A

Notas sobre a natureza econômica da atividade intelectual independente


1) A atividade intelectual independente possui dois mercados: o mercado de idéias novas, que é alimentado com doações, e o mercado de reapresentação das idéias já expostas, fundada no file-sharing remunerado, tal como faço no adf.ly.

2) Uma idéia nova puxa a reapresentação das idéias mais antigas já expostas, de modo a que se reveja constantemente o estado da questão já discutida. E isso acaba promovendo um verdadeiro processo de capitalização moral, alavancado por uma compensação financeira. 

3) Como cada acesso ao meu blog me remunera, a capitalização moral leva necessariamente a uma remuneração econômica. E quanto mais gente envolvida no processo, maior a remuneração que é devida ao intelectual, que está fazendo do seu trabalho uma atividade economicamente organizada, de modo a fazer com que o país seja tomado como se fosse um lar, em Cristo.

Notas sobre economia personalista - o caso do file-sharing remunerado


1) Por muito tempo, eu apliquei economia impessoal no mercado de file-sharing remunerado. Tinha ganhos elevados num único dia, mas, no longo prazo, eu fracassava. Pela minha experiência, este tipo de economia é muito bom para conhecimentos perecíveis e isso atende muito bem à mentalidade concurseira, pois o brasileiro tende a se contentar com aquilo que está disponível. Se a pessoa estiver mais interessada em ganhar dinheiro do que a servir a seus pares, a economia massificada tenderá a promover a pirataria - e isso acaba se tornando uma fonte de problemas.

2) Uma economia personalista de file-sharing pede que eu trabalhe constantemente as lealdades, de modo a que as pessoas possam entrar sempre no meu blog, sempre que sentirem necessidade de aprender algumas coisas. É preciso estar sempre servindo de maneira reservada e organizada, de modo a atender as necessidades de conhecimento de cada contato, de modo a ele possa te remunerar melhor por cada acesso.

3) Fiz um estudo de caso hoje com minha Sara Rozante. Mandei para ela algumas postagens do meu blog sobre assuntos que já discuti antes e que estavam sendo discutidos em um outro lugar - eu enviei estas postagens como efeito de subsídio para os debates. Como cada postagem fazia remissão a outras postagens, o acesso de uma pessoa só gerou muitos acessos remunerados  - e o blog acabou gerando uma verdadeira fonte de capitalização moral e financeira. Enfim, tendo a ter um ganho mais sustentável se fizer um file-sharing mais personalizado, fundado naquilo que tenho de melhor: meu pensamento.

4) Se houver um debate relevante - e se houver necessidade de rever algum pensamento importante que já produzi antes -, então eu promoverei o file-sharing das postagens anteriores, todas elas revistas e sistematizadas. Com isso, eu acabo promovendo aquilo que é bom e necessário, algo que é conforme o Todo que vem de Deus - e dessa forma, eu tendo a ganhar a mais por acesso, por conta do serviço prestado. 

5) Pelo que percebi ao longo da minha experiência, impessoalizar o acesso do meu blog não atrai muitos visitantes, pois muitos não estão realmente interessados em aprender e em meditar.

6) Eis aí algo de bom que pode ser feito. 

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Não se pode ser condescendente com o conservantista


1) Se uma pessoa conserva o que é conveniente e dissociado da verdade, por mais pequeno que seja o pecado, isso já revela uma falta de consideração com Deus enorme, pois preservar a ignorância é ser contra a amizade com Deus como sendo base de todo o verdadeiro conhecimento. 

2) Por isso que não podemos ser condescendentes com os conservantistas - eles serão os hereges de amanhã.

Como detectar o conservantismo nas pequenas atitudes


1) Da mesma forma como cito alguém de uma maneira positiva, eu vou citar alguém também como um exemplo de algo que não deve ser feito.

2) O fato, por exemplo, de eu marcar alguém só porque escreve um nome polonês errado e apontar que o erro tem a mesma natureza que escrever lingüiça sem trema ou cedilha não é nenhum tipo de humilhação, mas um jeito de chamá-lo à correção fraterna. Se você foge da marcação, isso revela que você conserva o que é conveniente e dissociado da verdade: a ignorância - e isso não é conforme o Todo que vem de Deus. 

3) O conservantismo se funda no pecado capital da soberba, base para outros pecados - um processo de capitalização imoral, marcadamente revolucionário, feito de tal modo a abolir o que é bom, correto e elegante, conforme o Todo que vem de Deus. E ser conservantista não é necessariamente ser conservador.

4) Estou sempre atento às pequenas atitudes - elas revelam o caráter da pessoa.  Fugir da marcação, ainda que isso cause constrangimento, é conservar o que é conveniente e dissociado da verdade. E eu tenho uma política bem simples: ao pequeno sinal de conservantismo, defenestrar a pessoa.

Ver também:

1) Dando uma de Fábio Salgado de Carvalho: http://adf.ly/1QgHgg

Um subsídio para o estudo da sociologia da apatria


1) Eu nunca vi ninguém me perguntar como é que se escreve o meu nome - até porque nunca observaram que há "Otávio" e "Octavio" - e até mesmo a forma bárbara, que é "Octávio".

2) Essa indiferença revela que há na sociedade uma falta de empatia pelos outros sistemática. E uma pessoa assim será incapaz de separar a verdade da mentira, a enxergar aquilo que está por trás da retórica. Como vou tomar esta pessoa como amiga, se ela não é capaz de amar e rejeitar as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento? Eis aí um subsídio para a sociologia da apatria.

Mais sobre a indiferença dos apátridas


1) Da mesma forma, quando um aluno prefere fotografar o que está escrito na lousa a copiar o que está escrito para o caderno, o apátrida está se contentando com o conhecimento que está disponível, que pode ser falso.

2) Se a pessoa não copia, ela cai na mesma atitude que a das pessoas quando escrevem o nome de outra pessoa sem perguntar qual é a forma correta, caso não saiba. Isso revela uma personalidade arrogante e pouco afeita à verdade, visto que não vai se dar ao trabalho de separar a verdade da mentira.  E isso é um sintoma claro de conservantismo, pois ela tratará ao próximo com indiferença. E o papo dessas pessoas é o mais vazio possível - digo isso por experiência pessoal

3) Uma sociedade de pessoas egoístas, preguiçosas e com pouca empatia pelo outros é a base da apatria. Não será uma nação, mas um espectro de nação - pois o país será tomado como se fosse religião de Estado. O ateísmo será norma e tudo desabará tal qual uma árvore podre, carcomida pelos cupins.

Matérias relacionadas:

Smartphones estão fomentando uma sociedade de pessoas burras e egoístas, incapazes de ter empatia pelos outros: http://adf.ly/1QemHN

Estudantes trocam o processo de se copiar o que está escrito no caderno pela fotografia na lousa: http://adf.ly/1Qemd3

Ver também:

1) Dando uma de Fábio Salgado de Carvalho: http://adf.ly/1QgHgg

Dando uma de Fábio Salgado de Carvalho

1) O apátrida nascido nesta terra não respeita a ortografia dos nomes das pessoas - até porque é um bárbaro que toma o país como se fosse religião de Estado e não se incomoda muito com a questão de o  Estado legislar a seu bel-prazer sobre a língua, já que se contenta com o conhecimento disponível, com aquilo que é permitido por esse mesmo Estado para se ensinar a toda população, coisa que é nas conveniências deste Estado, que por sua vez são fundadas em sabedoria humana dissociada da divina. Eu já cansei de ver gente escrever "Octávio" ou Otávio, em vez de escrever Octavio, que é a verdadeira forma, na ortografia antiga.

2) Se ele escreve Wojtyla, em vez de Wojtyła, imagine agora o nome da nova primeira-ministra da Polônia, que é Beata Szydło?

3) Certa vez, um certo alguém escreveu Dabrowski, em vez de Dąbrowski, como deve ser. É como escrever "lingüiça" sem o trema e a cedilha. Quando chamei a atenção dele, ele preferiu conservar o que é conveniente e dissociado da verdade: a ignorância. E aí tive de bloqueá-lo.

4) Se o Fábio Salgado de Carvalho ralha zé-povinho por um erro de vírgula, agora eu vou ralhar vocês quando errarem nomes poloneses (estou brincando, não vou fazer isso com vocês - afinal, não sou arrogante como ele).

5) Eu tenho boas razões para chamar a atenção de vocês, pois vocês estão tratando a forma certa de escrever com indiferença, o que faz com que os revolucionários destruam a língua portuguesa a seu bel-prazer. Não seria melhor vocês me perguntarem como se escreve a forma correta do meu nome ou a de um nome polonês? Eu estudei polonês e estou aqui para ajudar. Perguntar como se escreve o nome certo de uma pessoa é uma forma de demonstrar empatia pelos outros, pois isso é tomá-la como um espelho de seu próprio eu, coisa que é conforme o Todo que vem de Deus.

6) Uma mera pesquisa no Google já mostra como se deve acentuar corretamente. E preocupar-se em escrever o nome corretamente de uma pessoa é tentar ver nela um espelho de seu próprio eu  - por isso que sempre me preocupei em escrever corretamente o nome das pessoas.

7) Enfim, essa indiferença com a qual se trata a ortografia é o que faz com que eu chame a maioria dos nascidos nesta terra de apátridas - e é por conta disso que este país não vai pra frente, pois muitos agem fora da missão que o Crucificado nos deu por força de Ourique. Os apátridas são muitos - e os brasileiros somos poucos. E depois ficam ofendidinhos, quando chamo as coisas pelo seu verdadeiro nome - no fundo, eu tenho razão para dizer isso, pois eu busquei a verdade e ela me libertou.

Ver também:

1) Mais sobre a cultura da indiferença praticada pelos apátridas: http://adf.ly/1QgHsX

2) Um subsídio para a sociologia da apatria: http://adf.ly/1QgI6p

3) Como detectar o conservantismo nas menores atitudes? http://adf.ly/1QgIIX

4) Não se pode ser condescendentes com os conservantistas: http://adf.ly/1QgIjG

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 27 de outubro de 2015.

Eis um debate importante que me aconteceu

Tiago Barreira:

01) Creio que exista uma diferença entre a remuneração dos serviços prestados aos amigos, fundada no mercado pessoal, e aquela prestada no mercado impessoal - neste segundo mercado não se pode esperar um retorno certo da ajuda dada a alguém, posto que você não conhece a pessoa, a ponto de incorporá-la ao seu mundo interior - e há momentos e circunstâncias em que esta integração se torna inviável. Eis ai o momento em que a impessoalidade se torna um fator de risco e fonte do conflito de interesses qualificado pela pretensão resistida.

02) Tenho dúvidas, por exemplo, quanto ao atendimento das necessidades humanas em um mercado pessoal, pois no mercado impessoal é possível se fazer promessas claras e objetivas e a violação da promessa leva a uma punição legal.

03) Tendo a ver o mercado pessoal como se fosse um casamento - é muito difícil manter o atendimento de expectativas mútuas entre um casal, ainda mais onde os papéis de cada um estão cada vez mais confusos e obscuros. 

04) Afinal, não há cristalização mais clara das trocas pessoais como há na instituição do casamento, que é uma das mais antigas da sociedade. Por isso que a economia fundada nas relações familiares tende a ser a base do cristianismo - por isso que a regra basilar do distributivismo é a amar a sua família - e isso implica amar o próximo como a si próprio sistematicamente. 

José Octavio Dettmann:

01) Esta dúvida que você tem aponta para a existência de dois mercados: o mercado pessoal descristianizado, em que todos têm a sua própria verdade, e o mercado pessoal cristianizado, cujas leis de lealdade e reciprocidade se dão na carne, na conformidade com o Todo que vem de Deus.

02) No mercado pessoal descristianizado, nós temos toda uma economia voltada para o ativismo revolucionário. É o capitalismo a serviço da mentalidade revolucionária, voltado para tornar qualquer utopia fundada em sabedoria humana dissociada da divina possível. Essa edifica ordem herética.

03) Toda economia personalista fundada numa liberdade fora da liberdade de Cristo é a economia da mentalidade revolucionária - é a economia fundada no ativismo. E essa economia não merece ser estudada, a não ser como um meio para se obter informações estratégicas sobre de que modo devemos combater a mentalidade revolucionária. Basta ver a "caridade" do terceiro setor e das ONGS, que é uma caridade interessada, pois tem mero caráter publicitário. A descristianização da caridade leva ao assistencialismo e ao populismo. No fundo, ONGS não passam de extensões do Estado, subsidiadas por impostos.

04) Agora, quando eu trato a economia personalista, eu olho para dentro de uma tradição cristã, pois Cristo é o caminho, a verdade e a vida. Nela, nós vemos uma economia personalíssima se tornar pessoal - a economia do mundo interior, do quarto, começa primeiro a envolver as pessoas da casa e depois vai para as ruas e para as paróquias. E ela cresce até um certo ponto - e a partir deste ponto a pessoa perde o controle de tudo isso. Enfim, a extensão máxima da economia pessoal é o espaço da família e da vizinhança. O cerne do problema está na limitação do ser humano - o mercado pessoal abrange o ambiente próximo e local, mas não abrange regiões distantes. E neste ponto, o comércio supre aquilo que falta. 

05) Da mesma forma como promovo a minha livre iniciativa, existem muitas outras em concurso e elas se encontram, de modo a formar um sistema de mercado que extrapola o campo da ação individual - eis a economia da cataláxia. Eis aí que temos um mercado impessoal formado pelo encontro das mais diferentes iniciativas e circunstâncias em torno de um ponto em comum. Isso não nega a teoria dos cículos concêntricas - o que ocorre é a comunhão de vários cículos concêntricos que se tornam um cículo público, comunitário, formado por conta do compartilhamento desses círculos e que transcende a soma de suas partes - e esse círculo espera ser colonizado por quem queira empreender e servir bem. Eis aí o ponto em que a ação pessoal é renovada, de modo preencher esse novo espaço vazio no corpo social, por conta da mudança de cenário, de circunstância.

06) Em todo o caso, o mercado impessoal é complementar ao mercado pessoal - eis aí o ponto de contato entre o micro e o macro. A economia impessoal abrange o comércio entre regiões, assim como o comércio nacional e internacional - e ela preenche os espaços que os indivíduos, sozinhos, não conseguem preencher. Ela leva à noção de país tomado como se fosse um lar e pede a colaboração do Estado de Direito, na construção deste projeto civilizatório, que é de muitos. Eis aí que a nação, por conta da nacionidade, acaba se tornando um Estado-mercado, cuja influência pode extravasar as suas fronteiras naturais, por conta da virtude cultural e civilizacional que essa nação exerce. E a economia, tal como conhecemos, cuida deste segundo mercado.

07.1) Se formos ver a ferro e fogo, existem dois tipos de economia: uma que examina a questão pessoal e a outra que examina a questão impessoal. E como falei, uma completa a outra. São duas ciências que levam a um sistema geral de conhecimento, a uma ciência geral da economia, que é a ciência da ação humana em geral. O estudo da ação humana abrange três áreas: a economia a sociologia e história

07.2.1) A sociologia trata das ações sociais que não envolvem o uso da moeda - os pactos e as trocas fundados na lei da reciprocidade e da cooperação, cuja lei se dá na carne. Enfim, ela estuda a ação da pessoal. O problema da sociologia, tal como a conhecemos, está no fato de que ela não leva em conta os critérios morais, posto que ela foi fundada em olhares outsiders, tomando os fatos como se fossem coisas que tivessem a sua própria verdade. 

07.2.2) Se a sociologia se contrapõe à economia ao observar o papel de ações não-monetárias que promovem a ordem social, por outro ela erra ao ignorar a importância que se deve dar ao caráter moral dessa ação. O verdadeiro conhecimento sociológico pede um olhar insider. Se Cristo é a verdade, então devemos estudar a ação social de modo a que ela fique em conformidade com o Todo que vem de Deus e não buscar justificativas, de modo a nos libertarmos da liberdade em Cristo, pois a negação da cruz no leva à prisão. 

07.3) A História estuda a ação social no tempo - de que forma ação humana mudou o comportamento da sociedade, a ponto de gerar uma renovação do senso de tomar o país como se fosse um lar, a partir de novas perspectivas conhecidas, a partir do melhor conhecimento da conformidade com o Todo que vem de Deus. Essa renovação, no sentido romano do termo, é chamado de revolução - e o tempo dela se dá na eternidade. Nada tem a ver com o sentido germânico do termo, que é materialista, violento e destrutivo.

07.4) A economia estuda o aspecto monetizado da ação social. E isso implica o estudo dos aspectos práticos, de modo a que a troca saia de modo mais rápido, em maior quantidade e volume e de uma maneira mais eficiente. E isso pede administração. É a economia que pede necessariamente a constante presença e interação de agentes e corpos intermediários - e são esses corpos intermediários que fazem com que a troca continue ocorrendo, mesmo com o passar das sucessões. E isso é que gera a estabilidade dos preços.

08) Neste sentido, a economia impessoal é conforme o Todo que vem de Deus. Basta ver o caso da Igreja como um banco, pois ela é a caridade organizada. Isso pede uma política organizada voltada para se promover a caridade, o que nos leva à noção de país tomado como se fosse um lar. E isso pede a aliança do altar com o trono - mais do que conveniente, essa ação é necessário, de modo a que Cristo seja a verdadeira ordem de todo o mundo civilizado. Tanto as relações econômicas garantem a ordem no que diz respeito ao plano interregional, nacional e internacional quanto vemos as relações sociais garantirem aquilo que se vê no plano local. Eis aí o cerne da integração da economia com a sociologia e história.

09) É possível, sim, estudar praxeologia, sem se contaminar com a ideologia que prega uma liberdade fora da liberdade em Cristo: o libertarismo. Pois liberalismo implica magnificência, conformidade com o Todo que vem de Deus.

10) De certo modo, estamos cristianizando Mises e Weber, de modo a desfazer esta barafunda. Sinto que é possível, sim, separar a impessoalidade que é conforme o Todo que vem de Deus com a aquilo que o protestante fomentou: a negação da crença da fraternidade universal. A heresia protestante contaminou a impessoalidade, de modo a contaminar a ordem fundada na pessoalidade, de modo a gerar uma economia personalista marcada na mentalidade revolucionária. Afinal, a heresia se deu em praça pública.