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sexta-feira, 9 de abril de 2021

Da literatura de catacrese e da literatura de anticrese - notas sobre isso

1) Tempos atrás, eu falei da literatura de anticrese. Para quem não sabe, anticrese no Direito ocorre quando você tem uma dívida com A, mas você é credor de aluguéis numa relação jurídica com C. Para se pagar a dívida, A assume seu lugar como credor temporário de modo a pegar parte dos aluguéis de modo a estar quite com você. Por essa razão, A torna-se credor aparente da dívida, pois seu fundamento está na teoria da aparência.

2) Na anticrese, você assume a forma de credor. Para que não sejamos escravos de outro homem, de um animal que mente, Deus assume a forma humana de modo a sermos pessoas melhores. É por meio da santa escravidão, da dívida constante que temos com Deus, que somos livres em Cristo, por Cristo e para Cristo, uma vez que não temos como pagá-la, pois todo o ouro e toda a prata deste mundo não dão conta. Por isso, a literatura de anticrese é literatura de segunda pessoa, onde você assume o papel de outra pessoa de modo a pôr-se no lugar do outro. E a falta de empatia das pessoas se deve à falta de imaginação moral relativa a isso. Até porque textos de literatura em segunda pessoa são escassos, ainda mais em nossa língua.

3)  A literatura de catacrese é basicamente imitação de um exemplo virtuoso já conhecido, tal como vemos nas hagiografias dos santos. Trata-se do alargamento do uso da santidade. Como a  amizade com o verdadeiro Deus e verdadeiro Homem é a base da sociedade política, então a imitação alarga o uso sem desgastá-lo, pois Deus foi igual a nós em tudo, exceto no pecado.

4) Enfim, esta é distinção que devemos fazer entre literatura de catacrese e literatura de anticrese.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 09 de abril de 2021 (data da postagem original).

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