1) Os liberais, os que queriam edificar uma ordem não servindo ao verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, enxergavam nossa sociedade, fundada na solidariedade orgânica de se amar e rejeitar as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, numa sociedade mecânica, uma vez que viver a vida sob os olhos atentos de um Deus ciumento é para eles opressiva demais, a ponto de terem a audácia de proclamar que Ele está morto, quando mataram os reis, os seus vassalos, os seus representantes na Terra.
2.1) Como destruíram tudo e não puseram nada no lugar, eles ousaram proclamar a idéia de eficiência, da vantagem mecânica que aumenta a produtividade de uma máquina destinada a produzir coisas, como a base da ordem do dia. E com ela, proclamaram o Reino da Quantidade, mais um império de domínio fundado na riqueza enquanto sinal de salvação.
2.2) Esse Reino da Quantidade criou a crise contratual no direito dos contratos no mundo moderno. Nela, o sujeito que é cheio de si até o desprezo de Deus, que comanda uma atividade econômica organizada, usa contratos de adesão em massa de tal maneira a passar por cima da vontade que lhe é contraposta dos cristos necessitados, sejam eles consumidores ou empregados, a ponto de submetê-los á sua tirania, ao seu jugo. Para que estes não sejam vencidos pela fome e pela miséria, os cristos necessitados aceitaram serem oprimidos, mas a situação pela qual são submetidos é muito injusta, uma vez que não é só de pão que o homem vive, mas da palavra de Deus, sobretudo proferida por um Cristo-príncipe que não passa por cima da vontade deles de modo a aperfeiçoar a liberdade de muitos.
2.3.1) Essa ordem mecânica negou todos os princípios da metafísica, gerando um verdadeiro horror espiritual. O tempo é como Chronos - na ânsia de ser o primeiro, o primordial a cada segundo, já que tempo é dinheiro, ele sai devorando a todos os seus filhos, a ponto de não sobrar nenhum. Logo, sua herança está irremediavelmente perdida, visto que o homem não é Deus, mas um ser mortal, a ponto de nada fazer sentido nesta sociedade doente.
2.3.2) Mas existe uma outra ordem que o mundo sequer leva em conta: a que se funda no tempo kairológico. Cristo é a plenitude dos tempos, pois Ele deu pleno cumprimento à lei mosaica, o que faz com que você tome o país como um lar em Cristo, por Cristo e para Cristo, o que vai te preparar muito bem para a pátria definitiva, que se dá no céu. Nela, o hábito de se santificar através do trabalho torna-se um hábito de excelência. A pessoa passa a trabalhar porque ama o que faz e vê o cliente como um Cristo necessitado, a ponto de seu papel na sociedade fazer sentido para as demais famílias que dependem de seu trabalho, a ponto de legar seu caminho e seu exemplo para os filhos, pois verdade conhecida é verdade oobedecida.
3) A contra-revolução industrial se dá justamente quando a concepção de tempo kairológico passa a reinar na sociedade. A idéia de eficiência só faz sentido numa ordem fundada na tempestividade, onde o tempo rege todos os atos de modo que a reta justiça seja feita no seu devido tempo. Se a justiça não for feita no seu devido tempo, tudo estará prescrito, pois a realidade decaiu até a ruína, a ponto de nada fazer sentido, uma vez que a impunidade venceu.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 19 de abril de 2021 (data da postagem original).
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O texto de José Octavio Dettmann apresenta uma profunda reflexão sobre a natureza da sociedade moderna em contraste com uma visão cristã e metafísica da ordem social. Ele começa por criticar o liberalismo e a concepção de uma sociedade que rejeita a visão cristã de um Deus transcendente e moralmente exigente. Para Dettmann, ao substituir essa fundação espiritual por uma ordem "mecânica", onde a eficiência e a produtividade são valorizadas acima de tudo, os liberais teriam criado o "Reino da Quantidade". Nesse reino, o valor das coisas e das pessoas passa a ser medido de forma puramente utilitária, em termos de produtividade e quantidade, esvaziando a dimensão espiritual da vida humana.
Ele destaca a crise contratual moderna como um sintoma dessa visão mecanicista. Contratos de adesão em massa, segundo Dettmann, colocam os trabalhadores e consumidores, especialmente os mais necessitados, sob uma forma de opressão econômica. Esta tirania do mercado, que subjuga as vontades individuais à "eficiência" e ao "lucro", é vista como uma ruptura com o princípio cristão de que o ser humano vive não só de pão, mas da palavra de Deus. Assim, a justiça verdadeira, que segundo a visão cristã deveria buscar a dignidade humana, é substituída por uma justiça funcional e imediatista.
Dettmann também aborda a noção de tempo, diferenciando o tempo cronológico (Chronos) do tempo kairológico (Kairos). Na visão dele, a sociedade moderna, ao idolatrar o tempo como recurso financeiro (“tempo é dinheiro”), consome-se a si mesma, destruindo qualquer possibilidade de herança espiritual ou moral. Em contraste, o tempo kairológico — o tempo da plenitude e da realização espiritual em Cristo — é visto como uma via de redenção, onde o trabalho torna-se não apenas uma necessidade, mas um ato de amor e serviço aos outros. Essa percepção de tempo promove uma ordem social baseada no valor transcendente do ser humano e na busca pela justiça, onde cada ato é realizado no tempo certo, não apenas por sua eficiência, mas pela harmonia com uma ordem divina.
Na visão final de Dettmann, a verdadeira "contra-revolução industrial" não é uma volta ao passado, mas uma reconquista da perspectiva kairológica, onde eficiência e produtividade são subordinadas à justiça e à caridade. Quando o trabalho e as relações sociais são organizados nessa linha, a sociedade passa a cultivar valores duradouros e verdadeiros, que sustentam a liberdade e a dignidade humana, ao invés de uma sociedade fundada apenas em ganhos materiais e imediatos.
Dettmann: No tempo kairológico, valoriza-se a parcimônia e a prudência - e isso é essencial para o progresso; o tempo cronologócio, é o tempo da gula e da ganância, a ponto de essas palavras terem o mesmo significado na língua inglesa: greed. E é por conta disso que o progresso se torna inevitável e daí vem o progressismo, que é revolucionário.
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A distinção entre o tempo kairológico e o tempo cronológico se alinha com uma diferença fundamental nas atitudes e valores que orientam a vida e o progresso social. No tempo kairológico, onde cada ação é medida pela sabedoria, pela parcimônia e pela prudência, o progresso é algo que ocorre de forma orgânica, respeitando os limites naturais e espirituais. A prudência, em particular, é essencial para esse tipo de progresso, pois implica agir com discernimento e um senso de responsabilidade, considerando as consequências no longo prazo. Dessa forma, o progresso não é visto como uma busca frenética por avanços a qualquer custo, mas como uma construção sólida e gradual que respeita o bem comum.
Por outro lado, o tempo cronológico, simbolizado pela obsessão com a eficiência e a maximização de ganhos imediatos, leva a uma visão de progresso ligada à ganância (greed) — uma palavra que reflete o impulso de possuir sempre mais, sem consideração pelo impacto ético ou espiritual. Esse impulso gera o que conhecemos como progressismo no sentido revolucionário: um movimento incessante de mudança que, muitas vezes, ignora a sabedoria acumulada ao longo das gerações e rompe com os fundamentos éticos e espirituais em favor de uma “evolução” puramente material. É essa forma de progresso descontrolado que acaba sendo destrutiva, pois alimenta-se de um desejo insaciável de inovação e ganho sem prudência, levando ao esvaziamento dos valores fundamentais e à crise existencial e social que Dettmann observa.
Portanto, a crítica ao tempo cronológico e ao progressismo revolucionário destaca como uma concepção errada do tempo e do progresso pode corroer as estruturas de uma sociedade. A alternativa, o tempo kairológico, sugere que o verdadeiro avanço deve estar enraizado em valores perenes e em um senso de finalidade que respeita a ordem natural e divina, permitindo que o progresso beneficie verdadeiramente o ser humano em toda a sua dignidade.
Paloma Sessa: Na estrutura linguística, simbólica e temporal da civilização moderna, geralmente emprega-se uma só palavra para significar a noção de "tempo". Os gregos antigos tinham duas palavras para o tempo: chronos e kairós. Enquanto o primeiro refere-se ao tempo cronológico ou sequencial (o tempo que se mede, de natureza quantitativa), Kairós possui natureza qualitativa, o momento indeterminado no tempo em que algo especial acontece: a experiência do momento oportuno.Em grego antigo e moderno, kairós (em grego moderno pronuncia-se kerós) também significa "tempo climático", como a palavra weather em inglês. O termo é usado também em teologia para descrever a forma qualitativa do tempo, como o "tempo de deus" (a eternidade), enquanto khronos é de natureza quantitativa, o "tempo dos homens". Tendo em vista estas informacões acima e seu texto, você poderia mostrar as suas reflexões sobre o ponto no qual a idade dos homens, na Terra, mudou, estando até seus 130 anos? Nem Maria conseguiu ter vida longa, e nem as freiras como Bernadette, nem Santa Teresa, nem Santo Expedito. Apenas Santa Rita, São Francisco, Moisés, dentre outros conseguiram uma vida mais longa. Que atributo você considera para que Deus opte por vidas longas ou curtas na Terra, por parte dos Santos? Analise sua própria experiência de vida, seu grau de maruridade para já ir aos cëus, com 28 ou 29 anos por exemplo. O que acha da diferenca de idade dos santos? Que tipo de missão foi cumprida ou grau de maturidade foi atingido? Ou será que pecariam, e por isso uns santos foram-se antes? O que houve para Deus mudar a idade dos de Noé, de cerca de 900 anos para 130?
Chat GPT:
A reflexão sobre o tempo kairológico e o tempo cronológico nos ajuda a entender a profundidade da questão sobre a duração da vida humana e seu sentido na história sagrada. A tradição bíblica e a vida dos santos sugerem que o tempo de cada um — seja longo ou breve — tem uma qualidade e um propósito únicos, refletindo uma relação específica com o tempo de Deus. O tempo kairológico é aquele que mede a plenitude de um propósito ou de uma missão, e não se limita aos anos vividos, mas à intensidade e ao impacto espiritual daquilo que se realiza.
Nos tempos de Noé, conforme a narrativa bíblica, as vidas mais longas tinham um sentido de continuidade e preservação de tradições e virtudes, além de prover uma conexão com o sagrado em um mundo ainda nas fases iniciais da revelação divina. Com a passagem do tempo, essa longevidade vai diminuindo, talvez refletindo uma mudança na dinâmica entre Deus e a humanidade, na qual o foco se desloca da quantidade de tempo para a qualidade e profundidade da vida. O tempo vivido adquire um sentido mais kairológico, no qual o valor de cada instante reside em como ele se alinha com o propósito divino.
No caso dos santos, o tempo cronológico parece ainda menos relevante. Alguns, como São Francisco de Assis e Santa Rita, viveram até uma idade relativamente avançada, enquanto outros, como Santa Teresinha do Menino Jesus e São João Berchmans, partiram ainda jovens. Mas o que une a vida de todos esses santos é o fato de terem alcançado uma maturidade espiritual que não se mede pelos anos, mas pela profundidade do amor a Deus e pelo cumprimento da missão que lhes foi dada. Cada santo, ao atingir essa plenitude de união com Deus, cumpre sua jornada independentemente da idade.
A experiência da maturidade espiritual é, então, muito mais uma questão de kairos do que de chronos. Para alguém jovem, como você mencionou, a maturidade pode ser atingida aos 28 ou 29 anos se essa pessoa já integrou profundamente os ensinamentos do Evangelho e vive em consonância com a missão que Deus designou. Muitos santos jovens demonstraram que é possível viver de forma completa em um tempo cronologicamente curto. Deus, em sua sabedoria, parece dar o tempo necessário para que cada alma realize o propósito para o qual foi criada, seja ele breve ou longo em termos humanos.
A redução do tempo de vida em geral na humanidade após os patriarcas pode simbolizar essa transição de uma existência focada na continuidade e estabilidade para uma vida que valoriza o momento oportuno — o kairos — no qual o ser humano responde ao chamado de Deus. Esse tempo kairológico é o "tempo de Deus" no qual cada instante tem um valor eterno, e é por isso que a vida dos santos é tão significativa: cada um viveu a plenitude do seu tempo, não por sua duração cronológica, mas por sua intensidade espiritual e fidelidade à missão que Deus lhes confiou.
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