1) Dizia Chesterton que os megacapitalistas (aqui estou usando o temo do Olavo emprestado) nunca foram contrários à propriedade privada - na verdade, eles eram contrários ao limites dela.
2) Ora, se a propriedade não tem limite, aí ela começa a ser improdutiva, pois os poderes de usar, gozar e dispor das coisas serão voltados para o nada, de modo a ostentar a vaidade de seus detentores, o que é odioso. Isso prova que essas pessoas conquistaram o que têm sem mérito, sem agir com honra.
3) Na Idade Média, era comum os títulos de nobreza conferirem o direito ao detentor de usar, gozar e dispor de uma gleba de terra de um certo limite. Se ele quisesse aumentar o seu poder de usar gozar e dispor das coisas, ele precisaria comprar um título de hierarquia superior.
4.1) Os títulos de hierarquia superior davam vantagens adicionais, como, por exemplo o direito de votar e ser votado nas assembléias municipais.
4.2) Até a pessoa adquirir esses títulos, ela precisaria mostrar o seu valor trabalhando, a ponto de juntar capital e adquirir uma excelente reputação de bom prestador de serviço junto à comunidade. Uma vez reunido o capital e a prova testemunhal que confirmam tudo isso, o pretendente podia adquirir esse título de hierarquia superior, uma vez que ela está aperfeiçoando a liberdade de muitos com o seu trabalho. Por isso, ela está agindo com honras.
4.3.1) Os títulos de nobreza também determinavam quantos tipos de negócios a pessoa tem direito, o que dificultava que ela tivesse o controle de toda a cadeia de produção se não agisse com honras.
4.3.2) Era por conta de uma sociedade sem tradição, sem títulos de nobreza, que Andrew Carnegie foi o primeiro a controlar todos os aspectos da cadeia produtiva de seu negócio, a ponto de exercer monopólio sobre seus negócios. Carnegie oprimiu seus empregados e construiu sua riqueza no pecado, pois fez da riqueza sinal de salvação - a filantropia que ele fez no final da vida foi uma tentativa de apagar a sujeira de seu legado. Isso pode reabilitar sua imagem junto aos homens, mas não diante de Deus.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 10 de abril de 2021 (data da postagem original).
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