1) Existem coisas que um cego é capaz de ver.
2) Se examinarmos isso na lógica formal, então o cego não seria cego. Seria falácia.
3) Na lógica paraconsistente, o cego pode não ser capaz de usar a visão, mas pode usar os outros sentidos de modo a ver o que os outros estão dizendo. Ele é capaz de captar as nuances de modo a ver se a pessoa está falando a verdade ou não, se está sendo sincera ou não e essas nuances estão no modo de se falar, já que ele não pode usar os olhos para ver os olhos das pessoas.
4) Quando se estuda a lei natural que se dá na carne, é preciso estar atento ao fato de que a verdade conforme o todo apresenta nuances - as coisas de Deus surgem para nós através de fatos, palavras e coisas. A mera positivação dessas nuances em regras escritas, taxativas, tende a perverter a lei natural justamente porque essas nuances só podem ser obedecidas somente através da ordem dos sentidos.
5) Como a lógica jurídica é essencialmente uma lógica formal, ela tende a ir para fora da conformidade com o todo. Pois o conhecimento das nuances que nos levam à conformidade com o todo extrapolam o limite da consistência da forma, o que força a busca de novas formas, novas maneiras de adequarmos a mensagem do evangelho às circunstâncias que cada época e cada lugar exigem.
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