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terça-feira, 9 de setembro de 2014

Dúvidas sobre aliança entre o altar e o trono


Há quem me diga:

"Pra mim, liberdade de religião só ocorre com a Igreja unificada com o Estado. Porque, se permanecer do jeito como as coisas estão indo, as outras fés não terão o espaço que o Cristianismo permitiu. E  aí tudo acaba".

Eu respondo:

1) Embora haja uma aliança entre o altar e o trono, as funções das espadas são diferentes.

2) É por essa via que surgem os dois tipos de pai de muitos: o rei, que cuida do bem comum, e o bispo, que cuida de tudo aquilo que é necessário de modo a que a pátria do céu não seja esquecida, enquanto se aprende tomar a pátria terrena como um lar, fundado em Cristo.

3) É neste sentido que se dá a aliança: ela se funda na natureza dos papéis, pois servem à unidade, em Cristo. Cristo é, pois, o rei e o supremo sacerdote. Só ele tem os dois corpos - e ninguém marcado pelo pecado original o terá, dado que a onipotência, a onipresença e onisciência nos foram negadas.

4) O papel de cada pai de muitos é bem definido: por isso que o termo correto é aliança e não unificação  - se houvesse unificação, o rei, filho do Homem,  seria um tipo de Faraó, um deus vivo. Emfim, nenhuma pessoa marcada pelo pecado original tem os dois corpos, pois quem tem isso é Cristo.

5) A gente não pode cair na falácia dos dois corpos do rei. Se isso acontecer, um rei comum pode dizer aquilo que D. João II, Rei de Portugal, falou: eu sou o senhor dos senhores e não o servo dos servos.

6) E isso gera uma admiração que nos bloqueia a idéia de Deus.E é daí que nasceu um Hitler entre nós.

7) Da aliança do altar com o trono surge o ambiente necessário onde as religiões debatem a verdade, um ambiente de tolerância e de respeito, de modo a se estar em conformidade com o todo de Deus, a partir do sadio debate.

8) O sentido da laicidade do Estado se funda na natureza do papel que cada espada exerce, de modo a que o país seja tomado como se fosse um lar.

9) É dessa colaboração entre o altar e o trono que nasce a nacionidade, a crença de se tomar o país como um lar e não como religião imanente de Estado.

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