1) Na liga Hanseática, uma das guildas mais poderosas que havia era a guilda dos mercadores de pano (em inglês, cloth hall). Eles, os mercadores, tinham na sua família senhores feudais que extraíam lã de boa qualidade das ovelhas, além de artesãos. E dessa lã, faziam roupas para todas as classes da sociedade, posto que vestuário era gênero de primeira necessidade tal qual o alimento.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 1º de janeiro de 2017
2) O comércio de lã gerou o desenvolvimento da atividade bancária na Liga Hanseática - e com a descoberta de pau-brasil, a indústria da manufatura de luxo prosperou e muito.
3) Onde havia uma câmara de comércio de panos, havia muita riqueza na cidade. Como naquela época a riqueza de uma nação se media pela riqueza de seu príncipe, territórios como Flandres foram muito cobiçados, sobretudo pela França, que desenvolveu sua indústria de luxo por meio de políticas mercantilistas e protecionistas.
4) Londres foi por muito tempo parte da Liga Hanseática e sempre compreendeu a importância do comércio de pano. Logo após Portugal haver recuperado sua independência da Espanha, a Inglaterra estabeleceu um acordo com Portugal, de modo a que ambos crescessem (esse acordo ficou conhecido como o Tratado de Methuen ou tratado dos panos e vinhos). Os panos ingleses passaram a ganhar um novo e poderoso mercado consumidor no mundo português - e o vinho do Porto, que usa cana do Brasil, passou a ganhar novos territórios sob proteção da Coroa Britânica, na América do Norte.
5) O acordo permitiu o desenvolvimento da indústria têxtil inglesa, a ponto de gerar a Revolução Industrial, e a balança comercial se tornou altamente favorável para os ingleses, cujos panos foram pagos a peso de ouro vindo do Brasil.
6) O acordo de Methuen foi uma revolução no campo Diplomático, pois fez o mare clausum paulatinamente se tornar mare apertum, tornando viável a tese jurídica de Hugo Grotius sobre a liberdade dos mares. Por conta dos benefícios desse tratado, fundados nos muitos de amizade e cooperação que havia entre Inglaterra e Portugal, cujo tratado foi o único que nunca foi violado na História, a Inglaterra passou a desenvolver uma política cada vez mais expansionista, sucedendo Portugal em sua missão civilizadora.
7) A união dos frutos da Liga Hanseática, que levariam à Revolução Industrial, com aquilo que decorreu do fato de Portugal ter ido servir a Cristo em terras distantes fez com que a globalização se consolidasse.
8) É importante ressaltar que globalização não é sinônimo de globalismo. O fato de Portugal ter ido servir a Cristo em terras distantes marca a globalização da fé cristã e de seu fruto, a civilização européia. O globalismo, fundado no amor ao dinheiro, na ética protestante e no espírito do capitalismo, isso leva a um cosmopolitismo - e isso decorre do livre comércio, do consumismo, do utilitarismo e do relativismo moral.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 1º de janeiro de 2017
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