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domingo, 1 de janeiro de 2017

Notas sobre educação, sobre o cultivo da alma

1) Quando se aprende a voar, a primeira coisa que fazemos é aprender o que é necessário desde o solo. Em seguida, vamos para os simuladores; quando adquirimos segurança suficiente, fazemos vôos supervisionados, pois o instrutor torna-se nosso co-piloto, moderando nossas falhas. Só aí é que podemos fazer nosso vôo solo - e o brevê se torna um estado de liberdade para fazer o que sabemos fazer de melhor: nossa prerrogativa. É análogo ao diploma, quando este tinha seu valor.

2) Ao lermos um autor clássico, nós fazemos a mesma coisa. Antes de começar a ler Marx ou Aristóteles, a primeira coisa que faço é ler quem o leu antes - isso é uma forma de me proteger das eventuais falhas desses escritores, de modo a que isso não edifique má consciência em mim. Quando estiver vacinado de seus respectivos defeitos e bem informado acerca daquilo que devo saber, de modo a compreender o que está escrito em cada um de seus trabalhos, aí posso adentrar nessa floresta, sem correr o risco de me perder.

3) Eis aí o fundamento do cultivo da alma. Adquirir informações novas e saber o que deve ser feito com elas é questão de sobrevivência da alma, quando não é possível matar o corpo. É isto que diferencia educação de instrução, de capacitação técnica para exercer atividades inerentes da vida civil.

4) Quando tomamos o país como um lar em Cristo, nós fazemos exatamente isso. Nós assimilamos o que há de bom não só desta terra como também o que há em outras terras, tanto dentro de um mesmo país quanto em países diferentes. Esse laboratório inicialmente se dá dentro da família para só depois ganhar as ruas da vizinhança, da comunidade inteira. É um trabalho lento e gradual, que pede que sucessivas gerações façam o mesmo trabalho, de maneira aperfeiçoada ao longo do tempo. Não é à toa que nacionismo e tradição são quase sinônimos. Este tipo de coisa nenhuma escola pode proporcionar - só mesmo uma família unida, bem estruturada e numerosa poderá proporcionar.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 1º de janeiro de 2017 (data da postagem original).

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