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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Considerações sobre a questão da nacionalidade como um produto do fato de se tomar a nação como se fosse uma religião, em que tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele


01) Em contraponto com a nacionidade, temos a questão da nacionalidade. Ela decorre deste problema que vou apresentar nestas linhas que se seguem.

02) Servir ordem pela ordem, desvinculada da fé, pressupõe servir ordem pautada no racionalismo, na constante intervenção sobre a economia e no dirigismo estatal em todos os aspectos da vida social, em detrimento da liberdade para se errar e buscar o conhecimento e a verdade por si mesmos. Servir isso é servir uma ordem injusta e má por si mesma, pois ela será instrumentalista e utilitária, já que vai tergiversar a moral, colocando ela em risco.

03) Tal estado de coisas decorre da megalomania e das conveniências morais de toda uma casta de intelectuais e governantes que representam, e ao mesmo tempo promovem, o que há de pior no ser humano – e tal megalomania sujeita os nacionais de um país aos caprichos e às conveniências de momento dos tiranos, que são capazes de inventar toda uma sorte de heróis e tradições, bem como princípios, usos e costumes falaciosos com o intuito de justificarem a sua permanência no poder, manipulando a opinião pública, e o consentimento dos governados, ao seu favor e bel-prazer, na busca de se promover, na Terra, um pretenso paraíso melhor do que o divino.

04) Uma vez que o governo se torna um instrumento voltado para o mal, o mercado passa a servir aos interesses do Estado e da classe dirigente que se apropria do poder tal qual propriedade pessoal, já que este estará livre das lições advindas da Igreja, que naturalmente limitam, no plano moral, as ações do Estado, fundado no princípio da não-traição à verdade revelada, um princípio decorrente do Direito Natural. Ao separar-se a Igreja do Estado, essas lições serão desafiadas e rejeitadas sistematicamente, e passarão a ser tomadas como superstições que restringem e que ameaçam à liberdade deles de desafiar todas as convenções previamente estabelecidas, com o intuito de se criar uma nova sociedade, divorciada daquilo que é historicamente conhecido; essas lições serão tomadas como preconceitos infundados, que devem ser abolidos e destruídos, a todo e qualquer custo, porque se fundam na religião verdade. E graças a essa manipulação, a essa perversão que provocaram no conceito de liberdade, o Estado se torna, por si mesmo, uma espécie de religião e a liberdade se torna uma parteira da tirania – graças a isso, a ação libertária perverte tudo aquilo que nos é conhecido por tradição.

05) Quando a nação se torna uma religião, ela gera uma ordem distorcida, porque se funda na perversão do significado da palavra liberdade – e a sujeição a esse estado de coisas se chama nacionalidade. Tal ordem se funda no nacionalismo, num movimeto de tomada do poder que transforma a idéia de nação como um lar numa espécie de idolatria, conferindo ao Estado os mesmos poderes e as mesmas prerrogativas que o Criador possui – e isso se dá por forças artificiais, fundada na noção de que a razão, por si mesma, se subsiste sem a noção da fé, com a vil pretensão de substituí-la.

06) Esse artificialismo é extremamente arrogante, falacioso e perigoso. A onisciência, a onipotência e a onipresença não são qualidades inatas do ser humano – como o Estado é um instrumento feito por mãos humanas, ele é tão falho quanto o próprio ser humano que o criou.

07) O Estado não pode ser tomado como Deus se fosse porque ele falha – além disso, o fundamento da onipresença, da onipotência e da onisciência está na infinita bondade divina. Como a natureza do Estado é de cunho instrumental, a política dos governos vai depender sempre de julgamentos de oportunidade e de conveniência, próprios do julgamento político, para se poder agir numa ou noutra direção – e nem sempre a política de governo se funda no bem comum - tanto é verdade que é essa a causa da perversão das leis. Daí o brocardo romano de que nem tudo que é legal é necessariamente honesto.

08) O Estado deve e precisa ser encarado como um mecanismo público e difuso de legítima defesa contra quem pretende fazer algum mal às pessoas que vivem em um determinando país em paz e em segurança. Esse mecanismo de repressão à ambição estúpida funciona tanto no plano interno, através das leis, como no plano externo, através da guerra ou das sanções internacionais – e é promovendo os benefícios da segurança a quem toma determinado país como se fosse um lar que a política externa está a serviço da política interna; e esse é o elemento justificador da soberania de um país.

09) Por essas razões, cultuar o estatismo, como se fosse uma divindade, é o maior ato de arrogância que se pode conceber, no plano da ordem interna e internacional – é a ignorância a serviço da prepotência, daí porque ela é uma ordem má por si mesma, pois ela promove à injusta ingerência.

10) Estas são as ponderações que faço acerca da diferença entre nacionidade e nacionalidade.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 08 de fevereiro de 2019.

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