1) Sempre há alguém, de tempos em tempos, que me bate à porta e cujo perfil não tem nada a ver com o meu. Como meu mural é um espaço sagrado, eu recusava a amizade da pessoa. Para evitar a insistência, eu a bloqueava.
2) Agora, eu adoto outro tipo de estratégia: eu dou meu e-mail do gmail e dialogo com ela via hangouts. Assim posso desenvolver outros tipos de perfis de facebook, a ponto de abarcar outros tipos de amizade que não poderia abarcar neste perfil, onde basicamente me dedico à atividade intelectual, que é o que estou fazendo no momento.
3.1) Eu aprendi pela experiência alheia a não misturar contatos. Colegas de trabalho devem ficar num perfil dedicado à empresa, colegas de faculdade devem ficar num perfil dedicado às coisas da faculdade, pessoas da família devem ficar num perfil voltado para a família.
3.2.1) Um único perfil de rede não abarca a multiplicidade que gravita em torno de uma mesma pessoa. Em tempos onde a rede social não existia, essa multiplicidade se desenvolvia na intimidade, na vida privada, pois isto era um movimento próprio da liberdade interior do sujeito. Na rede social, sua vida é pública - o seu viver é como se fosse um verdadeiro apostolado. Não há mais espaço para o que havia antes dessa rede, pois isso é inviável, uma vez que na rede não há máscaras, nem ajustes. Ou você aprende a mortificar o seu ego ou você será destruído por conta da sua vaidade.
3.2,2) Por isso, para saber a real natureza de uma pessoa, você precisa lidar com essa multiplicidade de perfis, dado que são ferramentas organizadas de modo que a vida na rede não seja um problema permanente.
3.2.3) Cada perfil revela diferentes facetas da personalidade de alguém, seja no trato com os negócios, no trato com a família, no trato com as coisas de Deus e no trato com as coisas decorrem do senso de se tomar um ou mais países como um mesmo lar em Cristo e assim sucessivamente.
3.2.4) Se estivesse advogando, eu teria um perfil no face voltado para a advocacia. Não adicionaria nenhum cliente meu neste mural onde escrevo, dado que ele não está interessado nas coisas que penso.
4.1) Talvez seja interessante eu criar um perfil voltado para as análises de jogos de videogame que faço, quando não estou escrevendo sobre política, filosofia e história. Gosto muito de jogar, sempre que não tenho nada novo a escrever.
4.2) Toda vez que faço uma descoberta ou tenho uma idéia, eu a registro em meu diário de jogo. Para cada jogo que jogo, sempre tenho um diário. Se determinados títulos têm uma seqüência, tal com há nos filmes americanos, então estabeleço um guia levando em conta a evolução da série bem como faço um balanço das idéias que foram introduzidas ao longo do tempo.
4.3.1) Não sou um jogador à moda bolsonariana, daqueles que gosta de tiro, pancadaria e bomba. Prefiro jogos que me fazem pensar. Faço do jogar uma atividade contemplativa, tal como é próprio da atividade filosófica. Muitos dos meus artigos vieram dessa atividade contemplativa, quando jogava Civilization, Colonization ou The Guild.
4.3.2) Se tivesse o mesmo perfil que a maioria, o irracionalismo, e não a racionalidade, seria a minha marca na atuação na rede, a ponto de em nada contribuir para o debate, uma vez que estaria postando qualquer tolice que me viesse à cabeça.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 23 de fevereiro de 2019.
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