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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Considerações sobre a nacionidade (ou sobre a idéia de se tomar a nação como se fosse um lar em Cristo)

1) Estive refletindo sobre esta frase de Santo Tomás de Aquino: "sirva ordem e a ordem te servirá".

2) Servir ordem pressupõe tanto servir segurança quanto garantir à população que as leis serão cumpridas e observadas. Isso gera paz e bem-estar social – e as pessoas tendem a ficar num lugar onde se sintam bem e seguras. Onde há ordem, lá está a idéia de lar – daí, a noção de nacionidade. Servir ordem, amparado na verdade, tal como a Santa Madre Igreja nos ensina, é o fundamento da nossa liberdade, da nossa civilização – e se a política for promovida de forma séria, organizada e responsável, ela nos leva à caridade, que é uma das causas disso.

3) Dito dessa forma, o cristianismo, que é a fonte dessa noção, é, historicamente, o único estado de coisas que nasceu decorrente de uma proposta de modo de vida, através do exemplo e das lições deixadas por Jesus, e não da assinatura de um contrato social – e isto é uma prova cabal de que a infinita bondade de Deus existe. E se seguirmos uma ordem fundada nisso, haverá mais integração entre as pessoas em sociedade, bem como mais senso de responsabilidade desses indivíduos para com seus semelhantes, e isso favorece o mercado moral, fundado na noção de confiança e reciprocidade.

4) Os ensinamentos de Jesus, confirmados pela Santa Madre Igreja, decorrem da observação profunda da alma humana e da natureza das coisas como elas são – Cristo, por tradição, é tratado como se fosse filósofo, a ponto o direito romano e a filosofia grega casarem-se muito bem com esses princípios. Graças a isso, a civilização foi salva e preservada; e ao voltar-se para Deus, através da Igreja, a civilização se aperfeiçoou, no sentido de manter essa ordem, que é boa por si mesma.

5.1) Por essa razão, a idéia de nacionidade não pode e não deve ser divorciada da ordem proposta pela Igreja, com base naquilo que Cristo nos ensinou e nos legou, quando este esteve de passagem por este mundo, como uma ovelha no meio de lobos, enviada por Deus para nos salvar.

5.2) Quem protesta contra essa ordem e contra a mantenedora dessa ordem, a Santa Madre Igreja, está, na verdade, buscando uma ordem fundada em conveniências morais, onde o errado tenha o mesmo valor axiológico que o certo, moralmente falando; essa busca infrutífera e arriscada - a que alguns, erroneamente, se referem como busca pela felicidade plena - pode nos tirar a liberdade, posto que os significados dessas palavras, na nossa linguagem, podem correr o risco de serem corrompidos, se relativizados, pois ela nos leva a caminhos perigosos e incertos, que nos levarão à morte e à destruição.

5.3) A manutenção desse estado de coisas, artificial por si mesmo, não derivará mais da voluntariedade ou da solidariedade das pessoas, fundada em um ambiente de paz e de confiança recíproca em que as pessoas amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, mas, sim, da coerção estatal – e a ordem fundada nisso, nessa solidariedade mecânica, cai tal qual uma árvore podre.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 8 de fevereiro de 2019 (data da postagem original).

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