1) Como a devoção a Nossa Senhora era muito forte na Inglaterra, o Rosário certamente teria de ser reprimido.
2) Há a história da policia litúrgica de Elizabeth I que, ao
visitar a igreja de uma vila, deparou-se com uma senhora
rezando o Rosário. Um dos caçadores de "superstição" agarrou o
rosário e o quebrou, empurrando para fora a senhora, que
reclamava. Os moradores reuniram-se em volta do agressor, o
atacaram e, possivelmente, o mataram. Incidentes como esse
ocorreram esporadicamente por toda a Inglaterra, mas o povo
católico não conseguiu conter as autoridades por muito tempo.
3) A
Reforma inglesa arruinou as guildas. Henrique Vlll confiscou seus
fundos e Elizabeth I decretou estatutos com o intuito de
prejudicá-las. Em 1547, durante o reinado de Eduardo VI, filho
de Henrique, que subira ao trono com 9 anos, Thomas Cranmer, o
arcebispo apóstata, e seus associados protestantes tomaram
medidas para estabelecer o protestantismo na Inglaterra com mais
firmeza do que Henrique havia permitido, e um dos seus alvos
eram as guildas. Estima-se que, entre 1530 e 1540, milhares de
guildas foram reprimidas e tiveram seus recursos, incluindo a
terra (caso a tivessem), confiscados.
4.1) O efeito desmoralizante da
perda das suas irmandades queridas e organizações profissionais
foi devastador para os associados da época.
4.2) A longo prazo, o
desaparecimento dessas associações resultou na inexistência de
organizações que atendessem aos pedidos dos trabalhadores
explorados e atenuassem o sofrimento de suas vidas miseráveis,
no início da Revolução Industrial do século XVIII.
5.1) As guildas não foram os únicos alvos escolhidos para
arrecadar os fundos que Henrique Vlll necessitava em parte para
subornar apoiadores para sua nova igreja. Os mosteiros deveriam
ser "visitados" para se ter certeza de que não eram corruptos.
Caso o fossem, deveriam ser reprimidos, a fim de manter a
pureza da vida religiosa, é claro. O cardeal Wolsey já havia
"dissolvido" por volta de 29 estabelecimentos religiosos, em
1520. Em 1535, foi Thomas Cromwell, vigário de Henrique, que
intensificou e completou o roubo e a destruição da vida
monástica inglesa.
5.2.1) Os mosteiros estavam corrompidos? Certamente
havia alguma corrupção moral em alguns deles, como houve em
todas as épocas da História, mas se poderia lidar com isso
facilmente por meio de uma análise caso a caso. Outras visitas
durante o mesmo período, por autoridades locais, também foram
muito destrutivas.
5.2.2) O objetivo de Henrique e de seus
súditos não era acabar com a verdadeira corrupção; se assim
fosse, eles esperariam encontrá-la nas casas religiosas maiores e
mais ricas, em vez das menores e mais pobres. As maiores, no
entanto, gozavam de maior influência politica, e Cromwell estava
relutante em atacá-las primeiro. Os "visitantes" enviados por
Henrique e Cromwell, em 1535, se dirigiram para as cerca de
quatrocentas pequenas casas religiosas conhecidas como ''mosteiros menores". Esses visitantes faziam um escândalo ao procurar por
corrupção moral (encontrando poucas confissões; as quais eram
obtidas, em grande parte, sob pressão) e tentavam persuadir os
jovens religiosos a abandonar suas vocações. Ao mesmo tempo,
pregadores eram enviados, em uma campanha de propaganda, para
atacar e depreciar a vida monástica. Em fevereiro
de 1536, o parlamento dissolveu os mosteiros restantes.
5.2.3) A
poucos foi permitida a sobrevivência e, surpreendentemente, os
internos os mesmos monges e freiras cujas reputações haviam sido
difamadas eram, agora, declarados religiosos exemplares. (O ato
do parlamento também especificou que os habitantes dos
mosteiros maiores estavam imunes à repressão. O falso objetivo
de combater a corrupção moral logo desapareceu.)
5.2.4) As casas
menores foram saqueadas e seus fundos e terras tomados para a
coroa; Henrique ficou contente, mas não estava satisfeito. Ainda
restavam os mosteiros maiores e mais ricos. A revolta no
norte da Inglaterra na peregrinação da Graça, em outubro de 1536,
motivada parcialmente pelo desejo de salvar os mosteiros restantes
e também preservar a fé na Inglaterra, adiou os planos de
Henrique, mas não por muito tempo. Logo, os bens e as terras de
todos os mosteiros estavam em suas mãos; e ele usava a terra
como suborno para sua corte, comerciantes, advogados e outros.
5.3.1) Além da perda espiritual da Inglaterra - em pregação,
ensino e oração (sem mencionar a heresia, a supressão do Santo
Sacrifício e a perda das almas) -, o que dizer das escolas,
dos hospitais, dos orfanatos, das hospedarias, das casas para
viúvas e de outros serviços que os mosteiros prestavam? O
escritor protestante William Cobbett, no século XIX, declarou
que a dissolução dos mosteiros teve o efeito de causar não
apenas a pobreza, mas fazer da "miséria" uma condição permanente
das classes baixas inglesas. A educação universitária também
sofreu, já que os estudantes pobres não mais recebiam o apoio
oferecido pelos monges. A distância entre as classes alta e
baixa aumentou. Os camponeses foram levados à miséria pela perda
das terras dos mosteiros, onde tinham permissão para cultivar e
pastar os animais.
5.3.2) Nas cidades, o clero secular também se envolveu no ensino e em outros serviços para os pobres, serviços estes pagos pelo dizimo que recolhiam - aquele dizimo que foi tão criticado pelos pretensos "reformistas." Como observa Euan Cameron, um estudioso e professor protestante, em seu excelente livro de 1991, The European Reformation:
"Se o clero secular de Londres tivesse desistido do seu dizimo e vivido de caridade (como encorajavam alguns freis carmelitas em 1460), muitas atividades valiosas, incluindo a educação e assistência aos pobres, seriam prejudicadas".
5.3.3) O
resultado foi o triunfo do protestantismo na Inglaterra e a
aceitação da sua propaganda no lugar da ultrapassada fé católica
e seus costumes.
5.3.4) Para citar Duffy uma vez mais, " no final de
1570, seja qual fosse a tendência natural e a nostalgia dos
idosos, uma geração crescia educada com a ideia de que o papa
era o anticristo e a missa era uma palhaçada. Uma geração
que não valorizava o passado católico como seu próprio passado.
mas valorizava outro país, outro mundo.
Wanderley Dias da Costa, para o Apologistas da Fé Católica
(https://www.facebook.com/groups/1135019269853771/permalink/1528459137176447/?pnref=story)
Facebook, 21 de agosto de 2017 (data da postagem original).
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