1) Numa sociedade onde a quantidade de votos conta mais do que a fundamentação, a carga simbólica de um voto revela um motivo determinante oculto, coisa que só os mais esclarecidos podem ver.
2) Esse motivo determinante invisível precisa ser visto. É provável que esse motivo determinante seja fundado na dor de Cristo ou no fato de se conservar o que é conveniente e dissociado da verdade. E quando estudamos esses motivos determinantes ocultos, o joio é separado do trigo, dado que é um trabalho de inteligência, o que faz da política uma verdadeira ciência.
3.1) Se a fundamentação dos votos fosse possível, seria patente para todos saber quais seriam os verdadeiros motivos determinantes que norteariam a eleição de um candidato em vez de outro.
3.2) Esse motivo não seria determinante por força da quantidade de votos, mas pelo que ele diz sobre aquilo que o político é - ou pelo que ele fez ao fim de seu mandato. E é por força da realidade desse político, pelo que é por conta de seu caráter ou pelo que fez de bom no seu mandato anterior, que ficaria claro saber quais são os termos do mandato que ele recebe para a próxima legislatura.
3.3) E este político não pode passar por cima dos motivos determinantes reais, o que daria o direito aos eleitores que apontaram os motivos determinantes corretos de fazer o recall do mandato e escolher outro no lugar, uma vez que o princípio da não-traição estaria sendo observado.
4) Se houvesse uma cultura de fundamentação dos votos, a política seria racional. E sendo a política racional, os votos seriam abertos e não secretos.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 3 de agosto de 2017. (data da postagem original).
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