1) O professor Olavo de Carvalho fala que o trabalho do escritor é o de fomentar a imaginação das pessoas. Para que essa imaginação produza boa consciência, o escritor precisa ter uma vida reta, uma fé reta e uma consciência reta.
2) Tudo o que se funda na eternidade leva à realidade. Um ficcionista imaginário deve lidar com o potencial das coisas, ainda que o fato não esteja presente na realidade. Se o fato estiver presente, flagrante, deixa de ser literatura e vira fato jornalístico.
3) A escrita deve ter forte caráter realístico - a descrição deve ser a mais realista possível, o comportamento dos personagens deve ser convincente e o diálogo entre os personagens deve ser construído de tal modo a que essa situação, quando se tornar real, seja aquilo que você está descrevendo no livro. Ou seja, a ficção literária deve antecipar-se ao fato jornalístico e não pode ser feita de maneira sensacionalista, de modo a relativizar tudo o que é mais sagrado.
4) É por essas razões que o escritor precisa de certos elementos das outras ciências - como História, Antropologia, Psicologia - de modo a que tenha conhecimento suficiente para descrever as coisas com a mais absoluta precisão - no entanto, ao descrever o fato, deve fazê-lo numa linguagem simples e de fácil entendimento ao maior número de pessoas possível. A ficção, para ser realista, necessita de muito conhecimento científico - quanto mais um escritor puder descrever a realidade potencial com precisão, mais crível o fato se torna, quando um dia se tornar presente na realidade.
5) Verdade conhecida é verdade observada - mesmo que não esteja presente num lugar, pode estar presente em outros. Por isso, os escritores devem viajar com certa regularidade, de modo a colher o máximo de informações necessárias de modo a revelar essas coisas para os pares com a finalidade de se tomar o país como se fosse um lar, advertindo das conseqüências ruins que podem ocorrer caso algo vindo do exterior se torne um modismo por aqui. A Geografia, enquanto ciência, nasceu de diários de viagem - conhecimentos de História, Política e Sociologia também ajudam e muito a compreender a realidade do lugar.
6) A morte da literatura, enquanto elemento que antecipa as coisas, está profundamente relacionada à cultura do materialismo. Para o materialista, aquilo que não está visível não existe - e por não existir, isso não merece ser observado. Isso empobrece a linguagem, pois aquilo que merece ser observado, mesmo que não esteja presente na realidade, deve ser registrado - e isso leva à conformidade com o Todo que vem de Deus, pois devemos ter fé naquilo que não podemos ver, mas que é verdadeiro. Sem essa dimensão espiritual, não há literatura.
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