1.1) Quando se lastreia uma moeda na principal riqueza de um lugar, você necessariamente consagra um modo de ser, uma cultura e um estilo de vida como se fosse uma virtude, um caminho de santidade através do trabalho a ser seguido, sem excluir os demais.
1.2) Se a riqueza da Colômbia for lastreada em café, por exemplo, então toda a cultura da região cafeeira da Colômbia é consagrada, pois ela passa a ser tomada como modelo de virtude, um símbolo de pais tomado como um lar em Cristo. E esse símbolo o Estado pega emprestado da comunidade, a ponto de remunerar isso com juros, pois isso é servir confiança, uma vez que esse modelo de virtude é altamente produtivo e benéfico para o país como um todo.
2) A mesma coisa pode ser feita com a Argentina se lastrear sua moeda em trigo, pois a Argentina pode ser tomada como um lar por força de ser um celeiro do mundo.
3.1) Em artigo anterior eu havia dito que a indústria pode criar novos lastros quando transforma matérias-primas em outros produtos. Mantenho o que digo e acrescento mais um ponto: a indústria de serviços também tem essa capacidade de transformar.
3.2) Citemos o caso das casas de encontro, das cafeterias. O trigo da Argentina, se convertido em farinha, vira pão - e o café da Colômbia pode ser servido aos clientes. No Brasil, as padarias são também casas de encontro - muitos jogam conversas foram tomando um bom café. É muito comum discutir política nesses lugares.
3.3) Embora as casas de encontro não produzam um bem físico a ser usado como lastro, elas criam um bem intangível: uma cultura de encontro e de debates, coisa essencial para a vida espiritual da polis, que deve ser tomada como um lar em Cristo. É este tipo de coisa que muitos não vêem que precisa ser vista.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 9 de setembro de 2018.
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