1.1) Se ser é ser percebido, então existem seres que são percebidos através dos nossos sentidos e seres que não podemos ver com os nossos próprios olhos, mas que podem ser conhecidos através do conhecimento histórico, através da tradição ou por meio de alguma coisa que nos remeta à conformidade com o Todo que vem de Deus, que o é criador das coisas visíveis e invisíveis.
1.2) Afinal, o que são as almas senão pessoas, criaturas criadas por Deus que um dia existiram em certo ponto da história e que no momento não estão mais presentes, uma vez que estão esperando o dia do Juízo Final a ponto de ressuscitarem dos mortos e assim ganharem a vida eterna, se forem no caso fiéis defuntos? Além dos mortos, são também parte do universo dos seres que não podemos ver os que ainda não nasceram. Afinal, Deus sabe quando eles estarão no mundo - e por isso não cabe a nós ditar quem deve viver e quem deve morrer, pois a onipotência nos foi negada, uma vez que não podemos ser deuses.
2.1) Se o nosso modelo de imitação se funda no verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, então devemos nos esforçar em ver o que não se vê. Se reduzirmos nossa percepção àquilo que decorre do mundo sensível, então a tendência é reduzirmos nossa percepção da realidade das coisas.
2.2.1) Não é toa que almas essencialmente materialistas são necessariamente pouco inteligentes, pois só conservam o que é conveniente e dissociado da verdade.
2.2.2) E o que é conveniente e dissociado da verdade está no mundo secular e é movido pelas paixões dos que têm um amor próprio exacerbado a ponto de desprezarem Deus, a ponto não de estarem presentes diante d'Aquele que é Sumo Legislador e Sumo Juiz, que é também o autor da vida - o verbo que se faz carne e que fez santa habitação em nós por meio da Santa Eucaristia. E ser julgado à revelia é confissão de irresponsabilidade para com a própria defesa, pois o réu amou tanto a si mesmo que desprezou a sua mãe e advogada, a Virgem Maria. E a justiça divina não socorre quem dorme, neste aspecto.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 15 de setembro de 2018.
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