1) Pelo que andei observando, o liberal confunde público com privado, a ponto de reduzir o público a tão-somente aquilo que envolve o Estado, a ponto de estar no Estado e nada estar fora dele ou contra ele. Por conta do amor de si até o desprezo de Deus, eles criam uma luta de classes entre o público e o privado, o que é um prato cheio para o comunismo.
2) Pelo princípio da concórdia entre as classes e da integração entre as pessoas, bem como do incentivo ao senso de bem servir ao país - que deve ser tomado como um lar em Cristo -, devemos ver sempre que nem todas as coisas estão no Estado. Particulares com vocação de servir devem ser chamados a ponto de criarem uma atividade econômica organizada, uma vez que eles devem a ver Cristo nos irmãos necessitados. E se ele for bem organizado e servir muito bem, ele será bem remunerado pelo seu esforço, já que lucro é ganho sobre a incerteza, uma vez que a vida é incerteza.
3.1) É por essa razão que os empresários são considerados agentes públicos, pois edificam ordem pública. Eles ajudam na edificação da polis, mas não têm o poder do império, tal como tem o vassalo de Cristo, por força de Ourique. É um caminho de honra, a ponto de seus serviços serem contados como parte da nobreza.
3.2.1) Não se trata de um serviço fundado no amor de si até o desprezo de Deus, a ponto de fazer da riqueza sinal de salvação.
3.2.2) A riqueza é instrumento de evangelização, umas vez que o trabalho é meio de santificação não só de quem trabalha mas também de todo um povo que está tomando o país como um lar, amando e rejeitando as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, na conformidade com o Todo que vem de Deus. Da associação de vários empresários que colaboram com o governo ao estabelecer uma atividade econômica organizada surgem as guildas, uma vez que essa atividade organizada envolve famílias inteiras, comunidades inteiras.
4) Se há uma relação público x privado, ela se dá no foro da intimidade. Estado nenhum deve se meter na vida privada de ninguém. Uma vez que vida privada é vida espiritual, isso é assunto da Igreja - esta, sim tem jurisdição sobre a matéria, pois a família decorre dessa realidade. E esse é o verdadeiro direito privado.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 1º de setembro de 2018.
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