Pesquisar este blog

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Do personalismo como sistema de política

1) Quando um indivíduo desempenha uma função importante - seja por conta de sua formação, seja por conta de seu caráter, seja por conta de suas circunstâncias pessoais -, a tendência é encontrar dificuldades no tocante a encontrar um outro indivíduo com qualidades mais ou menos equivalentes no tocante a substituí-lo, seja em sua eventual ausência, seja de modo permanente - tal como ocorre no caso de morte, aposentadoria, ou mesmo saída de uma organização, seja por conta de punição, seja por conta de aceitar uma oferta de trabalho melhor, seja por questões pessoais ou familiares.

2.1) O individualismo como um sistema de política tem por base a importância do indivíduo no tocante à produção de riquezas de tal modo que o país seja tomado como um lar em Cristo, coisa que nos aponta para a pátria definitiva, que se dá no Céu. A produção de riqueza é uma arte que aponta para Deus, o que influi decisivamente nos destinos políticos. Ela não se volta para si mesma, uma vez que a riqueza é instrumento de evangelização, posto que se funda na santificação através do trabalho.

2.2.1) Se é preciso selecionar pessoas produtivas e eficientes, então essas pessoas precisam ser treinadas no tocante a exercer o trabalho requerido pela empresa de modo a suprir uma eventual demanda que existe no mercado da melhor forma possível. É do treinamento que vem a experiência necessária de modo a poderem fazer o melhor trabalho possível.

2.2.2) Como a empresa é uma organização social, então esse bom profissional precisa ser necessariamente uma boa pessoa, onde sejamos capazes de ver Cristo nela, uma vez que numa organização social devemos ver relações de cordialidade e de fraternidade, um ambiente de integração entre as pessoas - e isso pede que as pessoas amem e rejeitem as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento.

2.2.3) Como trabalho e integridade moral caminham juntos, então essas coisas não podem ser separadas, dado que compõem a persona do indivíduo.

2.2.4.1) Como um indivíduo não pode ser dividido em dois, então uma organização social não pode ser dividida em duas.

2.2.4.2) A função econômica de uma empresa não pode se separar de sua natureza organizacional e social, a ponto de reduzir as relações sociais existentes na corporação de ofício à uma relação de produção, a ponto de a riqueza tornar-se sinal de salvação, a ponto de servir liberdade com fins vazios.

2.2.4.3) Os melhores candidatos geralmente são pessoas oriundas de famílias estruturadas, uma vez que eles têm pai e mãe num relacionamento longo e estável, cuja união foi reconhecida e abençoada por Deus, a ponto de ser protegida por um governo pautado pelos ensinamentos da Santa Madre Igreja.

2.2.4.4) Se a função da família é servir a Deus criando homens de caráter que sirvam a Deus e a todos ao seu redor usando os melhores talentos de que dispõem, então essas pessoas serão criadas para a busca da excelência, que é um verdadeiro hábito, pois o verdadeiro imitador de Cristo imita o verbo que se fez carne, uma vez que Este é a verdade em pessoa - e neste ponto, esses candidatos são os ideais para a empresa

3.1) A economia de mercado necessita do ambiente cristão para poder prosperar, uma vez que é economia de encontro, não de sujeição.

3.2.1) As pessoas precisam ser livres em Cristo, por Cristo e para Cristo de modo possam servir a todo que aquele que O imite. Só aí que o país passa a ser tomado como um lar, pois a organização social vai ser toda estruturada para que possam erguer um bem comum de modo que isso mande o maior número de pessoas possível para a pátria definitiva, que se dá no Céu.

3.2.2) Neste ponto, a organização do lar, chamada economia da salvação, se torna solução. Nela, as empresas que quiserem servir a seus semelhantes da melhor forma possível tendem a prosperar se a lei que rege a organização do Estado criar mecanismos que inviabilizem qualquer tentativa de se deliberar a respeito de uma lei que aprove o assassinato de bebês ou mesmo o divórcio, uma vez que questões de família são umbilicalmente ligadas à questões da alma e da lei que se dá na carne de cada indivíduo - o que é, pois, matéria da Igreja, nunca do Estado, que não pode ser tomado como se fosse religião, onde tudo está nele e nada pode estar fora dele ou contra ele. É por essa razão que é de uma absoluta insensatez desvincular o Estado de se sujeitar ao que a Santa Madre Igreja Católica ensina.

3.2.3) Afinal, uma nação é composta de famílias. Por isso, é contraproducente haver indivíduos munidos de um diploma e que sejam analfabetos funcionais, pois a formação do indivíduo não pode ser reduzida a uma função de mercado, a ponto de a riqueza e se tornar um sinal de salvação, fazendo da economia e da plutologia serem uma coisa só, como se fossem sinônimos, quando, na verdade, são antônimos.

3.2.4.1) A maior prova dessa redução está no fato de que a burrice e a malícia caminham juntas, pois esses profissionais que têm diploma e que são verdadeiros analfabetos funcionais são também pessoas de um péssimo caráter, cujas consciências estão sistematicamente enriquecidas no amor de si até o desprezo de Deus.

3.2.4.2) Por uma promoção, eles são capazes de fazer até o diabo, sabotando o trabalho do colega de oficina ou mesmo de escritório. E se tiverem poder de chefia ou de direção, eles farão uma gestão altamente desastrosa, gerando um elevado passivo para a empresa, uma vez que haverá reclamações trabalhistas sistemáticas, de tal maneira que será imperativo a essa organização solicitar uma recuperação judicial, de modo que possa evitar o risco entrar em falência e ser liqüidada juridicamente, prejudicando o país como um todo, uma vez que organizar uma atividade economicamente organizada é um bem escasso.

3.2.4.3) A conduta desses maus empregados é altamente desprezível, pois a competição acaba gerando uma lide no âmbito do trabalho, coisa que pode levar a uma dispensa arbitrária - o que é altamente injusto, pois o rico em má consciência é tão pobre de espírito que usará o poder de direção de tal maneira a praticar o arbítrio e fazer com que toda a organização social perca a amizade com Deus sistematicamente, o que repercutirá negativamente em toda sociedade, pois o bom nome da empresa ficará sujo, uma vez que haverá boicote sistemático a seus produtos no mercado.

3.2.4.4) Esses conflitos no âmbito do trabalho são conflitos sociais a ponto de estarem na mesma proporção de uma briga de casal ou mesmo de uma briga no trânsito, cuja não-solução pode terminar numa tragédia, num homicídio fundado num motivo fútil ou torpe.

3.3.1) Trata-se de uma questão social que precisa ser resolvida por meio de uma mediação ou conciliação de interesses, a ponto de as coisas voltarem a ser de comum acordo.

3.3.2) Só em último caso, quando já não há mais saída, é que se diz o direito de maneira definitiva, pois a má consciência torna os homens irredutíveis, a ponto de estarem à margem da lei - e uma condenação dessa natureza pode servir como um mau antecedente na justiça criminal, um dado que define muito bem o caráter do indivíduo.

3.3.3) Seja um mau empregado ou um chefe autoritário, eles não são bons cidadãos - como não são bons cidadãos, então praticar delitos é conseqüência dessas condutas ricas em má consciência, uma vez que o direito e justiça não passam de preconceito para eles. É dessa mentalidade burguesa, de fazer da riqueza sinal de salvação, que vem o comunismo.

4.1) É por isso que a lei precisa ser usada como mecanismo de legítima defesa em face desses inimigos da sociedade que vive a vida em conformidade com o Todo que vem de Deus.

4.2) Como na monarquia os membros do povo são tomados como parte da família do monarca - uma vez que o Crucificado de Ourique fez de D. Afonso Henriques seu vassalo e este vassalo, por sua vezm amava o seu povo tal como se ama a um filho -, então a justiça civil (que resolve as relações entre os membros do povo) é mais ampla do que a justiça do trabalho, uma vez que se trata uma justiça de relação, a ponto de abranger todos os aspectos da vida social, quer na família, quer no trabalho, quer na relação tributária, quer em questões criminais.

4.3.1) A justiça do trabalho só se preocupa com o homem econômico, uma vez que se tornou um dado da cultura moderna a riqueza ser tomada se fosse como uma espécie de salvação a ponto de reduzir o homem a uma parte do que ele é: produtor de riqueza, desprezando assim o caráter, a honra e integridade, pois ele é criatura amada por Deus.

4.3.2) Como essa concepção de homo oeconomicus é fora da conformidade com o todo que vem de Deus, então essa estrutura jurídica, que pede um Estado tomado como se fosse religião, precisa ser extinta, pois ela é revolucionária.

4.3.3) Enfim, se é preciso pensarmos em uma ordem política onde o indivíduo que imite o verdadeiro Deus e verdadeiro homem seja a pedra angular para se tomar o país como um lar em Cristo, então devemos levar em consideração todos esses elementos aqui elencados.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 5 de setembro de 2018 (data da postagem original).

Nenhum comentário:

Postar um comentário