1.1) Quando você reduz a Bíblia a uma crença de livro, você está conservando o que é conveniente e dissociado da verdade, a tal ponto que você não acreditará em milagres.
1.2.1) A maior prova de um milagre é que Deus demonstra as coisas através de palavras, fatos e coisas - e essa linguagem transcende as possibilidades do idioma ou mesmo da língua escrita.
1.2.2) Isso pede que a lei de Deus se dê na carne de cada um de nós - e a melhor forma de fazer isso é seguindo o exemplo de um Deus que foi igual a nós em tudo, exceto no pecado. É por essa razão que muitos santos foram analfabetos - justamente porque respondem a Deus neste propósito, uma vez que ele fala além do texto escrito. É preciso ver o que não se vê.
2.1 ) Além disso, a sola scriptura é insustentável porque a língua é dinâmica - ao longo dos séculos vão acontecendo mudanças na língua de tal maneira que o português camoniano acaba se tornado completamente diferente do português que eu falo, a ponto de serem imagens distorcidas de um mesmo espelho.
2.2) Se não houvesse dicionários, estudos estilográficos e paleográficos comparando a época do autor de Os Lusíadas com a minha época, eu não seria capaz de entender um décimo do que Camões disse, pois estes estudos mostram a que nossa língua tem uma tradição, a ponto de ligar o passado ao presente.
2.3.1) Além disso, eu não poderia crer na existência dessa tradição se não fosse por conta da autoridade de bons professores, que fizeram do magistério um verdadeiro apostolado.
2.3.2) Se não houvesse essa tradição de estudos lingüísticos, as discrepâncias tenderiam a se agravar ainda mais com deformas ortográficas que ocorreram ao longo do século XX, bem como com relação à novilíngua criada pela esquerda. Tudo isso gera entropia.
3.1) É por força da autoridade da Igreja Católica, que garante a integridade dos evangelhos, e de uma tradição apostólica que o texto sagrado está protegido de toda entropia.
3.2) Se isso é retirado e se houver uma livre interpretação da Bíblia fora dessa tradição, a tendência é não haver mais a verdade entre nós, dando a impressão de que Deus morreu, quando, na verdade, Ele está bem vivo. E se Deus morreu, então isso acaba criando um vácuo espiritual que passa a ser preenchido pelo Islamismo.
4.1) O fato de Portugal, Brasil e Algarves ter nascido de um milagre em Ourique, que fez toda a gente portuguesa e seus descendentes do além-mar servirem a Cristo em terras distantes, é prova cabal de que a sola scriptura nos desliga da verdadeira razão pela qual devemos tomar o Brasil como um lar em Cristo e não como religião, onde tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra Ele.
4.2.1) A perda dessa conexão de sentido de servir a Cristo em terras distantes de modo a expandir a fé cristã, reforçada pela falsificação sistemática da História do Brasil, faz com que a gente acabasse virando apátrida sem perceber, a ponto de acabarmos virando gado ou massa de manobra desses partidos que conservam o que é conveniente e dissociado da verdade, tendo por lastro o falso argumento de que o Brasil foi colônia de Portugal, inventado por José Bonifácio - esse falso herói que está sendo vendido como se fosse uma espécie de founding father verde e amarelo.
4.2.2) Se vivermos em conformidade com o Todo que vem dessa falsa história, então seremos todos idiotas úteis, imbecis coletivos - e toda essa falsa tradição está correndo a fé verdadeira a ponto de colocar no lugar dela o antípoda da fé cristã: o islamismo.
5.1) É por essa razão, portanto, que odeio os partidários da sola scriptura; são esquerdistas espirituais, pois estão conservando o que conveniente e dissociado da verdade, a ponto de fomentar má consciência em muitos.
5.2) É do esquerdismo espiritual que vem o esquerdismo político. Esse esquerdismo político vem primeiramente na forma pragmática, que serve liberdade com fins vazios - e é dessa liberdade com fins vazios, que faz da riqueza sinal de salvação, que vem o totalitarismo comunista.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 28 de setembro de 2018.